O mercado de ônibus urbanos em duas grandes cidades da América do Sul está bem movimentado. Grandes volumes de veículos estão em processo de aquisição. Bogotá, capital colombiana, realizou recentemente a licitação para a operação e substituição de frotas das Fases 1 e 2 de seu consagrado sistema Transmilenio. Entrarão em serviço 1.400 novos ônibus, 67% de biarticulados e o restante de modelos articulados. Trata-se de uma renovação muito significativa, tanto pelo volume, como pela tecnologia da tração, com ênfase para o uso do gás natural. E a Scania irá fornecer 480 chassis nessa renovação.
Santiago, no Chile, também está se mobilizando para promover a licitação do sistema local de transporte coletivo, o Transantiago, com uma perspectiva de substituição de 3.200 unidades. A cidade já decidiu que só utilizará ônibus com motorização Euro VI, uma alternativa para reduzir as emissões poluentes dos sistemas de transportes. O governo chileno anunciou há poucos dias que há um investimento na renovação da frota local, com a chegada de 490 novos ônibus a diesel e outros 200 movidos a eletricidade.
A revista AutoBus conversou André Rodrigues de Oliveira, gerente de vendas e marketing de ônibus da Scania América Latina, sobre esses assuntos.
Revista AutoBus – O processo que envolve essa licitação determina que 1.400 novos ônibus entrem em operação, sendo 67% da versão biarticulada. Qual a estratégia da Scania visando esse volume?
André Rodrigues de Oliveira – Vale ressaltar que a Scania fez as ofertas para provedores de frota e que o resultado dessa licitação foi anunciado na semana passada.
O foco foi apresentar as soluções com menor custo operacional e que possam atender os objetivos de sustentabilidade da cidade. Bogotá e os operadores apresentaram grande interesse por nossa solução à gás, que consegue unir os ganhos operacionais e emissões extremamente baixas.
AutoBus – Com qual tecnologia de motores ela participou?
André – Nossa oferta foi de motores Euro VI movidos à gás natural.
AutoBus – O gás natural tende a ser um diferencial, tanto em termos ambientais, como no desempenho do veículos e na viabilidade econômica?
André – Sim, pois as emissões são inferiores a Euro 6, beneficiando as cidades ao reduzir material particulado, além de contribuir em até 20% para a redução de emissões de CO2. Em relação ao desempenho, os motores Scania à gás tem performance no mesmo nível dos motores equivalentes à diesel, apresentando excelentes resultados na operação.
Em termos econômicos, a tecnologia à gás da Scania tem se mostrado muito atrativa, já que permite uma boa economia de combustível, o que vem sendo reconhecido pela maioria dos ofertantes desta licitação que optaram pelos produtos da Scania.
Desde 2016 rodam por Bogotá ônibus a gás natural da Scania
AutoBus – Que tipos de componentes estarão presentes na arquitetura dos chassis?
André – Seguindo o sistema modular Scania, nossos chassis são os mesmos da versão diesel, sendo acrescentados compondes relacionados ao sistema de gás, como motor, painel de gás, entre outros componentes relativos a essa tecnologia.
AutoBus – É possível entender que eletromobilidade faça parte de seus planos?
André – Sim, a eletromobilidade é parte de nossos planos. Temos trabalhado no desenvolvimento destes produtos e já temos apresentado neste momento alguns modelos com foco no mercado Europeu. Muitos esforços de desenvolvimento passam pela tecnologia das baterias, já que o foco é relação de capacidade de passageiros e autonomia x peso das baterias.
Nós acreditamos que não precisamos esperar que os veículos elétricos se tornem uma tecnologia madura, já que os combustíveis alternativos podem apresentar excelentes soluções disponíveis para que as cidades possam começar a mudança por um transporte mais sustentável hoje, como Bogotá irá fazer com os nossos ônibus à gás.
AutoBus – Dentre as concorrentes, uma marca revelou que vai oferecer chassis com motores a diesel Euro V equipados com filtros de particulados. É possível que a Scania também possa disponibilizar tal conceito?
André – Considerando a excelente aceitação do nosso produto à gás, que apresenta resultados ambientais muito superiores, com emissões inferiores ao Euro VI, além de 20% de redução de CO2, nosso foco está orientado para a tecnologia do gás natural.
Sobre o Transantiago
AutoBus – O governo local revelou planos para aquisição de quase 700 novos ônibus, sendo 490 movidos a diesel e 200 elétricos. A Scania pretende participar desse negócio? Com que tipos de veículos?
André – Nosso foco será na licitação que está começando nesse momento, com uma perspectiva de aquisição de 3.200 ônibus. A nossa expectativa é que essa nova licitação tenha a maior parte dos ônibus modelos 4×2 de 13 metros e um volume menor de articulados.
AutoBus – Vemos que o gás natural ficou de fora desse processo, que ainda não representa a grande licitação dos serviços para a renovação do sistema. Podemos entender que esse combustível ainda possa fazer parte das frotas futuras?
André – Podemos e esperamos que sim. Acreditamos muito neste produto e há interesse das empresas distribuidoras de gás de motivar a utilização deste combustível no Transantiago.
AutoBus – Santiago dá um exemplo para as grandes cidades latinas no combate à poluição veicular. A montadora acredita que isso possa estimular as metrópoles a adotarem modelos de ônibus mais limpos em seus sistemas de transporte público?
André – Sim, a Scania acredita que esta mudança é inevitável e o exemplo do sistema Transantiago pode fomentar um novo conceito em outras cidades. Com o maior portfólio de combustíveis alternativos, a montadora está preparada para esta nova realidade que é um caminho sem volta para o transporte sustentável.
AutoBus – Os motores Euro VI necessitam de diesel S10. E gás natural de uma grande fonte de abastecimento. O Chile conta com a infraestrutura necessária para isso?
André – A utilização do Diesel S10 não demanda grandes mudanças e investimentos em infraestrutura no que se refere a seu abastecimento. Já no caso do gás, Santiago conta com um boa rede de abastecimento e há interesse das empresas distribuidoras de gás em motivar a utilização deste combustível no sistema.
Imagens – Scania Colômbia e Reprodução
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