O grande destaque na Busworld 2023

A tecnologia do chassi com tração elétrica da Mercedes-Benz do Brasil foi uma atração a parte na feira

O chassi com tração elétrica eO500U, da Mercedes-Benz do Brasil, foi, sem dúvida, um veículo que chamou a atenção de quem esteve na mostra europeia de ônibus, considerada a mais importante do mundo. Este editor, também teve a oportunidade, a convite da fabricante, de conhecer o evento e viu como os interessados pelo assunto ônibus chegavam perto do modelo exposto no estande da empresa.

Quem mais se sentiu atraído foram os chineses, que estavam em peso na feira, expondo produtos e tecnologias ou mesmo conhecer o que o Brasil pode fazer para melhorar a mobilidade urbana. Não é demais afirmar que os visitantes chineses faziam questão de dar um pulinho no espaço Daimler Buses para, digamos, dar uma bela conferida na configuração do chassi, com olhares atentos e até mesmo por intermédio de “mãos bobas” deslizando por importantes áreas e componentes elétricos.

De acordo com a montadora, a apresentação na Europa reafirma a importância da unidade brasileira como player global da Companhia para negócios do setor. Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, em entrevista exclusiva para a revista AutoBus, salientou que a empresa foi à Bélgica para mostrar ao mundo inteiro que o País tem totais condições de desenvolver os melhores ônibus, com tração limpa, capazes de atender à diversos tipos de mercados. “Viemos à Bruxelas com o objetivo de ressaltar a nossa capacidade de oferecer os chassis mais modernos. A visibilidade que o Brasil ganha numa feira internacional é fundamental para os nossos negócios”, ressaltou.

Trata-se da primeira vez que um veículo brasileiro participa de um evento de relevância mundial, ainda mais por destacar modelos com configurações totalmente diferentes das que são utilizadas nos mercados atendidos pela fabricante.

Walter, também, comentou que, a partir de 2024, os negócios externos serão iniciados, com vistas aos primeiros mercados, que são Chile e México. “Queremos introduzir nosso produto nesses dois países, com especificações técnicas semelhantes ao que são solicitadas por aqui. Estamos confiantes que logo alcançaremos sucesso com o chassi”, destacou o executivo.

O referido modelo eO500U utiliza a bateria NMC3 (lítio, óxido, manganês e cobalto), de última geração, com maior densidade energética (são cinco packs para alcançar, no mínimo, 250 km de autonomia), que, aliás, é montada no Brasil, e dois motores elétricos localizados nas rodas traseiras, totalizando 340 cv de potência, com PBT de 21,2 toneladas.

Configuração projetada para atender os mercados do Hemisfério Sul. O chassi eO500U traz muita tecnologia embarcada e de última geração

No quesito segurança, o modelo tem vários níveis de proteção que agregam a prevenção contra incêndio, principalmente das baterias. Ele, ainda, atende a norma europeia ECER100 (nível 3), considerada a mais rigorosa. Para o Brasil, no caso específico de São Paulo, há um sistema no próprio veículo que extingue incêndio junto aos principais conjuntos da tração.

Outro detalhe é o componente ar-condicionado, especialmente desenvolvido pela Mercedes-Benz ao seu chassi, com um modelamento matemático e a integração entre os sistemas e os recursos tecnológicos que promovem a eficiência operacional e o menor gasto de energia.

A marca da estrela das três pontas enfatizou que, na linha de produção do chassi, todos os envolvidos receberam especial atenção com treinamentos, que vão do básico ao completo, para que haja toda a segurança necessária. Além disso, as equipes técnicas das concessionárias, também, serão treinadas, visando a formação de mão de obra com atributos especiais.

A eletrificação dos ônibus é um desafio? “Sem dúvida”, respondeu Walter Barbosa. Suas palavras dão o tom que, para uma maior escala de ônibus com tração elétrica no transporte brasileiro, é preciso observar e adotar algumas considerações importantes com o tema. “Não dependemos só do produto. São necessárias, ainda, a instituição de políticas públicas de transporte, de modelos de financiamentos e a implantação da rede de infraestrutura de abastecimento energético. São aspectos que se completam, dentro de um ecossistema bem desafiador”.

Quem pensa que o desenvolvimento de apenas um único modelo de chassi está no radar da marca, está muito enganado. Já há planos, para um próximo passo dentro da engenharia da empresa para criar uma versão articulada, com 18 metros de comprimento, com a mesma concepção de autonomia mínima, de 250 km.

Imagens – Revista AutoBus

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