No Rio de Janeiro, mais um exemplo do colapso do transporte urbano

O setor também se queixa que não há, no Rio de Janeiro, uma ação por parte do poder público, que assiste ao colapso do setor sem acenar com qualquer proposta real de ajuda

As empresas operadoras do transporte coletivo carioca terão uma drástica redução na jornada mensal dos rodoviários em até 10 dias, com diminuição equivalente dos salários. A pandemia do Covid-19 veio acelerar e agravar um cenário que já vinha se deteriorando. O congelamento da tarifa há dois anos, a concessão de gratuidades sem fonte de custeio, a expansão do transporte clandestino por vans e kombis, a falta de controle e fiscalização sobre o transporte por meio de aplicativos, além do aumento do desemprego, se somaram aos impactos da pandemia sobre um setor que transporta cerca de 75% da população que utiliza transportes públicos no Município do Rio. Tal medida emergencial foi acordada com o Sindicato dos Rodoviários e inclui o BRT Rio, visando assim a preservação do emprego de milhares de profissionais e é consequência da mais grave crise do setor.

A perda de receita das empresas de ônibus apenas na capital fluminense já atingiu R$ 1 bilhão, com queda aproximada de 45% no número de passageiros e os custos operacionais, com insumos indispensáveis à operação, só aumentam. O valor de pneus e do óleo diesel, entre outros, são exemplos da elevação de despesas paralelamente à queda brusca de receita. Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus, comentou que a redução de até dez dias na jornada mensal, com a consequente diminuição do salário, é uma tentativa desesperada de manter os ônibus rodando na capital fluminense. “Não há setor que suporte uma realidade que junta congelamento de tarifa há 24 meses ao crescimento sem controle do transporte clandestino e à falta de regulamentação do transporte por aplicativos, que não é submetido fiscalização sobre o serviço de transporte por aplicativos, que tem tirado muitos passageiros dos ônibus. A cada dia temos mais veículos particulares nas ruas, o que contraria frontalmente qualquer política de mobilidade urbana do mundo”, disse.

O setor também se queixa que não há, no Rio de Janeiro, uma ação por parte do poder público, que assiste ao colapso do setor sem acenar com qualquer proposta real de ajuda, como vem ocorrendo em outras localidades do país e do mundo. “Os poderes municipal, estadual e federal agem como se não tivessem qualquer responsabilidade sobre uma crise tão grave, e que afeta negativamente a rotina de milhões de passageiros apenas na cidade do Rio. O colapso das empresas de ônibus tem como principal prejudicado o usuário, que fica sem transporte público quando uma empresa para de operar. Nos dez últimos anos, 15 viações demitiram milhares de rodoviários e fecharam as portas. Vale ressaltar que, sem ônibus, o Rio não funciona”, ressaltou Valente.

Imagem – Jorge dos Santos

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