Turismo rodoviário brasileiro em sinergia com os ônibus

A participação do ônibus nesse segmento no Brasil contribui com a expansão dos negócios, permitindo as viagens mais flexíveis e otimizadas para todos os tipos de destinos

Brotas, cidade do interior paulista, tinha um orçamento, há alguns anos, de R$ 70 milhões. Hoje, são R$ 180 milhões, sem ter aberto um posto de emprego envolvido com a indústria. Lá, o turismo é o principal indutor do desenvolvimento local, comprovando que o segmento pode ser explorado de maneira sustentável. Isso demonstra que há muitos municípios brasileiros com um elevado potencial turístico, promovendo significativas oportunidades para que os ônibus da categoria rodoviária possam estar inseridos no contexto do transporte de passageiros cada vez mais ávidos por viajar.

Se antes, o turismo era sinônimo de viagens longas, em destinos bem distantes, após a pandemia de Covid esse aspecto mudou, tornando-se regional, onde as curtas e médias distâncias estão em sintonia com os anseios das pessoas em conhecer novos lugares ou, então, saborear as muitas culturas e os encantos do interior brasileiro, em cidades que não são de praia ou grandes centros turísticos.

Auro Nardelli Wandermüren, CEO da Paxtour Mobilidade Corporativa, disse que a distância média de viagem, hoje, é de 391 quilômetros, algo que é reconhecido pelo brasileiro como interessante quanto a conhecer locais não tão afastados de seus pontos de localização. “O turista brasileiro percebeu que as viagens mais pertos podem ser atrativas. Na época da pandemia, o interior de São Paulo, por exemplo, se tornou um destino muito procurado, que tem muita coisa boa para ser explorado”, observou.

E é nesse contexto que o papel do ônibus é fundamental para que o segmento do turismo cresça. Segundo Auro, o ônibus oferece uma flexibilidade não encontrada em outro modal de transporte, permitindo que a pessoa faça um planejamento mais rápido de suas viagens, com custos menores, se comparados ao transporte aéreo. “Durante a pandemia as pessoas viram que o modal rodoviário era vantajoso para as suas viagens. Hoje, o transporte turístico realizado por ônibus conta, além da versatilidade, com a moderna tecnologia veicular, com modelos de última geração, seguros e confortáveis. Outro detalhe é que ele responde, perfeitamente, ao turismo consciente ou ecoturismo, onde o ônibus simplifica todas as experiências e operações vividas pelos viajantes”, explicou.

Auro, ainda, ressaltou que em termos de faturamento, o turismo rodoviário terá uma participação significativa no setor até 2050, podendo representar 50% de todos os negócios envolvidos com as viagens turísticas.

O turismo rodoviário foi debatido por especialistas da área

Na mesma linha e estratégia de atuação comercial, a empresa Squad, do Grupo Águia Branca, tem um propósito que engloba um pacote completo de turismo rodoviário para atender a diversos públicos, permitindo uma interação muito próxima por intermédio de plataformas tecnológicas que oferecem diversas experiências relacionadas às viagens e aos destinos turísticos. “Atendemos as demandas das agências de viagens com uma operação personalizada. Nós, da Squad, temos a meta de facilitar toda a experiência ao nosso cliente por meio das viagens rodoviárias realizadas pelo ônibus. As vantagens são os preços adequados e a praticidade das operações. Como fazemos parte de um grupo inserido no transporte rodoviário, temos know-how em proporcionarmos os melhores serviços com tecnologia, conforto e segurança, chegando a diversas regiões brasileiras”, disse Deomar Assunção, CEO da Squad.

A empresa surgiu em 2020, em plena pandemia de Covid, sendo que, somente em 2022 houve a retomada dos negócios, gradativamente, com importantes parcerias em eventos grandiosos, como o festival Lollapalooza e a Fórmula 1, oferecendo um atendimento diferenciado ao público. “Este é o terceiro ano consecutivo da parceria com a Fórmula 1, com o transporte executivo das pessoas que vão para assistir a corrida. Oferecemos facilidade e toda a comodidade, num serviço sob demanda, como eventos corporativos para diversas empresas”, explicou Assunção.

Ele, também, destacou que, nas viagens turísticas a presença do ônibus é fundamental no setor, porém, o modal sofre preconceito, algo que precisa ser desmistificado em virtude do alto grau de sofisticação que o veículo adota em sua configuração, sempre destacando a segurança e o conforto aos passageiros.

