Mal invisível

Como são conhecidos, os impactos da poluição do ar na saúde humana estão conectados com doenças pulmonares, cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, disposição ao câncer e ao diabetes

A poluição oriunda de queimadas, sistemas de transporte e até do uso de fogão a lenha causa a morte de 50 mil pessoas por ano no Brasil. Um problema crítico que tem recebido pouca atenção nos últimos anos. De acordo com o estudo elaborado pelo WRI Brasil (instituto de pesquisa que transforma grandes ideias em ações para promover a proteção do meio ambiente, oportunidades econômicas e bem-estar humano) e por cientistas e especialistas no tema, O Estado da Qualidade do Ar no Brasil, em apenas seis regiões metropolitanas brasileiras, onde vivem 23% da população total do País, ela matará quase 128 mil pessoas entre 2018 e 2025. Além disso, os custos associados a mortes prematuras equivaleram a 3,3% do PIB brasileiro em 2015 e os impactos da poluição do ar sobre a economia também abrangem a perda de produtividade de trabalhadores, menor aquisição de habilidades cognitivas relevantes e perdas na produtividade agrícola.

Como são conhecidos, os impactos da poluição do ar na saúde humana estão conectados com doenças pulmonares, cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, disposição ao câncer e ao diabetes, prejuízo no desenvolvimento cognitivo em crianças e demência em idosos. De acordo com o WRI, o Brasil não dispõe de inventários nacionais completos e atualizados das emissões de poluentes atmosféricos pelas diferentes fontes. Porém, a compilação de dados aponta que as principais fontes de poluentes atmosféricos são o setor de transportes, os processos industriais e queima de biomassa – neste último caso, com poluentes que viajam de norte a sul do país pelas correntes de ar.

Em se tratando de transportes, cerca de 63% dos deslocamentos urbanos em cidades com mais de 1 milhão de habitantes (ano de 2018) e 65% da movimentação de cargas (2015) se deu sobre quatro rodas. Nos últimos dez anos, o segmento de transportes apresentou a maior taxa média de crescimento de consumo de energia, tornando-se, a partir de 2018, o principal consumidor de energia do País, destacou o relatório.

Ao longo dos anos, o Brasil já poderia ter se tornado exemplo em sustentabilidade ambiental, podendo liderar um grande programa para incentivar o uso de biocombustíveis em sua frota de veículos. O etanol, com todo o conhecimento que temos em veículos leves, o gás natural/biometano, diesel verde, hidrogênio e a energia elétrica, representam toda a nossa capacidade em promover conceitos limpos no campo energético. Claro que não podemos nos esquecer do conhecimento brasileiro em fomentar sistemas racionalizados para os ônibus, proporcionando desempenho e previsibilidade ao modal.

O País é signatário do Acordo de Paris, com metas de reduzir, em 2025, as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo do que expelia em 2005. Porém, quase nada tem feito para atender seu compromisso ambiental. Seria de bom tamanho se todas as esferas de governo estivessem atentas para o fato, investindo na transformação do modelo energético utilizado neste momento em todo o sistema de transporte, com amplo uso do diesel e gasolina fósseis, para a maior escala de combustíveis equilibrados com o meio ambiente.

Imagem – WRI

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