Abrindo a tampa do baú

O futuro foi retratado por meio um ônibus com um conceito único

Um ônibus além de seu tempo

A engenharia brasileira pode ser considerada como uma das melhores do mundo em termos de criatividade e soluções estruturais. Quando falamos de transporte, podemos ver inúmeros exemplos, significativos, que atestam a qualidade e a inovação aplicadas em diversos segmentos. Vejamos na área de veículo, mais precisamente, com o ônibus.

Logo no começo da década de 1970, um projeto inédito, com um conceito de vanguarda, foi apresentado para desconstruir padrões definidos em termos de desenho, configuração e mecânica. A ideia seria promover, no segmento do transporte urbano, um modelo que ultrapassava os limites daquele tempo. Por intermédio do DEPV (Departamento de Pesquisas de Veículos) da Fundação Educacional Inaciana – FEI – (São Bernardo do Campo – SP), o inusitado projeto do Uiraquitan (o nome vem do Tupi Guarani e significa pedra verde) apresentava um visual externo com tons futurísticos, para se inserir na mobilidade da cidade de Curitiba, PR, que já planejava a sua rede de transporte composta por corredores exclusivos.

Sua concepção adotava o cockpit do motorista de forma isolada, acima do salão de passageiros, para lhe garantir ampla visibilidade. Outra novidade para a época foi o piso baixo, o que facilitaria o embarque e desembarque, a uma distância de apenas 20 centímetros do nível da calçada.

Um projeto pra lá de inovador

Além da revolucionária concepção para as viagens urbanas, pensou-se, também, na aplicação rodoviária do modelo. Assim, num ambiente sofisticado e valorizado em termos de visibilidade e segurança, os passageiros poderiam desfrutar de momentos únicos por meio da grande área envidraçada e do conforto interno.

Em um artigo da revista Quatro Rodas daquela época, o inovador ônibus era descrito com uma estrutura única, envolvente, com colunas, anéis e o próprio para-choques, componentes capazes de promover maior segurança aos passageiros. Com relação aos ônibus comuns, o Uiraquitan teria estrutura com peso reduzido em duas toneladas.

O meio ambiente não foi deixado de lado. Haveria um completo sistema de filtros junto ao motor, que eliminaria grande parte da poluição emitida. Apesar das características marcantes e ousadas, não passou do papel, ficando no imaginário dos técnicos que propuseram um veículo com uma visão além do tempo.

Colaborou – Bernardo de Barros Moreira da Silva

Imagens – Acervo FEI e reprodução revista Quatro Rodas

A melhor maneira de viajar de ônibus rodoviário com segurança e conforto

Ônibus movido a biometano, por Juliana Sá, Relações Corporativas e Sustentabilidade na Scania

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1 Comentário

  1. Avatar

    Faltou aos engenheiros visionários que projetaram o Uiraquitan, se colocar no lugar de um motorista e imaginar por exemplo, como ele naquela posição, conseguiria saber se o carro de sua frente já arrancou, se não tem um pedestre tentando atravessar enquanto o sinal fecha, e por aí vai. O motorista teria ampla visão de centenas de metros adiante, mas não enxergará 1 metro adiante de seu parachoque. E ainda, para levar os comandos lá para cima do teto, teríamos no mínimo uma coluna de direção atravessando o salão de passageiros. Que bom que este futuro ficou no passado e o futuro real trouxe solucoes mais práticas.

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