Por Raul Urban

No dia 19 de dezembro, os ônibus biarticulados, que rodam em diversas linhas de Curitiba, completam 30 anos de operação. Curitiba foi a primeira cidade brasileira a receber esse tipo de ônibus, entregue à população pelo saudoso prefeito Jaime Lerner, num sábado, de 1992, data em que o Paraná comemorava seu 139°. aniversário de emancipação política. Ao todo, à época, eram 33 unidades com chassi Volvo, encarroçadas pela extinta fabricante Ciferal, do Rio de Janeiro, e Marcopolo, de Caxias do Sul, com 25 metros de comprimento.

A linha pioneira do Sistema de Ônibus Expresso servida pelos biarticulados ligou a estação-central, que fica na Praça Carlos Gomes, ao bairro Boqueirão, num percurso de 11 quilômetros, então transportando 130 mil passageiros/dia.

A nova frota, com chassis Volvo e dotada de motores de 286 cv de potência, caixa de mudança automática e freios antiblocantes ABS – algo até ali inédito -, substituiu os 66 ônibus expressos que atendiam o eixo. Cada biarticulado, com 36,5 toneladas de peso, transportava 270 passageiros por viagem. O modal, inédito no País e que chamou a atenção de planejadores urbanos do mundo, ganhou espaço. Hoje, Curitiba conta, segundo a Prefeitura, com 131 biarticulados, que atendem dez linhas expressas.

O biarticulado começou a ser desenvolvido no fim da década de 1980, por meio de uma parceria entre a prefeitura e a montadora sueca Volvo, com sua fábrica localizada no bairro Cidade Industrial, também em Curitiba.

O objetivo, no raiar dos anos 1990, era criar um modelo com grande capacidade de passageiros, de menor custo que o metrô, rápido e confortável para o passageiro. Junto com o biarticulado, Curitiba, que em 1972, em caráter pioneiro no continente americano desenvolveu o chamado Sistema de ônibus Expresso, idealizado por Jaime Lerner, virou referência em BRT – Bus Rapid Transit -, e exportou a solução para o mundo.

O sistema BRT foi adotado, segundo dados do BRTData, por mais de 182 cidades em todos os continentes. A partir de 2010, os biarticulados curitibanos, encarroçados pela gaúcha Neobus (hoje ligada ao Grupo Marcopolo), ganharam desenho aerodinâmico, três metros a mais, totalizando 28 metros, além de dispositivos eletrônicos e espaço para cadeirantes.

Um grupo de interessados pelo assunto ônibus e transporte se empenhou em revitalizar um modelo original da Ciferal, já que todos dessa fabricante desapareceram nesses 30 anos.

Imagens – Raul Urban