Um novo conceito em climatização

O propósito é melhoras as condições térmicas do salão dos passageiros em ônibus urbanos

Leonardo Carvalho Santiago é engenheiro mecânico e sempre utilizou o transporte coletivo na cidade de Salvador. Por conta disso, assim como outros passageiros, passou perrengue pelo excessivo calor no interior dos ônibus soteropolitanos. Por conta disso, em 2015 começou a pensar em alguma solução que pudesse acabar com o problema. Mas, foi apenas em 2018 que pode se dedicar, integralmente, ao projeto por conta de um programa de pré-incubação do IFBA (Instituto Federal da Bahia), o Hotel de Projetos.

Em 2019, sua start-up participou do programa de pré-incubação da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), por meio do Hub Coletivo e, em 2020, a Areja surgiu enquanto empresa.

Assim, ele desenvolveu o sistema Arejabus de climatização natural com base numa ventilação inteligente que utiliza a própria movimentação do ônibus para gerar melhor sensação térmica e qualidade de ar interior. “Desde o princípio, o intuito foi desenvolver uma solução que resolvesse o problema, mas não de qualquer forma. Era preciso tornar o dia a dia dos usuários do transporte mais confortável e seguro, possuir baixo custo de aquisição e operação, sem, é claro, gerar impactos negativos ao meio ambiente”, disse Leonardo.

Sua tecnologia é definida como uma solução personalizável, possível de incorporar em veículos que já estão em operação ou novos, saindo de fábrica. O engenheiro explicou que seu sistema pode ser dividido em uma parte natural, que aproveita o movimento do veículo, e uma parte elétrica que é utilizada apenas quando for necessário. “Na parte natural, o sistema é composto por exaustores que retiram o ar quente por meio do teto do veículo, tendo captadores de ar que incorporam ar fresco ao ambiente, também localizados no teto. Além disso, há as venezianas que ficam localizadas na parte externa da janela e garantem a entrada de vento mesmo em dias chuvosos”, explicou.

Na parte elétrica, o sistema trabalha com ventiladores e exaustores que são acionados por um controlador com base na velocidade do ônibus.

O equipamento já foi testado em algumas operadoras

Leonardo ressaltou que, a primeira versão da sua tecnologia, foi testada em Salvador, em parceria com a Plataforma Transportes, no ano de 2020, e, após a validação, foi realizado o segundo piloto em Campinas, SP, fruto da parceria com a Itajaí Transportes. “Sentir o problema na pele foi um grande motivador para encarar toda trajetória. Atualmente, a Areja possui capacidade para atender clientes de todo o Brasil e há interessados nos estados de Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia”, disse o engenheiro.

Perguntado sobre quais foram os resultados alcançados com os testes e que benefícios a tecnologia promove aos passageiros, Leonardo comentou que, durante os testes realizados em Campinas, 9 entre 10 pessoas atestaram que não passaram calor dentro do ônibus com a sua tecnologia, enquanto no veículo com ventilação convencional 7 entre 10 pessoas sofreram com o calor. “O Arejabus promoveu uma diferença média de 3°C entre os veículos e bom nível de qualidade de ar comprovado por um laboratório especializado. Além disso, ficou demonstrado que o sistema não impactou no consumo de combustível, evitando assim, aumento de custo operacional e emissão de gases poluentes”, afirmou.

Em relação à custos, a aquisição do sistema tem valor em torno de 10% na comparação com o ar-condicionado, além de possuir uma manutenção muito simples, podendo ser reutilizado em outras operações e atender às normas do setor.

Imagens – Divulgação

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