Profissionais do volante, se apresentem

Na falta de profissionais da direção gabaritados para as operações, transportadoras buscam promover seus colaboradores, internamente

Com o aquecimento das viagens rodoviárias de ônibus, o setor das empresas operadoras em linhas regulares sente a falta de motoristas em seus quadros de colaboradores. É o que diz a Abrati – Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros -, a respeito da falta de profissionais qualificados no mercado.

Para tentar resolver essa condição nada positiva, algumas transportadoras estão investindo cada vez mais em treinamento e capacitação de novos motoristas. Três grandes grupos atuantes no transporte estadual e interestadual olham o momento com preocupação e arregaçam as mangas e buscam pela formação própria. Por exemplo, o Grupo Guanabara, em sua sede do Rio de Janeiro, onde atuam as empresas UTIL, Sampaio e Brisa, constituiu o projeto de escola de aprendizado e desenvolvimento de condutores, que consiste em formar turmas especializadas de condutores de coletivos rodoviários.

Para isso, são selecionados novos profissionais que já possuem formação, mas pouca experiência e horas de volante, bem como pouca intimidade com os vários equipamentos utilizados hoje pelas empresas, como os veículos maiores, conhecidos como Double Decker, que incorporam variados sistemas de telemetria. A ação tem o intuito de treinar e dar oportunidade a esses profissionais para aquisição de experiências por meio de um treinamento consistente, não apenas nos veículos, mas também no atendimento aos passageiros, uma parte essencial da jornada de trabalho.

No que tange a estrutura interna, as turmas são formadas por 10 a 15 motoristas, que, em um período de 45 dias, têm a oportunidade de revezar entre aulas teóricas e práticas em veículos tripulados por seus respectivos instrutores. Após essa etapa, são avaliados e tornam-se aptos para operar veículos convencionais em linhas curtas. E, mais 45 dias de treinamento, esse mesmo profissional já pode dirigir um ônibus com dois pavimentos. Além disso, o trabalho dos candidatos é constantemente avaliado, assim como a saúde e a qualidade do sono, que conta com um programa de medicina específico chamado Medicina do Sono, desenvolvido há mais de 10 anos.

No Espírito Santo, a Viação Águia Branca conta com uma trilha de desenvolvimento composta por uma ambientação técnica, comportamental e prática, onde o recém-admitido passa por um treinamento de cinco dias em sala de aula, mais 15 dias no carro escola. No total são 160 horas de curso, totalizando 20 dias, sendo cinco deles em sala de aula e 15 com prática. Além disso, anualmente, o motorista passa por uma reciclagem chamada de PCM – Programa de Capacitação de Motorista – com 16 horas em dois dias de treinamento, para que possa rever conteúdos técnicos como: legislações, novos procedimentos, além de desenvolvimento de soft skills (habilidades interpessoais) necessárias para o atendimento ao cliente.

Condutores recebem orientação

O grupo fluminense JCA realiza treinamentos recorrentes de acordo com as necessidades de cada motorista. As aulas duram em média três dias e reforçam os principais assuntos do Programa Motorista Padrão tais como: direção defensiva, prevenção de acidentes, economia de diesel, pontualidade, atenção com os ciclistas e reforço nos processos de atendimento ao cliente.

Além disso, há a Academia JCA, plataforma de ensino digital que divulga diversos conteúdos educacionais, como o DDS (Diálogo Diário de Segurança), treinamento que deve ser realizado todos os dias pelos motoristas.

Os ônibus de suas empresas contam com tecnologias, por meio do sistema de telemetria que coleta dados em tempo real da operação, apresentando aos condutores muito mais conforto e assertividade. Segundo informa o Grupo, um exemplo prático refere-se ao motorista e suas funções na condução, podendo receber, por meio de um computador de bordo, informações sobre redução da velocidade da pista, avisos sobre curvas perigosas, dentre outros, garantindo que a segurança comece do volante até os passageiros.

De São José do Rio Preto, SP, o Expresso Itamarati tem um programa interno para colaboradores de qualquer outra função interessados na profissão de motorista. Para isso, a empresa apoia a mudança de categoria da Carteira Nacional de Habilitação com treinamentos, acompanhamentos e avaliações, que possuem o objetivo de preparar o interessado para assumir a função, efetivando assim a sua promoção. Para isso, não há um tempo exato, depende do desenvolvimento do colaborador.

A média de remuneração inicial, atualmente, de um motorista rodoviário nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília, varia entre R$ 2.940,00 a R$ 2.990,00. “A contratação também se dá obrigatoriamente com registro em carteira, diferente de outros setores de transporte de passageiros que admitem freelancers ou profissionais que ganham por viagem e dormem até mesmo dentro de bagageiros, como pode ser observado em inúmeras denúncias sobre transporte clandestino”, destacou Letícia Pineschi, porta-voz e conselheira da Abrati.

Já Ivan Fajardo, gerente de Recursos Humanos do Grupo Guanabara, e responsável pelo projeto de capacitação, comentou que a ação dá aos profissionais a oportunidade de especialização enquanto oferece um trabalho com todos os benefícios que a categoria tem por direito, representando um diferencial na carreira e na vida do condutor.

Imagens – Divulgação

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