Por mais mulheres na liderança do transporte rodoviário

"As melhores empresas para se trabalhar maximizam todo o potencial de homens e mulheres. Há muito espaço aberto, e a ser desbravado, para liderança humanizada e de alto desempenho"

Por Paula Barcellos Tommasi Corrêa – CEO da Viação Águia Branca, uma das maiores do País, desde 2019. Ela atua no setor de transporte rodoviário de passageiros há 22 anos.

É verdade que temos mais desafios para crescer na carreira. Há, para as mulheres, muito mais papéis a desempenhar. Além da profissional, a missão de vida também comumente incluiu a esposa, a mãe, a filha e a dona de casa. Sim! Ainda ouvimos a expectativa de sermos boas “donas de casa” e, também, sentimos a cobrança velada quanto ao padrão de beleza e estética feminina. Por tudo isso e por uma sobrecarga de expectativas, é especialmente desafiador para as mulheres equilibrarem seu tempo, energia e foco para conciliar suas entregas no trabalho e na família.

É também verdade que a baixa representatividade de mulheres nos cargos de gestão gera um senso coletivo ruim de que é difícil ou até impossível crescer profissionalmente e alcançar um cargo na alta gestão das empresas.

As mulheres são 51% da população brasileira. Mas pesquisas mostram a sua presença ainda pequena nos cargos de gestão. Em março deste ano, o IBGE publicou o 3º estudo de Estatística e Gênero, trazendo em números a atuação profissional das mulheres no cenário nacional: estão em 34% dos cargos de lideranças de empresas no país.

A última Classificação Nacional de Atividades Econômicas, publicada em 2022, apontou que o setor de transportes tem mulheres em cerca de 21% dos cargos de gerência. Ambos os estudos mostram que temos um longo caminho de oportunidades a percorrer. E que são naturalmente necessários esforços adicionais para reduzir essa desigualdade de gênero.

Como CEO da Viação Águia Branca, respondendo por um time de 2.100 funcionários e uma operação presente em sete estados brasileiros com uma frota de 650 ônibus e o transporte de quase 8 milhões de passageiros por ano nas estradas brasileiras, me esforço para gerar algum impacto positivo para o tema, com o meu exemplo e a minha liderança.

Seguimos trabalhando muito, buscando um ambiente de trabalho positivo, criativo, inovador, seguro e inclusivo. Plantamos e colhemos. Acreditamos e investimos em uma política de inclusão e diversidade, que capacita mulheres para os cargos de liderança.

Desde o “Ninho de Águias”, que é um programa de formação de liderança em que 50% das vagas são reservadas para mulheres, até o “Voo Delas”, que garante bolsas de estudo de graduação e pós-graduação para mulheres negras. O objetivo é capacitar mais e mais mulheres, para que elas estejam mais prontas e fortes para concorrerem e terem novas oportunidades.

As melhores empresas para se trabalhar maximizam todo o potencial de homens e mulheres. Há muito espaço aberto, e a ser desbravado, para liderança humanizada e de alto desempenho, mas isto exige dedicação e muito esforço na busca permanente do crescimento.

Como sugestão, indico que as pessoas procurem bons cursos e invistam em leitura.  “Liderança Tranquila. Não diga aos outros o que fazer. Ensine-os a pensar”, de David Rock, é indispensável. Idem para “Escolhas difíceis”, de Carly Fiorina, e para “A inteligência emocional na formação do líder de sucesso”, de Daniel Goleman. Poderia citar outros títulos, mas prefiro finalizar com uma fase de Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

Imagem – Divulgação

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