Com uma histórica que começou lá no ano de 1971, quando, então, o Grupo Águia Branca, do Espírito Santo, deu início às suas operações de fretamento, a empresa VIX Logística é reconhecida, hoje, no mercado brasileiro por oferecer soluções logísticas customizadas. Além do fretamento, sua atuação atinge os negócios de mineração, cargas especiais, movimentação portuária e óleo e gás.
A revista AutoBus conversou com André Chieppe, diretor de Finanças e Relações com Investidores, sobre o atua momento da empresa e os seus planos futuros. Acompanhe, a seguir
Revista AutoBus – O primeiro semestre de 2023 da VIX Logística teve um crescimento de 32% em seu faturamento. Trace um panorama geral sobre a atuação da empresa neste momento.
André Chieppe – O negócio da VIX é dividido em quatro segmentos: Logística Dedicada, Logística Automotiva, Gestão e Terceirização da Frota (GTF) e Mobilidade Urbana (por meio do V1). Neste primeiro semestre, tivemos uma evolução em todas as linhas de negócio. Em relação ao ano passado, todas elas tiveram um bom crescimento, na casa de dois dígitos, e, no geral, na ordem de 30%, favorecido pela incorporação da EBEC (locação de veículos 4×4, caminhonetes, SUV´s, vans e automóveis customizados). Apesar de, parcialmente, ter sido efetivada em abril e contribuído três meses do semestre, a incorporação da EBEC foi uma aquisição de um porte expressivo que colaborou para esse crescimento.
Lembrando que o primeiro semestre do ano passado foi mais complicado. Estávamos em um cenário de inflação, saindo da pandemia, influenciados, principalmente, pelo combustível, além do início da Guerra na Ucrânia. Neste ano, entramos em um cenário mais estabilizado, com o nível de preço de combustível mais baixo e a normalização do fornecimento de peças. Além desse crescimento de faturamento, tivemos resultados melhores.
Para o ano, vemos algo similar. Devemos terminar com mais de 20% de crescimento. Este será um ano mais positivo, com margens bem melhores no segundo semestre, mantendo um comportamento bem parecido com o primeiro semestre.
AutoBus – Também gostaria de entender um pouco melhor como funciona a estrutura da empresa e em quais segmentos ela atua. Quando ela foi criada?
Chieppe – A VIX tem 52 anos. Hoje, estamos divididos em Logística Dedicada, que corresponde a quase 50% do faturamento; Logística Automotiva, com cerca de 27% deste indicador; Gestão e Terceirização da Frota, atingindo 20%; e Mobilidade Urbana, com 4% da receita.
Dentro desses quatro segmentos, temos uma subdivisão dentro da Logística Dedicada, organizada por setor econômico. Temos uma Diretoria de Mineração, uma de Óleo e Gás, uma de Siderurgia e uma de Papel e Celulose, basicamente os quatro grandes setores de commodities, que são os principais clientes da empresa. Dentro dessa estrutura, temos clientes menores que enquadramos nas Diretorias de acordo com a região geográfica. 80 a 85% do faturamento da Logística Dedicada vem destes setores e há 15% pulverizados em outras indústrias.
Vale comentar que essa organização das Diretorias por setores econômicos, dentro da Logística Dedicada ocorreu em 2017. Antes, organizávamos por atividade (fretamento, fleet service – aluguel com motorista, por exemplo).
Já a divisão macro em quatro segmentos foi organizada a partir de 2020. Primeiro, porque dois dos segmentos são recentes. Enquanto a Logística Dedicada e Automotiva são atividades que temos há bastante tempo, a Gestão e Terceirização da Frota e a Mobilidade Urbana entraram recentemente no portfólio, em 2018.
É importante lembrar que o GTF surgiu por meio da aquisição da Let’s, e o V1 foi um negócio que iniciou como uma plataforma digital e um serviço de transporte sob demanda. Conforme foi crescendo, fomos para o aluguel de carros, assinatura de veículos para pessoa física e, hoje, ele tem algumas linhas de negócio diferentes.
AutoBus – Quais são os principais projetos em que estão trabalhando para criar uma operação logística inovadora e sustentável?
Chieppe – Nosso trabalho diário é estruturar projetos para o atendimento ao cliente e nosso negócio é atender a demandas personalizadas. O próprio nome “Logística Dedicada” indica como o serviço é totalmente customizado para atender a uma necessidade específica do cliente. No nosso dia a dia, construímos e precificamos projetos nos quais participamos de concorrência junto a todos esses clientes. São 600 a 700 projetos por ano, só na parte de logística, sem contar o GTF. Em todos eles, trabalhamos para atingir o máximo de eficiência e inovação, desde os sistemas de controle a gestão. É um processo contínuo.
