O mercado europeu de ônibus rodoviários vive uma nova fase em que a grande preocupação é a descarbonização dos serviços por intermédio de veículos com tração limpa. Hidrogênio e biometano liquefeito estão na ordem do dia em alguns exemplos vindos de fabricantes e operadores. Acompanhe a seguir.
Que a tecnologia da tração elétrica em harmonia com as células a combustível já é uma realidade no segmento de ônibus urbano em países de primeiro mundo é fato, com a consolidação de inúmeros projetos desenvolvidos pelas principais fabricantes do veículo. Entretanto, o modal ônibus rodoviário vem a seguir como forma de encontrar novos modelos de tração limpa, utilizando para isso o hidrogênio como combustível.
Dentre as marcas produtoras de ônibus estradeiros no continente europeu, a espanhola Irizar promete apresentar um novo modelo baseado em sua plataforma i6s, equipado com a mencionada tecnologia. Já a portuguesa Caetano Bus, se uniu à fabricante turca Temsa visando alcançar o caminho na mobilidade limpa com um modelo para o transporte turístico e em serviços de longas distâncias, com características sem precedentes em termos de adequação ao propósito, conforto, autonomia e flexibilidade.
De acordo com a Caetano, ela se destaca como uma verdadeira pioneira no panorama dos ônibus equipados com células a combustível no território europeu, com inúmeras vendas do seu modelo urbano em vários países europeus, como Alemanha, França, Espanha, Dinamarca, Itália e Portugal.
Pelo lado da Temsa, ela é uma referência, especialmente na produção de veículos de longa distância e turismo, tendo fabricado, até este momento, mais de 130.000 unidades, exportando mais de 15.000 para quase 70 países em todo o mundo.
Em linhas gerais, o novo produto terá células a combustível da marca Toyota, sendo abastecidas com hidrogênio a 350 ou 700 bares (Sistema Duplo de H2), oferecendo uma flexibilidade única ao operador para que faça a operação em qualquer estação de abastecimento disponível na rota. A autonomia do futuro modelo poderá alcançar 1.000 km, dependendo da operação e das condições meteorológicas.
A primeira versão do ônibus será lançada em 2024 e contará com dois eixos, baseada na versão elétrica do Temsa HD12. O modelo com três eixos também faz parte dos planos das fabricantes, que ressaltam a importância desse tipo de ônibus com zero emissões para atender às demandas específicas de viagens de longa distância e turismo, com soluções inovadoras que abordam diretamente as necessidades de sustentabilidade ambiental no mercado de transporte coletivo.
Do Brasil, a Marcopolo quer surpreender o mercado em território europeu com um modelo de ônibus desenvolvido a partir da carroçaria do modelo Audace 1050, só que produzida em sua unidade fabril localizada na China. A empresa Sinosynergy fornece a parte central da tecnologia de células a combustível, incluindo as membranas e o acionamento Fuel Cell. Já a Allenbus, é responsável pelo chassi com tração elétrica.
Para André Armaganijan, CEO da Marcopolo, a demanda por veículos sustentáveis e movidos a combustíveis renováveis já é uma realidade nos principais mercados do mundo. “Conduzimos projetos de desenvolvimento de veículos movidos a célula de hidrogênio em diferentes países do mundo, com solução desenvolvida no Brasil, além de modelos produzidos com parceiros asiáticos e na Austrália, além de fornecermos mais de 700 modelos híbridos e elétricos, com chassis de parceiros, que estão em operação em países como Argentina, Austrália, Chile, China, Colômbia, Costa Rica e México”, ressaltou o executivo.
Biometano liquefeito
Pelos lados da operação, a Flixbus, plataforma de desenvolvimento de tecnologia, planejamento de rede, controle de operações, marketing e vendas, gestão da qualidade em serviços rodoviários no transporte de passageiros, anunciou uma parceria com a fabricante de chassis para ônibus Scania no sentido comercial para a cooperação que visa acelerar a transição verde na mobilidade estradeira, com o desenvolvimento de novas soluções limpas em termos ambientais e econômicos.
O primeiro passo dessa iniciativa é colocar em operação 50 novos ônibus (com carroçaria Irizar) equipados com motores que utilizam o biometano liquefeito, bem como o gás natural liquefeito, para serem utilizados nos transportadores parceiros da Flixbus.
De acordo com a start-up, na fase inicial do projeto, os ônibus funcionarão com diferentes misturas de gás, sendo que ao longo da operação há uma meta de aumentar, progressivamente, a participação do biometano liquefeito produzido de resíduos orgânicos. Com isso, a redução de emissões de CO2 esperada está na casa dos 80% em média. “A nossa ambição é estar na linha de frente na transição energética para o transporte sustentável. E esta colaboração com a Flix representa um passo significativo nessa direção. As soluções de biogás são verdadeiramente circulares, sendo viáveis de se implementar, reconhecida como uma solução sustentável que atende aos propósitos climáticos, além de reforçar a responsabilidade social”, disse Johanna Salomonsson Lind, vice-presidente sênior e chefe de Soluções de Transporte de Pessoas na Scania.
Imagens – Divulgação
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