A descarbonização do transporte urbano

Tecnologias contribuem com a redução dos impactos negativos causados pela poluição

Espaço Mova-se Fórum de Mobilidade

O transporte urbano convencional opera há onze décadas no Brasil com a tecnologia convencional a diesel. Segundo o Anuário NTU (2022-2023) registrou que a idade média da frota urbana é a maior de todos os 28 anos da série histórica do setor.

Desse modo, fica evidente a necessidade da implementação de um programa nacional de renovação da frota que incorpore veículos de baixas emissões de poluentes para a descarbonização do transporte urbano. O Caderno Especial 58 da NTU ressalta a importância de políticas públicas dedicadas a sustentabilidade do transporte urbano dada a sua relevância e atualidade quanto aos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU e climático (NDCs), que passaram a ter atenção política e importância estratégica para o desenvolvimento econômico do País.

No caso dos veículos com motores a combustão, as diversas tecnologias de redução das emissões de CO2 de origem fóssil têm sido desenvolvidas sem prejuízo, como, por exemplo, o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores – Proconve, aplicado aos veículos novos. Na sua fase P8, equivalente à classe Euro VI, abrangendo agora todos os modelos comercializados de veículos pesados, não somente os novos modelos, que desde janeiro de 2022 já atendem às exigências de P8 e é um grande aliado da implementação da descarbonização do setor.

O presidente do Grupo Volvo América Látina, Wilson Lirman apresentou como o objetivo da montadora a redução, até o ano de 2025, em 20% as emissões de CO2 na América Latina e em 100%, em 2040, em todo o mundo. O gerente-comercial da Cummins Emissions, Daniel Malaman, relata em entrevista com a Mobilidade Estadão que os primeiros passos já foram dados há alguns anos, mas agora a companhia resolveu nomear esse plano que tem como objetivo eliminar as emissões de combustíveis fósseis até 2050. Ambos apresentam o crescimento da frota a diesel com a tecnologia Euro VI como essencial para o cumprimento das metas de descarbonização do setor urbano. O Euro VI é um conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores a diesel. No Brasil, a oitava fase (Euro VI) entrou em vigor em janeiro de 2023.

No caso da emissão de hidrocarbonetos, o sistema Euro VI estabelece um limite de 0,09 gramas para cada cavalo de potência do motor por hora de funcionamento. Isso representa uma redução de 72% no limite da norma anterior. Quanto a emissão de óxido de nitrogênio (NOx), passa a ter um limite 80% menor.

Segundo a Volkswagen do Brasil para atingir os limites mais rigorosos de emissões foram desenvolvidas tecnologias mais avançadas para controle dessas, como o sistema SCR (Redução Catalítica Seletiva) e EGR (Recirculação de gases da exaustão). A publicação do Conama no Diário Oficial da União também aponta a redução de ruídos, com o limite de 72 decibéis nesta primeira fase, em 2023.

A norma reflete o compromisso dos países com a redução do impacto ambiental, estimulando a busca por soluções mais limpas e sustentáveis na mobilidade. Contudo, é necessário atenção as desvantagens do Sistema Euro VI para que a transição da frota tenha menor impacto nas atividades do setor. Assim, é importante ter atenção com alguns pontos como o maior custo de implementação e manutenção. Além disso, tecnologias de controle de emissões podem afetar o desempenho ou a eficiência dos veículos, como o consumo de combustível.

Por Eliane Kihara – integrante do Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade e gerente de manutenção da Metrobus

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