Goiânia, a cidade referência em mobilidade, faz 89 anos

Na questão relacionada a infraestrutura o principal passo é o resgate da Avenida Anhanguera que mesmo sendo a principal via de integração de Goiânia a avenida foi abandonada pelos poderes públicos.

Por Miguel Ângelo Pricinote – coordenador técnico do MovaseFórum Permanente de Mobilidade

Os últimos dois anos (2021/2022) foram de grandes desafios e de importantes realizações quanto a transformação da Mobilidade Urbana em Goiânia. Foi um momento de reflexões e ações visando apoiar e transformar o transporte público. A população em situação de vulnerabilidade social não poderia mais arcar sozinha a conta do transporte público. Neste contexto a prefeitura de Goiânia, em conjunto com o Governo Estadual, assumiu a sua responsabilidade em relação ao transporte público e assim transformou para sempre a mobilidade em nossa capital.

O primeiro, e mais importante passo, foi a desvinculação da tarifa pública do usuário da tarifa técnica contratual de remuneração. Tal medida proporcionou uma ampliação da capacidade de controle e fiscalização dos serviços, na medida em que o controle da oferta e da qualidade é a base para o ordenamento dos pagamentos, logo exigindo uma ação mais efetiva do que a que anteriormente era praticada.

Tal medida também foi base para nova Política Tarifária de RMTC constituída pelo seguinte conjunto de ações: i) Flexibilização Tarifária. foi adotada uma nova estrutura tarifária, com múltiplos níveis de preços para a Tarifa do Usuário, mais adequada às diversas necessidades e desejos de deslocamento da população, de modo a proporcionar ao transporte coletivo maior atratividade e competitividade, promovendo-o como política pública para uma mobilidade mais sustentável; ii) Ampliação da Acessibilidade: na antiga estrutura da rede de transporte e do modelo de tarifa única, os usuários apesar de terem acesso pleno a qualquer localidade da RMTC com o pagamento de uma única tarifa era necessário utilizar um dos terminais de integração, gerando deslocamentos que não eram mais rápidos, a menos que o cidadão opte pelo pagamento de duas tarifas. A implantação do Bilhete Único permitiu a de diferentes linhas sem cobrança de tarifa adicional; e iii) Assinatura do Transporte – um novo conceito: o Passe Livre do Trabalhador, uma nova e mais econômica opção para empregadores que adquirem Vale-Transporte para seus trabalhadores, no qual ao invés de adquirir um quantidade limitada de viagens por mês o empregador pode a um preço único mensal de assinatura por colaborador (com desconto médio de 20% com o custeio do Vale-Transporte – R$ 180,00 por funcionário) adquirir uma quantidade ilimitada de viagens para funcionário por deslocar pela cidade todos os dias, inclusive nos finais de semana e feriados, gerando assim além da economia uma melhor qualidade de vida para seus trabalhadores.

Além destas transformações, Goiânia também revolucionou em relação aos modos de pagamento. Em dezembro de 2021, a RMTC passou a aceitar o pagamento de passagens com cartões de crédito e débito sem contato. E em setembro de 2022 foi adotado a utilização da recarga do Bilhete Único via PIX utilizando o whatsapp.

Após equalizar os problemas gerados pela Pandemia e facilitar o uso do serviço o próximo passo é implantar o conceito de Mobilidade como Serviço (sigla MaaS do inglês – Mobility as a Service) em Goiânia. Neste sentido os Millennials são o principal público-alvo da digitalização do transporte. Sendo assim, vale a pena ficar de olho em Goiânia que pelo seu passado e presente – primeira cidade a ter bilhetagem eletrônica em 100% da frota; primeiro sistema a não ter a necessidade da função de cobradores (isto ocorreu a duas décadas atrás); único serviço praticamente cashless (sem utilização de dinheiro a bordo) do Brasil (as vendas no interior dos ônibus correspondem a menos de 1% do total); primeiro sistema a ter máquinas de auto atendimento em 100% dos terminais integração e das estações do Eixo Anhanguera; e primeiro sistema a ter mais de mil ônibus aceitando cartões de débito e crédito. Pois isto gabarita o Sistema de Goiânia ser o primeiro a conseguir transformar a RMTC em MaaS. Goiânia será a nova Netflix e os demais sistemas de transporte continuarão, se não acordarem, a serem grandes e ineficientes Blockbusters.

No campo dos serviços, a inovação é ampliar o uso de soluções recentes de planejamento e roteirização dinâmica das viagens de veículos de transporte coletivo para melhor atender aos desejos particulares dos usuários, principalmente aqueles que não são satisfatoriamente servidos por ligações diretas da rede estruturada regular da RMTC, como é o caso de atendimentos locais de curto e médio alcance. Tal ação em conjunto com a integração intermodal (transporte coletivo, DRT (transporte sob demanda), bicicletas compartilhadas, táxis, soluções de Ride Halling (Uber, 99…) na forma de que cada usuário poderá escolher as formas de deslocamento que maior se adaptam a sua necessidade e capacidade de pagamentos. Portanto a reestruturação da RMTC não será de interesse somente da população local mas sim de todos os técnicos, planejadores e fornecedores do transporte em todo globo terrestre.

Neste sentido existem dois grandes projetos de mobilidade urbana em Goiânia: CityBus 3.0 (Serviço de Ônibus sob demanda) e o CityBike (Serviço Público de Bicicletas Compartilhadas Integradas ao Transporte Público Coletivo). Enquanto o primeiro é a terceira evolução do serviço implantado fevereiro de 2020 no qual terá uma maior rede de atendimento e uma maior integração com o serviço convencional de ônibus. O segundo, uma evolução na América Latina, será a integração da bicicleta compartilhada com transporte público, no qual a pessoa poderá ir de bicicleta até um terminal e estacioná-la antes de pegar um ônibus ou simplesmente devolvê-la a uma estação de bicicletas compartilhadas. A integração entre esses dois modos de transporte traz múltiplos benefícios. A principal vantagem é que coloca o transporte de massa ao alcance de mais pessoas em uma área maior. Ele também oferece aos usuários maior flexibilidade, inclusive para adaptar viagens com base em suas necessidades individuais (por exemplo, optar por entrar e sair em uma parada mais conveniente) ou para contornar interrupções no serviço.

Na questão relacionada a infraestrutura o principal passo é o resgate da Avenida Anhanguera que mesmo sendo a principal via de integração de Goiânia a avenida foi abandonada pelos poderes públicos. A última ação estatal na via foi também a maior agressão contra ela: a segregação do corredor no final dos anos 90. Tal situação praticamente arrancou toda sua arborização.  A situação começa a melhorar pois em dezembro de 2021 o Governo do Estado de Goiás em conjunto com a Prefeitura Municipal de Goiânia aprovou uma grande reestruturação no transporte da região metropolitana e um dos objetivos apresentado foi a requalificação da Anhanguera que consiste na ao município a recuperação da via (troca da atual camada asfáltica); e na requalificação e revitalização urbana (recuperação das calçadas, iluminação, arborização, ciclofaixas, câmeras de videomonitoramento) adotando os mais modernos conceitos de Ruas Completas e do Desenvolvimento Orientado ao Transporte – DOT.

Imagem – Divulgação

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    Parabéns a Goiânia pelos 89 anos! Uma cidade referência em mobilidade é sempre um exemplo a ser seguido. Para descobrir as melhores ofertas e promoções em redes varejistas do Brasil, confira o site https://descontosbrasilblog.com/

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