Ponto de vista
Por José Carlos Bohrer – designer e diretor da Projeform
Começo este artigo de forma incisiva – hoje penso que o chefe de design de uma fabricante de carrocerias para ônibus ou de outra empresa que esteja envolvida com o contexto deveria estar no topo da diretoria, ao lado de seu CEO, tendo a mesma “força” que ele nas decisões a serem tomadas.
Estas ideias eu compartilho com vários autores atuais que falam sobre a importância do design nas empresas. Como no livro de Tom Peters, Reimagine. Por estas e outras razões (o designer na época não era valorizado), eu estava sempre subordinado às engenharias das empresas em que trabalhei. Contudo, mais tarde, quando estava mais consolidado no setor, mudei um pouco isto. Confesso que foi bem difícil derrubar algumas “barreiras” impostas pelas engenharias de períodos passado. Se bem que, na atualidade, isso ainda exista.
Com esta situação, resolvi fazer faculdade de engenharia mecânica, além de estudar e conhecer a arquitetura, mas bem a “contragosto”. Fiquei dois anos nestes estudos, sem conseguir concluir os cursos. Somente os cursos de belas artes e de desenho técnico foram finalizados. Era o que tinha no momento, mas foram muito, muito, proveitosos para mim. Soube aproveitar tudo o que aprendi. Nos projetos que criei, ao longo dos anos, sempre acompanhei a evolução dos automóveis, as tendencias, os acabamentos e, principalmente, o design em geral – moda, arte, arquitetura.
Agora, fazendo uma relação entre os empresários de ônibus e os proprietários de automóveis, penso que, quer queira ou não, a escolha por determinado modelo de automóvel se deu por vários motivos, dentre eles, estéticos e funcionais. Penso que, por essa motivação, os operadores de ônibus também se utilizariam dela para a compra dos seus veículos.
Envolvo, também, a possibilidade de escolha dos passageiros, que veriam nos ônibus as soluções estéticas e funcionais, em harmonia com as tendências automobilísticas que poderiam agradá-los ou não em suas viagens. Claro, isso depende da região ou do país em que circulam.
Se agradou, eles viajarão num determinado tipo de ônibus. Satisfeitos, poderão fazer o seu marketing gratuito para as outras pessoas e usuários e, ainda, aos empresários, imprimindo diversas opiniões a respeito do que viu e sentiu a bordo de um ônibus. As críticas, sejam elas construtivas ou negativas, bem como elogios, estarão a disposição de quem, realmente, está interessado com a opinião alheia. Para a indústria, estar atenta a isso, fazendo pesquisas de mercado com usuários e frotistas, periodicamente, não só de seus produtos, como, também dos concorrentes, é fator primordial sobre o desenvolvimento de seus veículos ou negócios
Eu sempre acreditei que a maioria dos empresários compra os seus ônibus influenciados pelo design, independentemente de algumas opiniões das áreas comerciais que dizem: “Ah, eles compram principalmente pelo preço!”. Ouvi muito esta conversa, mas nunca acreditei nela.
Imagens – Arquivo pessoal
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