Combustível – o fator preponderante em 2022

É bonito ter ônibus elétrico pelas ruas, mas quem paga a conta, se não conseguimos resolver a questão dos reajustes do atual combustível que é o mais utilizado no modal?

Editorial

Existe uma meta ambiental discutida no mundo neste momento. É urgente não permitir que a temperatura da Terra suba entre 1,5° e 2° neste e nos próximos anos, com consequências que poderão ser catastróficas em nossos cotidianos. A energia que movimenta nosso planeta está no centro das atenções. Além da destruição da biodiversidade, o uso descontrolado de combustíveis fósseis e sujos em indústrias e sistemas de transporte tem causado um sério dano ao nosso meio ambiente.

Na área dos transportes, principalmente os motorizados, a busca por modelos mais limpos, que não emitam pelos canos de escape os principais gases nocivos à nossa saúde e atmosfera, tem sido uma constante nos últimos anos. Mais precisamente no transporte de passageiros, há uma grande mobilização em torno do desenvolver veículos cada vez mais sintonizados com a tração limpa, por meio de ônibus equipados com motores elétricos e baterias.

Esse modelo tem recebido especial atenção das montadoras e de alguns governantes preocupados com a situação do clima, que vive mudanças que impactam toda a economia. No transporte coletivo de cidades europeias, norte-americanas, chinesas e até sul-americanas, podemos ver que a tração elétrica tem conquistado espaço.

São exemplos de como traçar uma estratégia que leva em conta os maiores investimentos na tecnologia, pois um ônibus elétrico chega a custar três ou mais vezes que a versão movida a diesel. Sem políticas públicas de incentivos, como as que estão em promoção na atualidade, com o apoio governamental no sentido de proporcionar financiamento para a aquisição do parque veicular e da infraestrutura necessária à operação, tudo fica inviável, pois o operador sozinho não vai arriscar a sua rentabilidade sem ter noção do conhecimento e da segurança contratual a respeito da tração mais limpa.

Qualquer inovação, a mais cara, principalmente, para ser exequível no sistema de transporte coletivo tem que contar com suporte financeiro, ainda mais no Brasil, onde as tarifas são os principais recursos financiadores da frota. Muito se fala em transformar o modelo de relacionamento entre o poder público concedente e os operadores, na forma da rentabilidade e como poderá haver o incentivo ao que é novo e limpo.

A participação governamental, tanto ao adquirir, alocar ou mesmo financiar a juros atrativos as tecnologias sustentáveis, tem sido um aspecto defendido por muitos formadores de opinião da área do transporte. Com certeza é uma solução para a prevalência do veículo sem emissões poluentes. Contudo, isso deveria ser observado em todas as tecnologias alinhadas com o princípio do baixo carbono e não apenas para a modalidade da eletromobilidade, com sua defesa que ultrapassa o limite do bom senso. Me parece que há uma obsessão em torno do tema aqui no Brasil.

Há sim, outros combustíveis mais limpos no campo da sustentabilidade. O biometano (o gás da transformação) pode ser um parceiro da energia elétrica na composição do transporte coletivo sobre pneus. Gás natural e o diesel verde também estão aí para completar a formação sustentável. O Brasil é rico em oportunidades para mostrar ao mundo como ter um transporte livre da poluição.

Entretanto, para alcançarmos um programa consistente de incentivos e de adoção dos energéticos alternativos, precisamos, primeiro, resolver a questão do atual preço do diesel, que tem seu valor constantemente reajustado, afetando diretamente todo o sistema de transporte. É bonito ter ônibus elétrico pelas ruas, mas quem paga a conta, se não conseguimos resolver a questão dos reajustes do atual combustível que é o mais utilizado no modal?

Foto – Arquivo Revista AutoBus

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Ônibus movido a biometano, por Juliana Sá, Relações Corporativas e Sustentabilidade na Scania

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