O transporte coletivo na visão da Coope

Mudanças são necessárias e bem-vindas no contexto da boa mobilidade coletiva

O impacto da pandemia de Covid-19 no padrão de deslocamento na Região Metropolitana do Rio de Janeiro foi assunto de debate, há poucos dias, entre especialistas em mobilidade urbana e representantes de prefeituras e do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O evento contou também com a participação do secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Espírito Santo, Fábio Damasceno. Na ocasião, foram apresentados os dez pontos considerados fundamentais para uma mobilidade urbana eficiente pela Coppe.

O professor Glaydston Mattos Ribeiro, do Programa de Engenharia de Transportes (PET) Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenou o projeto de mapeamento da nova mobilidade urbana, que foi dividido em três etapas, sendo que a primeira envolveu a realização de uma pesquisa de campo com 4.300 entrevistados, para identificar o padrão de deslocamento da população.

Segundo o cronograma, em seguida, foi realizado um debate com as empresas operadoras do sistema de transporte público. Nessa última fase, os pesquisadores da Coppe, com base nos pontos levantados por passageiros e operadores, consultaram iniciativas e trabalhos técnicos de outros países para reunir as principais ideias para tornar o transporte coletivo mais eficiente. E, a partir daí, propor um debate com o poder concedente.

Para Ribeiro, os principais pontos de atenção são a restauração da confiança dos usuários; os tempos de viagem eficientes; as rotas com poucas transferências e alta frequência; o uso de veículos não poluentes e sustentáveis; a redução da tarifa por meio de subsídios; o investimento em infraestrutura; pedágio urbano; a utilização de tecnologia para melhorar a comunicação com o usuário; uma melhor integração; e a coordenação de autoridades metropolitanas. “Promover o uso de veículos não poluentes também são medidas complementares que contribuem para tornar o sistema de transporte urbano mais sustentável e eficiente”, completou.

A diretora de Mobilidade Urbana da Semove, Richele Cabral, mostrou que o cenário do sistema de transporte público vem encolhendo desde 2014, não sendo uma consequência exclusiva da pandemia. “Nos últimos dez anos, mais de 40% dos passageiros pagantes deixaram de utilizar o sistema de ônibus, levando ao fechamento de 30 empresas e à redução de 44,5% no número de colaboradores”, ressaltou ela.

Richele Cabral

Um dado preocupante – a pesquisa mostrou que 14% dos entrevistados migraram do transporte público para o transporte individual, seja por aplicativo ou particular. Em municípios da Baixada Fluminense, como São João de Meriti e Mesquita, a mudança atingiu mais de 37% dos passageiros consultados. Segundo esse levantamento e para os pesquisadores da Coppe, ficou clara a necessidade de um transporte mais qualificado, que seja mais eficiente, principalmente em relação ao tempo de viagem e conforto.

Richele Cabral disse que a ideia de a qualificação do sistema de transporte deve ser acompanhada por investimentos para tornar as cidades mais acessíveis. “Não existe um sistema de transporte de qualidade sem que se tenha uma cidade com a infraestrutura adequada. Isso é um trabalho em conjunto, não adianta ter um sistema novo se a cidade não está preparada para atender as demandas da população, que busca rapidez nos seus deslocamentos. Os passageiros buscam ter tempo para todas as suas atividades”, finalizou.

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