Há poucos dias, o portal Integridade ESG realizou o webinar “Transição energética e combustíveis sustentáveis: o Brasil como modelo”, destacando que não existe um caminho único para a transição energética brasileira, tampouco uma solução acabada, pois o País tem condições de desenvolver as soluções mais adequadas à sua própria economia de modo a atender os três pilares da agenda ESG: ambiental, governança e o responsabilidade social.
Transmitido via internet, o evento reuniu alguns especialistas do tema transporte, como o gerente de Planejamento e Controle da Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro), Guilherme Wilson, que apontou alguns desafios da transição energética junto ao modal que reúne 180 empresas de ônibus no estado do Rio de Janeiro, representando uma frota de mais de 16 mil veículos. Ele observou que a eletromobilidade é um assunto que precisa de muito cuidado ao ser tratado para a sua aplicação ao transporte público coletivo, sempre levando em consideração uma avaliação para o investimento necessário em infraestrutura. “Isso é muito significativo na parte de infraelétrica, para a gente abastecer uma garagem hoje com 200, 300 ônibus, tem que trazer alta tensão. Então, às vezes, aquela garagem vai consumir mais do que um bairro inteiro da localidade. E essa alta tensão não está disponível”, disse.
O professor da COPPE/UFRJ e presidente do Instituto Brasileiro de Transporte Sustentável (IBTS), Márcio D’Agosto, destacou que o Brasil tem características bem diferentes de outros países do mundo, com muitas alternativas energéticas interessantes, que inclusive podem ser consideradas, também, para reforçar o pilar social. Contudo, segundo ele, não existe uma solução única. “Enquanto pesquisador e acadêmico, digo que os diferentes segmentos de transporte precisam ser olhados de forma diferente”, resumiu.
O acadêmico acredita que é possível eletrificar determinado segmento do transporte rodoviário de carga e de passageiros, usar biocombustível em outros segmentos e inclusive, manter o óleo diesel em outras áreas da mobilidade que são mais difíceis de fazer a transição, esticando seu uso por mais um pouco de tempo, com uma tecnologia cada vez mais aprimorada. “As opções devem ser exploradas da melhor forma, pois existem recursos e capacidades de financiamento diferenciados”, enfatizou o professor.
A opção pelo coletivo é um fator essencial. “Uma viagem urbana em um carro SUV, em termos de consumo de energia, é equivalente a uma viagem de avião. Nós fazemos diariamente, no transporte individual, viagens urbanas aéreas. São mais de mil quilojoules por passageiro/quilômetro. Se você optasse pelo transporte coletivo, reduziria 10 vezes. Ou seja, um ônibus urbano consome um décimo da energia que consome um automóvel individual que normalmente está com uma pessoa só, significa reduzir 10 vezes a emissão de gás de efeito estufa”, explicou D’Agosto.
Imagem – Divulgação
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