De volta ao passado

Hoje, item essencial para o conforto dos passageiros, o ar-condicionado, galgou, pouco a pouco, a sua presença nos ônibus brasileiros

O uso do aparelho de ar-condicionado em ônibus no Brasil teve início durante os anos de 1950, com a chegada de alguns veículos importados, sendo o modelo norte-americano PD 4104, produzido pela fabricante General Motors Corporation, o precursor. Ele tinha um motor extra, a gasolina e quatro cilindros, para funcionar o equipamento. Aliás, o veículo foi o responsável por apresentar ao mercado outros itens tecnológicos não usuais nos ônibus brasileiros, como a suspensão pneumática e a estrutura feita em alumínio.

Para um país com clima tropical e altas temperaturas no verão, a novidade agregou conforto aos passageiros que utilizavam a linha São Paulo – Rio de Janeiro, da Viação Cometa. Contudo, a comodidade não foi algo comum em outras operadoras da época, ficando restrita à companhia paulista. Na década seguinte, alguns projetos de ônibus adotaram a inovação, porém, não passaram de protótipos.

No começo do decênio de 1970, a fabricante Thermo-King (empresa norte-americana fundada em 1938, apresentando o sistema para refrigeração de carga em caminhão) se instala no Brasil e traz o seu equipamento para colocá-lo em produtos nacionais. O pioneirismo ficou por conta da encarroçadora gaúcha Marcopolo (com o seu modelo Marcopolo II), atendendo ao mercado carioca e seu serviço seletivo de transporte coletivo, na Viação Redentor, com modelos rodoviários atuando pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro. Logo, esses veículos receberam o apelido de “Frescões”.

Os equipamentos utilizados naquela época eram os modelos D1 e D3 e, em razão aos motores a diesel com baixas potências presentes em alguns chassis, também foi introduzido um sistema auxiliar de motor independente a diesel de quatro cilindros para acionar o compressor do sistema, denominado na época de Power Pack. Ver um ônibus com uma caixa instalada no chapéu traseiro, podia-se, sem dúvida, concluir que o veículo oferecia refrigeração do ar aos seus passageiros.

A Marcopolo também exportou suas carroçarias equipadas com ar-condicionado

Tal inovação ultrapassou a fronteira urbana e começou a figurar em carroçarias rodoviárias, nas configurações leito e executiva, esta última uma categoria criada em meados de 1970 para fortalecer os serviços entre as cidades. Operadoras como Cia. São Gerado de Viação, Viação Itapemirim e Nossa Senhora da Penha foram consideradas as precedentes da tecnologia.

Nos anos seguintes, mais precisamente em 1976, a própria Marcopolo ressaltava que fabricara, até aquele ano, 200 carroçarias rodoviárias incorporadas do sistema de ar-condicionado. Operadoras de grande porte, suas clientes, investiram na comodidade.

Foi somente na década de 1990 que a presença do ar-condicionado teve uma explosão comercial, seja na operação em rotas interestaduais ou no transporte fretado, com equipamentos instalados na área central do teto. Hoje, a maioria das carroçarias rodoviárias saem de fábrica com o equipamento, item indispensável para o conforto dos passageiros.

Em tempo – a Thermo King lançou seu primeiro equipamento para ônibus em 1956, nos Estados Unidos.

Imagens gentilmente cedidas pela Memória Marcopolo

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