Por Rogério Pires, diretor da Divisão de Veículos Comerciais da Voith Turbo
Uma das questões mais complexas em termos de condução veicular é o controle adequado do processo de frenagem, especialmente quando falamos de ônibus urbanos. Frenagens bruscas figuram no topo das reclamações dos passageiros e têm impacto direto nos custos operacionais, na segurança e na disponibilidade dos veículos.
Embora atualmente, com o advento dos motores e transmissões de comando digital integrados, já exista um bom grau de controle na aceleração, o processo de frenagem ainda depende fortemente da habilidade do condutor.
Mas é importante destacar que frenagens bruscas não necessariamente indicam imperícia ou imprudência dos motoristas, podendo ser resultado de fatores diversos. E a infraestrutura de vias é um desses fatores, sendo que, em alguns casos, pequenos detalhes poderiam contribuir de forma simples e eficaz para apoiar os motoristas em uma condução mais eficiente e segura.
Um elemento da infraestrutura que poderia melhorar esse quadro – e que algumas cidades brasileiras têm implementado, ainda em caráter experimental – são os semáforos com indicação regressiva das fases. Esses dispositivos podem ser aliados estratégicos, principalmente em cruzamentos nos sistemas BRT, onde veículos maiores trafegam com velocidades médias mais elevadas. Com uma indicação mais clara do tempo semafórico, os motoristas podem aproveitar melhor a inércia do veículo, dando continuidade ao trajeto, ou realizar uma frenagem mais precisa e confortável.
Esse aspecto é ainda mais importante nos ônibus elétricos a bateria, cuja estratégia de frenagem é indispensável para maximizar a recuperação de energia, com impacto direto na eficiência energética e autonomia operacional.
Por isso, é fundamental que soluções tecnológicas como semáforos com temporizador sejam avaliadas criteriosamente, com estudos técnicos consistentes, padronização adequada e de forma integrada aos sistemas inteligentes de tráfego em desenvolvimento. O objetivo é garantir não apenas benefícios pontuais, mas segurança e eficiência sustentáveis para todo o sistema de transporte coletivo.
Imagem – Acervo pessoal
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