Artigo especial

Luana Fleck é uma gaúcha incansável, com metas muito claras quanto a apoiar e incentivar a maior presença de mulheres no segmento do transporte. Ela é uma das lideranças femininas que intercede, de forma significativa, pela maior presença do gênero em um espaço com predominância masculina. Pertencente à terceira geração do Grupo Ouro e Prata, com grande atuação no transporte brasileiro de passageiros, hoje, é diretora da empresa, que possui uma história de 83 anos no setor, atuando em sete empreendimentos do setor de transporte, rodoviário e hidroviário, no Brasil, com atividades em 10 estados.

Para a executiva, a participação das mulheres em cargos de liderança em pequenas, médias e grandes empresas em todo o País têm aumentado consideravelmente nos últimos anos e não são poucas as conquistas femininas, impulsionadas a partir do último século XIX. “Embora essa jornada ainda esteja muito aquém do ideal, os modelos atuais de gestão feminina estão conseguindo desafiar a competitividade e os gargalos existentes. E, passo a passo, por meritocracia, chegando à liderança nas empresas”, observou ela.

Luana destacou que, entres idas e vindas dessa longa rodovia a ser percorrida, está o setor de transportes, com cerca de 2,3 milhões de pessoas no setor, sendo 17% das pessoas do sexo feminino (dados são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 2021). “No Brasil, as mudanças no ambiente de trabalho nesse segmento, até então essencialmente masculino, vem se alterando, gradualmente, onde o objetivo maior é a igualdade na defesa de um espaço mais inclusivo da figura da mulher contribuindo de forma efetiva com suas percepções”, disse a diretora.

Outra questão ponderada por Fleck é que as empresas que já aderiram a esse modelo de gestão inclusivo possuem uma vantagem competitiva adicional no mercado, sendo que em vários setores da economia, as lideranças femininas se destacam pela capacidade no equilíbrio emocional no comando do ambiente organizacional e visão ampla nas tomadas das decisões, proporcionando um maior engajamento da cultura. “Sem falar, é claro, da alta capacidade de aprendizado e de empreender. Todo esse pluralismo de ferramentas e conhecimentos dos processos envoltos no universo feminino, resultam em um maior alinhamento dos propósitos e à sustentabilidade dos negócios. Isso oportuniza uma visão moderna e mais ampla de gestão nas empresas onde apenas os homens estão na liderança”, avaliou.  

Luana destacou que o mercado encontra-se cada vez mais competitivo e dinâmico. “Diante desse ambiente, em constante transformações, há uma necessidade por gestores(as) que possuam competências de liderança e que saibam, sobretudo, liderar sobre condições novas e difíceis. E nós mulheres temos grandes habilidades nesse sentido”, mencionou.

A executiva afirma que sua defesa de mercado se comprova pelos números da população brasileira, em vista que pesquisas recentes mostram que o sexo feminino já é maioria na população em 25 dos 27   estados   brasileiros.  “Essa tendência salta aos olhos em mercados como os Estados Unidos, onde cerca de 8 milhões de empresas já são dirigidas por mulheres. Para chegar a essa igualdade, em especial no setor de transportes no Brasil, o caminho passa pela necessidade da implementação de políticas sociais, novas diretrizes e investimentos. O percurso deve oferecer ao contingente feminino maiores benefícios à família, entre outros modelos facilitadores. Isso proporciona o crescimento como um todo. Auxiliando para que estejam à frente nas decisões importantes e podendo melhor representar as organizações”, acredita ela.

Um modelo a ser seguido

Seu ponto de vista sobre o setor relata que, separar as ‘dores’, os conflitos pessoais, profissionais e alinhar isso à ampliação de experiências humanizadas é um grande desafio para o crescimento das empresas. “As 18 maiores empresas brasileiras no setor de transportes têm mais de 50 anos e são familiares. Essas premissas devem estar conectadas, igualmente, ao desenvolvimento de lideranças femininas. Como em toda a trajetória de amadurecimento, encontrar o ponto de equilíbrio e ser reconhecida pela sua essência é muito eficaz, quando falamos da presença feminina no mercado de transportes. As empresas devem cada vez mais compartilhar conhecimentos, apoiar e impulsionar o desenvolvimento profissional. A troca de vivências nos torna ainda mais produtivos. É preciso incluir leveza, liberdade, criatividade e comunicação, gerando resultados significativos” explicou Luana.  

Como forma de mudar o atual cenário e tornar o setor mais inclusivo, mais de 30 empresas transportadoras vem apoiando o projeto Rota Feminina, que surgiu do desejo de contribuir com a evolução da diversidade de gênero no ecossistema logístico, fazendo diferença na vida das pessoas que trabalham ou desejam trabalhar no segmento. “O Rota Feminina propõe que a participação das mulheres contribua às novas formas de pensar e atuar, complementares ao perfil masculino. Focando na diversidade de ideias, que geram negócios promissores. O grupo acredita que, desta forma, todas se sentirão cada vez mais preparadas para o mercado logístico e, ao mesmo tempo, que esse ecossistema, entenda e atenda cada vez melhor, as mulheres na logística. Hoje, o Rota Feminina tem mais de 50 voluntários, oferecendo serviços gratuitos como mentorias, auxílio para achar o primeiro emprego e outros”, salientou Luana.

Mais informações podem ser obtidas em rotafemininamove.com.br.

Luana Fleck é graduada em Administração de Empresas e Mestre em Estratégia Empresarial pela PUC do Rio Grande do Sul, além de ser pós-graduada em Gestão de Empresas de Transporte pela UFRGS, Gestão de Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e Gestão de Empresas Familiares pela HSM.