Benefícios da telemetria veicular

A telemetria é imprescindível na operação de ônibus urbanos

Por Carlos Monteverde

O lançamento do primeiro satélite de GPS (Sistema de Posicionamento Global, numa tradução livre) foi no ano de 1978. Denominado de Navstar, restrito ao uso do governo norte-americano, com a finalidade de inteligência e defesa militar, teve seu uso liberado para atividades civis apenas em 1986. Desde então, o rastreamento veicular entrou definitivamente na gestão de frotas de veículos comerciais.

Com isso, programas de roteirização, oferecendo eficácia e redução de custos operacionais começaram a pipocar no início da década de 1990. Logo, uma nova demanda surgiu para melhorar a precisão de chegadas ao destino.

Fazia-se necessário saber se tudo ia bem com o veículo. Sensores foram colocados para medir diversas funções, como temperatura do sistema de arrefecimento, pressão do sistema de lubrificação do motor, excesso de velocidade, abertura do compartimento de carga etc. Todos esses sensores eram acessórios, ou seja, não eram originais de fábrica, e muitas vezes imprecisos.

O começo da solução destes problemas veio com a entrada dos propulsores Euro III, que trouxe a maravilha do motor com gerenciamento eletrônico da injeção de combustível, o popularmente dito, motor eletrônico. E, com ele, veio o sistema CAN_BUS – CAN [Controller Area Network] Rede de Área do Controlador e BUS [Binary Unit System] Sistema de Unidade Binária

A partir de então, todos os módulos do veículo foram interligados: ECU do motor, módulo da caixa de transmissão automática, da suspensão eletrônica, do freio ABS, todos eles alimentados por sensores que transmitiam informações aos respectivos módulos, permitindo não só informações de falhas, como informações sobre os comandos relacionados a uma programação padrão de fábrica.

Neste cenário, a telemetria quebrou paradigmas, desde o treinamento de motoristas até a gestão da manutenção, que antes era apenas preventiva ou corretiva, começando a ganhar, em vários segmentos, uma forma preditiva.

Com a entrada da Euro V, em janeiro de 2012, mais variedade e qualidade de dados foi incorporado à telemetria.

Hoje conseguimos com na Telemetria:

 Eventos relacionados a consumo de combustível

  • Aceleração em zonas abaixo e acima da Faixa Verde.
  • Acelerando o Veículo em Marcha Lenta.
  • Arrancada Brusca.
  • Excesso de Velocidade.
  • Registro de Acelerador em área de alto consumo de combustível.
  • Curso do Pedal do Acelerador
  • Função Shutdown para períodos maiores de 3 a 5 min em Marcha Lenta.
  • Registro de Baixa Pressão do Sistema Pneumático [Compressor full time].

O combustível diesel, num ônibus básico, definição da NBR 15.570, ou seja com motor frontal, caixa de transmissão manual, suspensão metálica, piso normal, etc, responde por 28% do custo total, por 56% do custo [custos variáveis mais custo de capital e depreciação do ônibus], por 80% do custo [custos variáveis].

A telemetria traz para um patamar médio, motoristas medíocres e num patamar de excelência, os motoristas médios. Com o preço diesel a 4,60 R$/l [dez 2021] e o ônibus com um percurso médio mensal de 5.500 km, há a possibilidade de economia de ao menos 125 litros de combustível, salvandoe 400 reais por mês, já descontada a mensalidade da telemetria.

Eventos relacionados a consumo de peças de desgaste contínuo

  • Lonas de Freio aumento da Vida útil em 100%
  • Tambor de Freio aumento da Vida útil em 50%
  • Disco e Platô de Embreagem aumento da Vida útil em 100%.
  • Índice de Recapabilidade maior que 2,0.

Aumento da vida útil de outras peças

  • Feixe de Molas Semi Elípticas / Parabólicas
  • Bolsões de Ar
  • Barras Estabilizadoras
  • Pontas de Eixo
  • Turbocompressor [Desligamento abaixo de 30 s após a Parada]

A telemetria ainda traz outros benefícios, como a redução de sinistros, o menor custo de funilaria [para-brisas, faróis, lanternas, chapas, tinta] e menor gasto com seguro de responsabilidade civil.

E coroando esta lista de benefícios, ainda há o heatmap de eventos, mapa que registra a área da operação na qual concentra-se um tipo de evento, escolhido pelo operador, que pode ser da condução ou da manutenção. No filtro define-se o período de análise, o modelo do veículo, a transmissão, etc.

A telemetria é imprescindível na operação de ônibus urbanos, com reajustes na tarifa apenas uma vez ao ano e quase sempre questionados pela justiça, que não reconhece que os custos variáveis de operação são quase todos relacionados ao petróleo, bem diferentes e muito maiores que o custo de vida baseados em alimentação e serviços.

Imagem – Divulgação

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