Deomar Assunção, CEO da Squad

Fabio Pontes, secretário municipal de Turismo de Brotas, enfatizou que o ônibus de turismo não era bem-vindo na cidade e que, quando ele assumiu a função pública, houve um pedido dos comerciantes locais para que essa modalidade não fosse aceita. Após debates e a proposta de organizar o turismo por meio do planejamento e criação de um plano diretor específico ao assunto, chegou-se ao consenso que o modal poderia ser aceito. “Reunimos os empresários locais e chegamos a solução de que Brotas precisava ser organizada para receber esse tipo de serviço. Então, desde 2018, temos um plano diretor que orienta toda a atividade turística. Conseguimos trabalhar em conjunto para promover o desenvolvimento sustentável da cidade, afinal, o ecoturismo é o que mantém a cidade, além da agricultura”, disse Pontes.

Em 2023, foram 600 mil pessoas que visitaram Brotas, junto ao turismo de aventura e, também, aproveitando a gastronomia local. A média de gasto por pessoa foi de R$ 500,00. “Após o ônibus de turismo ser liberado para acessar a cidade, organizamos as diversas rotas para que ele passe sem causar transtornos ao trânsito. Não fazia sentido liberarmos o acesso de automóveis e não dos ônibus. Estamos ligados ao meio ambiente e não tem cabimento investir, apenas, no recebimento de veículos menores, com poucas pessoas”, afirmou o secretário de Turismo de Brotas.

Em 2023, uma das principais fabricantes brasileiras de carroçarias para ônibus, a gaúcha Marcopolo, produziu 1.107 unidades para serviços de fretamento e 1.061 carroçarias para o transporte turístico. Todas as unidades foram para o mercado brasileiro.

As chuvas no Sul Brasileiro

Um movimento que une empresas e associações do trade de viagens e turismo, denominado Supera Turismo, tem trabalhado, e muito, no tema da solidariedade, com foco no estado do Rio Grande do Sul. O grupo, por meio do Comitê Executivo, informa que está “dedicado e comprometido em apoiar as necessidades de recuperação do estado gaúcho e de suas cidades, utilizando o Turismo como uma ferramenta-chave para restabelecer as condições econômicas e garantir a empregabilidade de milhares de colaboradores que dependem desse setor.

Carlos Prado, porta-voz do referido movimento, ressaltou que a ajuda ao próximo é o que move o contexto do Supera Turismo. “Durante a pandemia, o Supera Turismo Brasil foi essencial para que pudéssemos viver o momento atual, com muitas empresas registrando crescimento e profissionais de todo o Brasil experimentando a alta demanda por mão de obra. Esta, porém, não é a realidade do Rio Grande do Sul. O Estado passa por uma situação muito complicada e temos o dever de direcionar toda nossa atenção à população gaúcha. Vamos trabalhar com garra e dedicação para auxiliá-los nessa grande recuperação. Já estamos com boas articulações e trabalhando diariamente em prol do Estado”, explicou.

Fazem parte do movimento – que agora assume o nome de “Supera Turismo Rio Grande do Sul” – diversas empresas e três das principais associações da indústria do turismo: Braztoa, Unedestinos e Skål Internacional Brasil. Marina Figueiredo, presidente executiva da Braztoa, destacou a robustez do Movimento Supera Turismo e a resiliência de seus membros na busca por soluções a quem mais precisa. “A situação é urgente e entendemos que podemos ajudar com ações similares às que promovemos durante a pandemia. A bagagem adquirida na retomada da indústria pós-Covid será de grande valia para minimizar os efeitos dos temporais no Rio Grande do Sul. Estamos focados na reconstrução do Estado e na recuperação dos empregos”, observou.

Já o presidente da Unedestinos, Toni Sando, disse acreditar no poder da coletividade, e que a grande dificuldade que o Rio Grande do Sul está passando gera um movimento em direção ao auxílio irrestrito no restabelecimento da região como sociedade.

Para Vera Lucia de Camilis, presidente do Skål Internacional Brasil, as doações para o Rio Grande do Sul são a prioridade do momento e precisam continuar, pois a situação é muito delicada. “A acredito que a união de todos é o caminho para superarmos esta tragédia”, sintetizou.

Imagens – Divulgação e Revista AutoBus

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