O admirável mundo do ônibus

Em poucas palavras, o que pode ser traçado sobre a feira Busworld 2023 vai de encontro à magnificência de um setor que está muito evoluído e preocupado com as principais questões envolvidas com a mobilidade das pessoas e com o meio ambiente

Quem participa da maior feira mundial de ônibus, constata, já na chegada, o porte do evento, de tamanho excepcional, em um espaço onde todas (ou quase) empresas relacionadas com a produção do veículo, de seus componentes e tecnologia se esforçam para estarem presentes, afinal, operadores, especialistas, gestores e admiradores de todas as localidades de nosso Planeta olham com muita atenção as inovações esperadas e apresentadas.

Para quem fez a sua estreia nessa mostra, como nós, da revista AutoBus, a convite da Mercedes-Benz, e o próprio chassi elétrico eO500U e sua configuração inovadora, a percepção causada foi a de satisfação e surpresa em estar perto das novidades para poder contemplar os mais variados produtos e as inúmeras soluções tecnológicas, permitindo, assim, ampliar o conhecimento e, até promover uma certa de troca de experiência.

Ao percorrer todos os pavilhões e seus inúmeros estandes, o que foi visto dá uma noção do estágio de evolução da indústria mundial do ônibus, que por sinal, está bem antenada com as necessidades do setor, principalmente quando se fala em rentabilidade, desempenho e sustentabilidade. Neste momento, o principal assunto ressaltado tem a ver com os modelos de trações limpas, adequados à atender os nichos urbanos e rodoviários. Contudo, na esteira do meio ambiente, há outros temas que foram destacados, como os debates que giraram em torno da necessidade de se aumentar a infraestrutura essencial para o abastecimento energético dos veículos, por intermédio de políticas públicas visando o investimento, o financiamento e o uso da eletricidade e de outras formas de combustíveis, como o hidrogênio, por exemplo.

Quanto aos veículos, os modelos urbanos com tração elétrica (a baterias) confirmaram que seus desenvolvimentos andam a todo vapor ou melhor, a toda energia, haja vista os mais variados projetos, as configurações e novos modelos de baterias, com maior densidade energética, possibilitando o aumento da autonomia operacional. Nesse contexto, grandes nomes da indústria europeia, como Daimler Buses, Solaris, Scania, Van Hool, VDL, dentre outros, não pouparam esforços em mostrar que não estão para brincadeiras quanto ao tema da eletrificação, seguindo a tendência de alta de comercialização desse tipo de veículo nos próximos anos no respectivo continente.

Conceito elétrico da Daimler Buses, com o seu eCitaro. Ele utiliza, além do motor elétrico e das tradicionais baterias, células a combustível com hidrogênio. Isso permite o aumento da autonomia, sem a necessidade de recargas elétricas entre as operações

As muitas marcas chinesas que estavam na mostra salientaram, cada qual com sua tecnologia, o melhor desempenho, gestão e monitoramento, como, também, de densidade energética. Ao olharmos para um mercado seletivo, que é o do primeiro mundo, podemos entender que as propostas das Sinos fabricantes estão muito evoluídas para se enquadrarem aos aspectos europeus, com as suas características operacionais ímpares, bem diferentes do mercado latino-americano, por exemplo.

Ainda, na mesma linha da propulsão feita pela eletricidade, as células a combustível, tecnologia que utiliza o hidrogênio como agente de transformação energética, vem, no decorrer dos anos, mostrando ser uma opção alternativa que se mostra positiva para responder uma questão fundamental na operação – a autonomia, tanto pelo lado urbano, como no estradeiro.

Em linhas gerais, o ônibus equipado com células a combustível pode ter menor quantidade de baterias embarcadas, pois o hidrogênio (acomodado em tanques), após sofrer o processo eletroquímico, se transforma em energia elétrica, num ciclo constante, capaz de atender à todas as funções do veículo, inclusive a tração.

Versões de ônibus urbanos totalmente elétricos para, além de qualificar os sistemas, reduzir o impacto negativo causado pela poluição no ambiente das cidades

Na feira realizada em Bruxelas, essa segunda tecnologia foi salientada por algumas das mais importantes fabricantes do cenário europeu – Mercedes-Benz (veja em reportagem exclusiva), Irizar e Caetano/Temsa, Iveco, Solaris, dentre outras. Para essas empresas, seus desenvolvimentos foram expostos com o objetivo de mostrar, na prática, o valor da entrega quando se é desafiado a imprimir soluções de alcance eficaz.

E, também, seguindo o passo da descarbonização, o motor de combustão movido com hidrogênio líquido e o modelo a gás natural/biometano, ganharam mostras ao proporcionar suas características de baixa ou nenhuma emissão poluente emitida. No evento, mesmo que não estavam em posição de alta visibilidade, assim como o correu com as outras competidoras, algumas marcas apostaram em seus conceitos já possíveis no mercado.

O Paradiso 1800 DD da Marcopolo foi sensação no estande da fabricante brasileira ao mostrar para o mundo que, sim, podemos fazer os melhores ônibus

Numa panorâmica relacionada ao transporte rodoviário e, também, turístico, as principais marcas europeias capricharam em expor produtos bem avançados, com acabamento aprimorado, design externo de vanguarda, diversos tamanhos e com tecnologia embarcada de última geração. Nessa mesma linha de exposição, a brasileira Marcopolo aproveitou-se de um momento propício para mostrar ao primeiro mundo a sua expertise em desenvolver produtos que podem, sem sombras de dúvidas, serem utilizados em rodovias da Europa. O acabamento interno do veículo brasileiro exposto deixou muita gente de queixo caído, em virtude da configuração que eleva os padrões de conforto ao passageiro, muito diferente das carroçarias locais.

Outra particularidade do mercado de ônibus no “Velho Mundo” é a opção por veículos integrais ou como conhecemos, monoblocos, configuração que une, em um só conjunto, o chassi e a carroçaria. Essa versão é utilizada, até hoje, pela maioria dos fabricantes. Contudo, ainda em pequenas mobilizações, esse aspecto está deixando de ser empregado por alguns fabricantes, como Scania e Volvo, que, em suas estratégias comerciais, escolheram o caminho da viabilidade econômica e técnica.

Em tempo. A Busworld 2023 reuniu mais de 500 expositores com um total de 222 veículos em exposição, muitos deles na área externa, vindos de 38 países, com um número de visitantes que ultrapassou os 40 mil.

Nas próximas edições do Informativo AutoBus você poderá acompanhar o melhor da feira internacional.

2 Comentários

  1. E sobre o Marcopolo DD, observemos a posição da escada de acesso ao piso superior. Esta posição da escada é confortável e segura no subir e descer. E a posição do sanitário centralizado traz mais ergonomia e conforto ao passageiro.
    É incompreensível que aqui no BR, ainda esteja sendo permitida a instalação do minúsculo sanitário, extremamente mal posicionado e a posição da escada em caracol.
    Recentemente viajei em um carro de turismo G7DD com um grupo +60 anos. E as criticas sao constantes.
    Viajo no México com os ônibus DD Man e Volvo e a ergonomia é ponto alto no projeto.
    Aqui na terra do faz de conta, o passageiro está esquecido! Talvez eu ainda encontre o engenheiro quando este estiver no grupo +60…

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    • Antonio Ferro

      Bom dia Jairo, pois é, configurações diferentes, que, talvez, o mercado brasileiro não goste…

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