Editorial
Passageiros, esperem seus ônibus urbanos no ponto da modernidade, onde estará conectado com a nova realidade do transporte coletivo, alcançando os melhores serviços e a atenção que lhes merecem. Façam uso da tecnologia em seus trajetos e aproveitam da prioridade operacional nas ruas para chegarem rapidamente aos seus destinos. Dentro dos ônibus, os mais modernos, inseridos no contexto da descarbonização, apreciem as viagens comandadas por profissionais valorizados e treinados para oferecerem segurança e comodidade.
Pode parecer utopia a introdução deste editorial num momento tão complicado do modal em uma situação que mostra a sua competitividade se perdendo em meio a tantos concorrentes que dispõem de condições mais atrativas, que não a do aperto e tarifas que pesam nos bolsos daqueles que precisam utilizar de seus serviços.
O ônibus urbano é o principal meio de deslocamento coletivo do Brasil. Veja um dado informado pela recente Pesquisa CNT de Mobilidade da População Brasileira, onde a faixa populacional de baixa renda, haja vista as classes C e D/E, é a que mais se desloca por ônibus (79,2%). O alto percentual ressalta a importância de maior atenção ao acesso da população com menor poder aquisitivo.
Contudo, segundo o levantamento, de 2017 para cá, houve um crescimento significativo da motorização individual, mostrando que a insatisfação do público com os serviços de ônibus. Falta de conforto, da flexibilidade dos serviços, da velocidade nas viagens e o maior preço das tarifas foram os principais aspectos observados na pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte).
Mas, há opções vistas nesse trabalho que dão algum favorecimento ao modal para recuperar o seu público. 63% dos entrevistados serão capazes de retornar a usar o ônibus, desde que haja redução dos valores das tarifas e os serviços possam apresentar rapidez nas viagens. Outros fatores, como viajar sentado e até mesmo a operação de ônibus com trações mais limpas, estão no radar daqueles que se mostram interessados em voltar ao sistema de transporte coletivo.
A mencionada pesquisa, muito bem elaborada, por sinal, pela CNT, destacou ainda que a priorização dada ao ônibus durante suas viagens tem um índice positivo alto, com uma avaliação de 45,1% bom. Este espaço reafirma que ao privilegiar a velocidade aos ônibus é possível encontrar previsibilidade e rapidez nos deslocamentos, algo que todos queremos quando usamos os serviços.
Portanto, as soluções para a sangria vivida pelo setor estão ao alcance dos gestores públicos. Não faz sentido qualquer tipo de tecnologia relacionada ao modal (existem muitas, hoje) que dê ao passageiro um certo favorecimento em suas viagens, se o seu ônibus continua preso no trânsito.
Neste ano, após a realização de mais uma edição de importante feira do segmento, é possível repetir que o Brasil continua na vanguarda de ter uma indústria capaz de disponibilizar o melhor em tecnologia veicular e de gestão operacional para que o transporte coletivo, principalmente o urbano, seja uma referência com o objetivo de recuperar o seu público e modernizar a sua relação com as cidades, instigando um desenvolvimento sustentável.
O poder público é o senhor da causa, pois os serviços e as operações dos ônibus seguem regras determinadas pelas prefeituras. Dessa maneira, os prefeitos são os principais responsáveis para essa transformação de conceitos que elevem o nível de qualificação do ônibus.
A Lat.Bus deste ano (mais de 22 mil visitantes e 150 marcas expositoras), maior feira do modal das Américas, foi o palco para que todo o setor produtivo de ônibus e seus componentes, além da tecnologia de gestão e de serviços, apresentasse o melhor de si. Em paralelo, aconteceu o Seminário Nacional da NTU, com debates e explanações sobre os principais problemas do modal e indicações para se alcançar a qualificação dos sistemas, dentre outros temas, como eletrificação, governança e prioridade. Foi uma rica oportunidade para que os gestores públicos pudessem se inteirar sobre assunto.
O ano de 2024 tem eleições municipais. Está aí uma ótima oportunidade para cobrarmos melhorias. A sociedade precisa estar engajada e a governança compromissada com o transporte.
Imagens – Divulgação/Lat.Bus
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