Imobilidade é falta grave

Em uma síntese parece-me que, o que ficou como legado da Copa, foram dívidas, projetos inacabados e a mostra da incapacidade das instituições do governo de efetivar um plano de estruturar um país

Por Osvaldo Born, mantenedor do site www.omnibus.com.br

Torço para que o Brasil vença a disputa por uma próxima Copa do Mundo de Futebol. Sim, porque foram tantas as discussões sobre mobilidade e outros assuntos de infraestrutura (ou da falta dela) nos anos que antecederam o Mundial de 2014, que eu concluíra que havíamos finalmente encontrado o caminho para um país melhor. Um caminho que seria vencido por trilhos ou no mínimo pistas de ônibus BRT com tração híbrida, ou até mesmo como alguns acreditaram, um trem bala ligando as principais cidades.

No entanto, parece que poucas lições aprendemos enquanto nação. E quão desastrosa foi a tentativa de se dar mais estrutura de mobilidade às cidades. Em uma síntese parece-me que, o que ficou como legado da Copa, foram dívidas, projetos inacabados e a mostra da incapacidade das instituições do governo de efetivar um plano de estruturar um país, não somente para grandes eventos mundiais, como para a própria rotina de seus cidadãos. E isso em nível federal, estadual e municipal.

Imobilidade é falta grave

E ao invés de evolução no sentido de oferecer à população alternativas de mobilidade modernas e que incorporam as mais recentes tecnologias de propulsão e baixas emissões, aos poucos voltamos ao be-a-bá de sempre, com sistemas motorizados a diesel de motor frontal, de acesso com degraus altos rodando em meio ao caótico trânsito de automóveis, e pegando passageiros em estações com pouco ou nenhuma qualidade enquanto equipamento urbano. Gastou-se muito para entrarmos em campo e tudo foi para escanteio, sem um “gol de letra” que possamos destacar como exemplo para que outras gerações aprendam a jogar o “futebol da mobilidade”. Não nos classificamos para a próxima etapa.

Por isso é que torço para que tenhamos uma nova Copa. Quem sabe desta vez possamos aprender algo a mais, diante das más experiências que tivemos na recente oportunidade. O problema é se reprovarmos novamente, porque daí será bem provável que muitos desistam de continuar nesta escola.

A lição básica deve começar por compreender as necessidades de deslocamento em nossas cidades. E, para isso, temos os planos diretores que fornecem bons subsídios. Em seguida, precisamos nos situar diante do “estado da arte” do que existe no mundo da mobilidade e traçar estratégias para alcançar o melhor cenário possível, com bom uso das melhores tecnologias. Depois é preciso efetivar um pacto de continuidade entre diferentes e subsequentes administrações estaduais e municipais, porque sem isso a cada quatro anos alguém vai querer tirar um novo coelho da cartola. E, por fim, deve se garantir, em todos os níveis, os recursos para efetivação das melhorias, bem como assegurar a execução dos projetos segundo cronograma previamente planejado.

Pra frente Brasil, salve a nação!

Imagens – Osvaldo Born e Arquivo ITDP

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