A largada para um plano de descarbonização

Com a meta de proporcionar um sistema de transporte coletivo livre das emissões poluentes, a capital paranaense aposta na eletrificação de seus ônibus

Conhecida por ser referência no tema transporte público de qualidade, com os seus, já conhecidos, corredores exclusivos para ônibus, Curitiba, PR, quer, agora, ser lembrada por ações de sustentabilidade ambiental ao investir na tração elétrica. A cidade, que apresentou ao mundo o conceito BRT (Trânsito Rápido de Ônibus), com as suas canaletas que priorizam a operação e dão velocidade ao modal, começa a provocar a transição elétrica do transporte local por intermédio da operação dos primeiros ônibus elétricos a baterias.

Após um período de avaliação técnica, onde algumas fabricantes disponibilizaram seus veículos para que a operação curitibana conhecesse as tecnologias, foram escolhidos os primeiros modelos que começarão a rodar pelas ruas da capital paranaense. Ao todo são sete unidades, sendo seis da marca chinesa BYD e uma com o símbolo da Volvo.

Os sete ônibus passam a ser operados nas linhas 010-Interbairros I (horário) e 011-Interbairros I (anti-horário), que percorrem 14 bairros, e a linha 863-Água Verde. A prefeitura curitibana, também, anunciou que, além dos sete elétricos entregues, outros 54 ônibus articulados elétricos serão adquiridos com recursos de R$ 380 milhões do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal. Eles devem circular nas linhas Novo Inter 2 (piso alto) e Interbairros II (piso baixo). Tal montante é para a compra dos veículos, como no investimento da infraestrutura de recarga dos ônibus. Também já foi aprovado, na Câmara Municipal de Curitiba, o projeto para a aquisição de 70 ônibus, com investimento de R$ 317 milhões.

Quanto às primeiras sete unidades, o volume investido foi de R$ 23 milhões (de acordo com a prefeitura curitibana), bancados pelas operadoras envolvidas com a utilização dos novos ônibus. Os carregadores elétricos são da empresa Nansen, sendo que foram comprados quatro, um por operadora – Auto Viação Redentor, Expresso Azul, Sorriso de Curitiba e Transporte Coletivo Glória.

Segundo Maurício Gulin, presidente da Setransp, entidade que reúne as empresas transportadoras da cidade, Curitiba sempre esteve na vanguarda das inovações em transporte coletivo, haja vista o pioneirismo com o BRT, em 1974. “A chegada dos ônibus elétricos é a continuação desse processo. Os ônibus elétricos chegam para dar mais conforto aos nossos passageiros, atender aos anseios de uma sociedade em constante evolução e mitigar os efeitos do aquecimento global. As operadoras dão, assim, o primeiro passo para a descarbonização do transporte coletivo, promovendo um futuro mais sustentável”, observou ele.

O executivo, ainda, comentou que a expectativa é que a adoção dessa nova tecnologia se mostre fundamental para incentivar políticas públicas voltadas para a sustentabilidade e inovação no transporte público. “As empresas de ônibus de Curitiba, ao implementarem essa mudança, estão não só aprimorando seus serviços, mas também demonstrando um compromisso com o meio ambiente e com o bem-estar da comunidade”, ressaltou Gulin.

Maurício Gulin

Para a prefeitura de Curitiba, seu projeto de descarbonização da frota é considerado referência no País por reunir desde um amplo programa de testes da tecnologia até o novo modelo de concessão, em 2025, que já contemplará matriz energética não poluente. “Desde 2018, estamos trabalhando no projeto de introdução de veículos elétricos no transporte coletivo, com vários workshops, pesquisa de mercado, mapeamento do setor, estudos, chamamento público de testes com ônibus elétricos. A eletromobilidade, com essa compra, torna-se real para a população que utiliza o transporte coletivo da cidade. Os usuários terão um meio de deslocamento não poluente, sem ruído e com conforto”, disse o presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto.

Quanto o chassi BZL, modelo escolhido pela Auto Viação Redentor, Alexandre Selski, diretor de eletromobilidade em ônibus da Volvo, disse que os testes conduzidos pela Urbs mostraram as virtudes do veículo em sua operação local. “Grande eficiência energética, inexistência de ruído, baixíssimo nível de vibração, muito conforto e segurança para os passageiros e motoristas foram os principais destaques do modelo”, afirmou.

O chassi com tração elétrica da Volvo

O modelo BZL Elétrico é equipado com quatro baterias de íon lítio de 94kWh e movido por um motor elétrico de 200kW e 425Nm de torque. A caixa de câmbio e o motor estão acoplados ao eixo de transmissão, o que garante mais robustez e alta disponibilidade.

Imagens – Divulgação, Prefeitura de Curitiba

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