Levantando a tampa do baú

Pelas estradas norte-americanas, um modelo de ônibus que causou uma revolução em conceitos

Esta coluna não poderia deixar passar batido um exemplo de ônibus que ficou reconhecido por seu porte avantajado e o visual externo caracterizado pelo desenho singular e arrojado para a época em que foi criado. Estamos falando do modelo norte-americano Scenicruiser ou PD 4501, desenvolvido pela General Motors e apresentado naquele mercado em 1954.

O veículo era o suprassumo dos ônibus, de então. Com um visual externo muito chamativo, formado por seu teto em dois planos, possibilitando um pequeno salão de passageiros (com 10 poltronas) na parte mais baixa e outro, mais elevado, com 33 poltronas, privilegiando a visão de quem viajava nele, ele foi o puro conceito de vanguarda.

No período do pós-Guerra, a principal operadora rodoviária da época, a Greyhound Lines Inc., precisava de um ônibus inovador, capaz de suprir as suas necessidades operacionais. E a General Motors vinha desenvolvendo um modelo inovador, com um conceito High-Level (Alto Nível), semelhante ao que era utilizado em trens nos Estados Unidos e Canadá, com vagões de cúpula de aço inoxidável. Esse modelo de carroçaria com dois níveis era comum no final da década de 1940 na Europa, incluindo a Grã-Bretanha, onde era conhecido como ônibus de visão panorâmica.

Em seu processo de criação, o projeto do referido ônibus, ainda nos anos de 1940, foi baseado no design de Raymond Loewy, com três eixos, de 40 pés (12,19 m) de comprimento, chamado GX-2. Naquele momento, a Greyhound tinha se mobilizado para a revisão das restrições de operação de ônibus rodoviários com mais de 35 pés de comprimento pelos EUA. Assim, com o novo modelo, pode alcançar seu intento, mostrando que um veículo de maior porte era mais viável economicamente.

À esquerda, o desenho do protótipo de Raymond Loewy. À direita, a configuração inovadora do interior do Scenicruiser

Ao entra na década de 1950, a GM debruçou-se para colocar em prática e em operação, o novo ônibus. Assim, em 1954, apresentou o Scenicruiser (ou em tradução livre – o cruzador panorâmico). Ele tinha estrutura monobloco, com suspensão a ar, amplos bagageiros e até ar-condicionado para o maior conforto dos passageiros. Inusitadamente, vinha equipado com dois motores GM Diesel 4-71 de quatro cilindros de 160 cv de potência, cada, conectados por um acoplamento hidráulico e dispostos lado a lado em uma formação em V. Essa opção fora a escolhida pela montadora em virtude de ainda não contar com a versão V8 de seu motor Diesel Série 71.

Outro aspecto que causou alguns problemas foi o da transmissão. O Scenicruiser contava com um modelo manual de caixa, com três marchas incorporada a outra de duas marchas, enquanto outros modelos da frota possuíam quatro marchas, com acionamento tradicional. Isso significava a aplicação de treinamento adicional para os motoristas que dirigiam o PD 5401, que não gostavam do novo sistema. Tal tecnologia de transmissão também causava desconforto para condutores e passageiros, como os constantes trancos no momento de troca de marchas.

Isso mudou, entre os anos de 1961 e 1962, quando foram instalados o novo motor 8V-71 e a transmissão Spicer, manual, de quatro marchas pela Marmon-Herrington Company.

O design do Scenicruiser inspirou outras fabricantes norte-americanas de ônibus, como a Flxible e Beck, que lançaram modelos semelhantes no conceito visual externo. E, a Greyhound, utilizou esse veículo até 1975, quando o retirou de circulação.

Colaborou – Tony Belviso

Imagens – Acervo Tony Belviso e reprodução da internet

 

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *