Revirando o baú

Conforto sempre foi uma palavra chave para as transportadoras agradarem seus clientes

É impossível, nos dias de hoje, pensar em um ônibus rodoviário, no Brasil, sem a suspensão ar ou pneumática, como queira o leitor. Esse componente, de extrema importância para o conforto e a segurança do passageiro, como também do motorista, é requisito básico em veículos estradeiros, seja em aplicação nas linhas regulares ou nos serviços de turismo.

Por muitos anos, essa parte da estrutura do chassi ficou reservada apenas para os tipos de ônibus importados, que traziam um conceito inovador em sua construção. Veja o exemplo do primeiro veículo produzido pela General Motors que chegou ao País, em 1954, incorporado da novidade. Era o modelo PD 4104, o famoso Morubixaba da Viação Cometa, que inseria aqui o inédito conjunto de suspensão, convivendo aqui, por muitos anos, com a carência tecnológica veicular.

Esse ônibus, que marcou época por suas inovações no mercado brasileiro, fora lançado no final do ano de 1953 nos Estados Unidos e representou, para o transporte de passageiros sobre pneus, um grande passo de evolução em matéria de conforto e progresso mecânico.

Projeto de suspensão pneumática totalmente inédito para a época

A sua suspensão foi a resposta das questões envolvidas em como eliminar as vibrações e o desconforto provocados pelo tipo metálico. Seu desenvolvimento demandou 12 anos até que chegasse à um produto conveniente com a estrutura do chassi e a absorção dos impactos causados na rodagem. A técnica, combinada com a engenharia e a disposição em ofertar conforto à quem estava no ônibus, foi a grande referência em ônibus para a época.

Contudo, foi apenas nesse modelo de ônibus que a suspensão diferenciada teve presença no setor local, sendo reintroduzida muitos anos depois, em 1968, por intermédio do projeto da montadora Scania, pioneira em oferecer a opção em seu chassi B110, ainda que, somente no eixo traseiro.

A Scania foi uma das pioneiras no Brasil em oferecer a tecnologia

Mas, a fabricante viu nesse conceito a oportunidade de proporcionar um veículo com maior valor agregado, desenvolvido sob o auspício da modernidade, quando a década de 1970 estava em seu início. Com isso, era lançado o chassi BR 115 (posterior BR 116), considerado o mais avançado na época, indicado para o transporte rodoviário. Ele trouxe, além da suspensão a ar instalada nos dois eixos (quatro bolsas atrás e duas na frente), o motor localizado na traseira e a possibilidade do bagageiro passante nas carroçarias.

Cabe aqui uma observação que, além da própria Scania, outra montadora daquela década de 1960, a Cummins, também chegou a oferecer ao mercado modelos de chassis com suspensão a ar.

Durante o decênio, o setor não contava com muitas opções de modelos e marcas. Predominavam a Mercedes-Benz e a Scania, cada qual com suas versões de chassis e plataformas, além de ônibus integral. E, somente, a fabricante de origem sueca é que dispunha de um veículo com tal característica de conforto, até que, já terminando os anos de 1970, aporta no Brasil outro nome sueco, a Volvo, incorporando em seu chassi um misto de suspensão com feixe de mola e bolsa pneumática. A concorrência pelo conforto aumentou.

No tocante às operadoras em oferecer seus veículos equipados com a suspensão, teve um exemplo em que a iniciativa falou mais alto. Mas, isso é assunto para uma próxima coluna. Até lá.

Imagens – Acervo Tony Belviso e acervo Scania do Brasil

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