A produção de carroçarias para ônibus no Brasil, em 2023, teve um pequeno acréscimo em relação ao ano anterior. De acordo com a Fabus, entidade representativa das fabricantes nacionais de carroçarias, o total produzido foi de 19.612 unidades, crescimento de 2,4% em relação a 2022, quando foram fabricadas 19.151. Porém, mesmo com o mercado ainda se ressentindo da pandemia e da virada tecnológica dos motores Euro V para Euro VI, o que impactou de forma expressiva nos custos de aquisição de novos ônibus, o pequeno aumento representa alento no segmento fabril.
Ruben Bisi, presidente da Fabus, disse que, apesar do menor crescimento da produção, há muita esperança para este ano em atingir uma porcentagem maior em virtude das futuras aquisições do programa Caminho da Escola e do PAC que poderá impactar nos novos negócios, principalmente para o transporte urbano. “Estamos esperançosos que haverá um crescimento de 20% em 2024, muito em função dos ônibus escolares e urbanos. Temos uma demanda reprimida, principalmente, quanto aos negócios visando o transporte urbano”, explicou.
Do total, o mercado interno absorveu 17.023 carroçarias, crescimento de 9,5% sobre 2022. O transporte urbano teve um aumento, nas aquisições de novos ônibus, de 28,5%, enquanto as operações rodoviárias um acréscimo de 16%. Foram produzidas 10.516 carroçarias urbanas; 5.595 rodoviárias e 3.405 unidades para micro-ônibus.
Dentre as fabricantes, a Marcopolo e suas subsidiadas somaram 8.419 unidades, seguidas pela marca Caio, com 5.788 carroçaras, Mascarello com 2.675, Comil com 1.389 carroçarias, Busscar 714 unidades e Irizar 627 unidades.
Para 2024, Bisi comentou que há pontos positivos e negativos a serem analisados. Em termos de motivação de negócios, o executivo citou o PAC 3, o Caminho da Escola e o subsídio promovido pelas prefeituras quanto ao estímulo e manutenção do transporte coletivo urbano. Já, pelo lado negativo, ele comentou que as guerras em curso na Ucrânia e, também, no Oriente Médio, podem afetar e promover uma inflação sobre os materiais e insumos relacionados com a indústria. “Os custos tendem a subir, o que podem impactar nos negócios futuros. Contudo, temos uma expectativa favorável de crescimento. Dentre os segmentos, o transporte rodoviário poderá se destacar em virtude de diversos fatores que podem ser positivos, como o aumento das viagens e o fato dos altos custos das tarifas aéreas”, observou.
E quanto a mudança de tecnologia dos motores Euro V para Euro VI, acontecida no ano passado? Bisi disse que o impacto do preço nessa transição freou as aquisições de novos ônibus. Porém, apesar de serem mais caros, os propulsores Euro VI são mais econômicos. “A redução do consumo de combustível pode variar entre 3 e 12%, dependendo do modelo e do tipo de operação. Isso é ponto favorável que compensará o preço mais alto de aquisição”.
Sobre tração alternativa para os ônibus em termos de eletrificação, gás natural ou outros biocombustíveis, o presidente da Fabus disse que há muitos fatores que precisam ser avaliados quanto às modalidades limpas. “Os ônibus elétricos a baterias apresentam vantagens no custo operacional e na redução da poluição. Mas, ainda são caros, não representando ser modelos para qualquer cidade. Quanto ao modelo a gás natural ou biometano, seu custo de aquisição e operacional continua mais alto em comparação aos veículos a diesel. Relacionado à biocombustível, o HVO não tem produção local, o que, ainda, deve demorar para isso acontecer aqui. O processo de descarbonização no transporte coletivo levará em consideração o que o mercado demandará, cada qual com decisões mais ajustadas às tecnologias”, ressaltou Bisi.
Referente a mobilidade urbana em grandes cidades brasileiras, o executivo contou que o Ministério das Cidades encomendou, junto ao BNDES, um estudo para implantar sistemas que priorizem, por meio de corredores segregados e vias exclusivas, os serviços de ônibus urbanos, utilizando veículos de maior porte. “É preciso haver melhorias na mobilidade urbana, por meio da priorização dos sistemas de ônibus, com linhas troncais e alimentadoras. O Governo precisa financiar a infraestrutura que dê velocidade ao modal, até porque, não adianta querer tarifa zero ou mesmo eletrificação dos veículos se não houver prioridade para o transporte coletivo”, afirmou Bisi.
Imagens – Divulgação Busscar e Fabus
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