Por Thyrso Guilarducci, consultor de Segurança no Trânsito

Todo motorista profissional que conduz ônibus, além da CNH da categoria D ou E, deve acumular ainda o Curso Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros. Nesse curso, com duração de 50 horas, o aluno aprende ou revisa muitas questões ligadas com a segurança e boas práticas no contato com passageiros e o meio onde circula.

Um dos elementos amplamente discutidos em sala de aula pelos instrutores é a questão da distância segura no seguimento, ou seja, nunca dirigir “colado” ao veículo à frente, pois numa parada súbita do fluxo com pouco espaço para reduzir ou parar poderá ocorrer uma colisão traseira. As consequências de uma colisão traseira normalmente são graves e não raramente provocam lesões graves e fatais.

Mesmo cientes desse risco, muitos motoristas não mantém uma distância segura para uma parada repentina e isso pode ocorrer a qualquer momento. Acrescente-se ainda alguns segundos por distrações, a colisão será inevitável ou na melhor das hipóteses uma freada violenta abalando os passageiros em um ônibus.

Prevenir esse tipo de sinistro de trânsito requer muita atenção e concentração na viagem, nas rodovias ou em trechos urbanos. Prevenir esse tipo de sinistro de trânsito requer muita atenção e concentração na viagem, nas rodovias ou em trechos urbanos.

A técnica dos segundos nesses casos é muito útil e se o motorista praticá-la sempre com o tempo assimilará a dinâmica sem precisar fazer cronometria mental

Como utilizar o mecanismo dos segundos com eficácia?

Aprendemos na maioria dos cursos de Direção Defensiva e/ou Preventiva que se deve manter a regra dos dois segundos entre os veículos. Na realidade essa regra é apenas parcialmente adequada, porém pode ser aplicada apenas para automóveis em pista seca e sem contaminações, retas, de dia, seca sem aclives ou declives. Além disso o motorista deve estar rigorosamente atento à frente sem nenhuma distração.

Logo entende-se que não é suficiente para os veículos pesados, tais como caminhões, carretas e ônibus.

A massa (peso) desses veículos quando em movimento demandam mais tempo para atingir determinada velocidade assim como necessitam de mais espaço para uma parada total. As forças físicas atuando nesses cenários devem ser respeitadas.

Qual seria então a medição correta?

De acordo com as principais academias de ensino para motoristas comerciais (profissionais) e de direção preventiva nos Estados Unidos

A regra de distância em segundos é variável, porém para qualquer veículo pesado são 7 segundos.

Para calcular a distância ideal é necessário observar as componentes adicionais em segundos. Assim, conforme alguns dos itens serem considerados, o tempo em segundos aumenta para assegurar espaço suficiente para uma parada ou emergência.

Um ônibus trafegando numa rodovia a 90 km/h de dia com chuva forte deve considerar os 7 segundos padrão + 1 segundo pela chuva e + 1 segundo pela tração comprometida pelo volume de água na pista. Assim, totalizam 9 segundos.

Para caminhões e carretas há ainda outros fatores a considerar, mas o foco aqui são os ônibus. No Brasil é um desafio intenso manter uma separação segura em seguimento. Sempre haverá aquele “apressadinho” que colocará seu veículo no espaço de segurança deixado pelo motorista cuidadoso.

Por isso o exercício de paciência deve ser aplicado a não se permitir que a atitude indevida contamine o bom senso em nome da segurança.

Veja no vídeo abaixo como se comporta de forma exemplar um motorista da Greyhound Canada numa rodovia entre Kitchner e Toronto na Província de Ontario, Canada.

Na velocidade de 90 km/h, 9 segundos significam 225 metros. Algo como dois quarteirões. É nesse espaço numa pista molhada que haverá uma parada sem estresse e os passageiros confortavelmente nem percebem a condução.

Se 9 segundos são demasiados, imagine uma carreta 9 eixos de 25 metros com condições adversas como carga perigosa, tração, à noite, com chuva a 70 km/h precisará de 13 segundos (259 metros) de separação.

Neste Artigo foi abordado apenas a questão da distância de segurança no seguimento. A bem da verdade há ainda muitas questões a serem abordadas e isso serão temas futuros.

PAZ NO TRÂNSITO COMEÇA POR VOCÊ

Imagem – Reprodução