Dentre o universo das empresas brasileiras de ônibus, são poucas as que dispõem de uma política ambiental em suas gestões, com ênfase aos requisitos observados e praticados para se alcançar um equilíbrio entre operação e o meio no qual vivemos. A transportadora mineira, Rouxinol, se preocupa em reduzir a pegada de carbono e o aumento das mudanças climáticas com práticas que salientam esse tema em seu cotidiano.

Suas unidades operacionais são dotadas de sistemas de separação de água e óleo, captadores de águas pluviais, estação de tratamento de água, correta destinação dos resíduos sólidos e inservíveis, controles rigorosos de opacidade e utilização de óleo composto por biodiesel para toda frota.

A coleta seletiva de materiais diversos – plástico, papel, alumínio, ferro, óleos e derivados de petróleo –, e a aplicação de modernas técnicas elaboradas pela COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e FEAM (Fundação Estadual de Meio Ambiente), garantem a reutilização da água usada na limpeza de veículos, permitindo a preservação dos recursos hídricos.

Estação de tratamento da água de reuso

Segundo Júlio Cezar Diniz, proprietário da empresa, em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo, a responsabilidade socioambiental tornou-se instrumento fundamental para qualquer tipo de negócio. E, de acordo com ele, a operadora conta com a certificação de conformidade com a norma ABNT NBR ISO 14001:2015, que valida o Sistema de Gestão Ambiental. “Esta certificação atesta que estamos em conformidade com os requisitos ambientais estabelecidos pela norma, aplicados à prestação de serviços de transporte rodoviário de passageiros sob o regime de fretamento contínuo e eventual”, ressaltou. Além disso, a empresa conta com outras certificações, como a ISO 9001, ISO 14001, ISO 37001, ISO 37301 e ISO 45001.

A garagem da Rouxinol (finalizada em 2016), localizada na capital mineira, Belo Horizonte, tem, ainda, um cinturão verde que envolve a sua área, de aproximadamente 4.000 m², com bastante árvores frutíferas, área permeável, orquidário, área de descanso de funcionários etc. E, toda energia elétrica gasta em sua sede é produzida por uma usina solar implantada no local.

Acompanhe, abaixo, uma conversa com Júlio Diniz sobre todo o investimento nessa questão ambiental.

Revista AutoBus – Qual foi o intento em promover uma garagem fora dos padrões adotados, até então, para favorecer o meio ambiente?

Júlio Cezar Diniz – Buscamos constantemente inovação e eficiência no transporte de fretamento. A decisão de investir em uma garagem com padrões sustentáveis veio do nosso compromisso em reduzir impactos ambientais, otimizando o consumo de água e energia, além de adotar processos mais responsáveis na manutenção da frota.

AutoBus – Desde quando nasceu essa ideia?

Júlio – A sustentabilidade sempre fez parte da nossa visão de negócio. O projeto da garagem sustentável começou a ser estruturado quando identificamos a oportunidade de alinhar nossa operação às melhores práticas ambientais do setor de transporte.

Descarte correto de produtos inservíveis

AutoBus – Quanto tempo foi exigido para se chegar ao que você queria para atender aos requisitos ambientais?

Júlio – O desenvolvimento desse projeto envolveu planejamento detalhado e implementação por etapas. Desde 2010 iniciamos os primeiros estudos até a conclusão, garantindo que todas as soluções aplicadas fossem realmente eficazes e benéficas para o meio ambiente.

AutoBus – São poucos os exemplos de sustentabilidade praticados no setor. Você se considera um diferencial quanto às práticas que possam equilibrar nosso modelo de vida?

Júlio – Sabemos que o setor de transporte tem desafios ambientais significativos, e é justamente por isso que buscamos inovar. Adotamos práticas que tornam o fretamento uma alternativa mais sustentável, ajudando a reduzir o tráfego urbano e as emissões de poluentes. Nosso objetivo é ser referência em transporte eficiente e responsável.

Acreditamos que no futuro as contratações para transporte de pessoal serão pautadas pelas boas práticas.

Painéis fotovoltaicos são usados para a geração de eletricidade

AutoBus – A prática ambiental junto aos seus colaboradores também é ressaltada? Caso positivo, como é feito isso?

Júlio – Sim, entendemos que a sustentabilidade precisa envolver toda a equipe. Promovemos treinamentos sobre o uso consciente de recursos, direção econômica para redução do consumo de combustível e ações de descarte correto de resíduos. Além disso, incentivamos práticas diárias que tornam nossa operação mais sustentável.

Sem envolvimento de toda equipe dificilmente alcançaremos resultados.

AutoBus – Além da estrutura física, você pensa em adotar outras ações que visam o menor impacto negativo ao meio ambiente? Se sim, quais você poderia adiantar?

Júlio – Além das melhorias já implantadas nas estruturas das garagens, estamos sempre buscando novas formas de reduzir nosso impacto ambiental. Entre as iniciativas em estudo, destacamos o uso de combustíveis alternativos, a otimização das rotas para reduzir emissões e a adoção de tecnologias que tornam a operação mais eficiente.

Acompanhamos o desenvolvimento de novas tecnologias tais como o hidrogênio, gás, elétricos, híbridos etc., todas ainda muito incipientes e de alto custo.

Resíduos acomodados e prontos para serem descartados corretamente

AutoBus – Vale a pena ter essa consciência ambiental no mundo de hoje?

Júlio – Sim, a responsabilidade ambiental é essencial para o futuro do transporte e da mobilidade urbana. No fretamento, conseguimos oferecer uma alternativa mais sustentável ao transporte individual, reduzindo congestionamentos e emissões. Além disso, práticas sustentáveis trazem benefícios diretos para a empresa e para a comunidade.

O futuro depende de nosso comprometimento ambiental.

AutoBus – Quanto se reutiliza de água, quanto se economiza em termos energéticos?

Júlio – Em termos de reutilização de água, nossa infraestrutura permite a reutilização de uma média de 331.500 litros de água mensalmente, graças aos sistemas de captação de águas pluviais e à estação de tratamento de água.

AutoBus – Pode dizer o quanto foi investido para se alcançar isso?

Júlio – O investimento na sustentabilidade da garagem envolveu diversos fatores ao longo do tempo, o que torna difícil a mensuração de um valor exato. Importante registrar que além do investimento na ETA, implantamos um sistema de troca de óleo bem moderno, a utilização se dá por meio de mangueiras coloridas, cada uma representa um tipo de óleo, todos provenientes de uma galeria onde ficam armazenados.

Para o óleo que não será utilizado, depois de recolhido por gravidade nas valas se destinam ao subsolo de onde saem direto para recolhimento por empresa especializada.

Imagens – Divulgação