Se pensarmos em grandes projetos voltados para a inovação a longo prazo, destacamos o nosso olhar para a automação, uma grande tendência para o futuro, com equipamentos capazes de operar de forma autônoma. Dentro da VIX, temos uma unidade de negócios dedicada para isso, o VIVA, uma spin-off dentro da Logística Dedicada. O grande drive de inovação está aqui, também presente diariamente no V1. Neste, temos uma Diretoria e um produto que surgiram no digital, com mindset de inovação, buscando fazer diferente dos negócios tradicionais.
No V1, temos um contrato com a Vale, no qual disponibilizamos aluguel de carros e criamos um pool digital de utilização compartilhada. A Vale tem mais de 600 carros alugados, mas todos são compartilhados por eles por meio de uma gestão digital, ao invés de cada um ter o seu carro. Isso gera mais eficiência para atender às demandas.
AutoBus – Dentre as áreas de negócio, está o de transporte de chassis de ônibus para as encarroçadoras. Como funciona esse serviço? Podem me dar exemplos de quais são os principais clientes?
Chieppe – Basicamente, temos dois tipos de transportes: do chassi para a encarroçadora, atendendo as montadoras, como Volkswagen, Scania, Volvo, Agrale e Mercedes-Benz, por exemplo; e no deslocamento dos veículos da encarroçadora para o cliente final. Primeiro, ele é transportado da montadora para a encarroçadora, utilizando equipamentos especiais como pranchas. O chassi representa a “esqueleto” em que os sistemas mecânicos do veículo são montados. A segunda etapa é levar o ônibus acabado para o cliente final, sendo que este transporte pode ser realizado também sobre pranchas ou rodando diretamente ao cliente final.
Esse serviço veio para nós por meio de uma aquisição, que foi a Servicarga, de Caxias do Sul (RS). Ele tem como atividade principal todo o transporte de chassis para a Marcopolo e suas subsidiárias. A Servicarga nasceu da cisão das atividades de logística da Marcopolo, que se tornou uma empresa independente. Antes, a Marcopolo fazia isso internamente. Quase toda a receita da Servicarga é proveniente do transporte da Marcopolo, mas a aquisição fez muito sentido para trazer para nossa carteira um cliente muito relevante, a maior encarroçadora do Brasil e fornecedora da VIX e da Viação Águia Branca – ambas empresas do Grupo Águia Branca – na compra de carrocerias. É um serviço semelhante ao que fazemos em Logística Automotiva, focada em veículos 0 Km, caminhões, máquinas, equipamentos, containers, e complementamos agora o portfólio com o transporte de ônibus.
AutoBus – No setor do transporte de passageiros, como é sua operação e em que setores atua?
Chieppe – Temos duas vertentes: uma é o fretamento, que é a atividade original da VIX. Não estamos falando de fretamento avulso, mas do regular. São contratos de longo prazo, de cinco a seis anos. Trata-se de uma frota diária dedicada para fazer o transporte das pessoas para as empresas e de volta para casa ao fim do expediente. Atualmente, isso representa 10% do faturamento da VIX.
Temos a capacidade de atender a qualquer setor. A maior parte do nosso faturamento é com o setor de mineração, uma atividade que demanda uma grande movimentação de pessoas, seguida do setor de papel e celulose. É uma área de negócio que gostamos e temos interesse em expandir, mas não é fácil conquistar novos contratos em mercados já consolidados, porque é um mercado mais regionalizado por demandar uma estrutura local de garagem e manutenção, por isso as empresas já instaladas na região têm uma vantagem competitiva.
A outra vertente é o transporte feito por veículos leves: o V1 (somente em Vitória), em que fazemos o atendimento por chamada por aplicativo, todo operado por nós e não por terceiros. O veículo e o motorista são nossos, contratados e treinados. Além disso, temos o fleet service, que era uma das diretorias em que estávamos estruturados até a mudança de modelo em 2017. Este já foi o maior serviço em termos de faturamento na VIX, chegando a representar 1/3 da receita. Trata-se de aluguel de frota corporativa com serviço de motorista, que, atualmente, representa 5% do nosso faturamento.
AutoBus – Em relação ao futuro, quais são seus planos em termos de negócios?
Chieppe – Nosso objetivo é continuar crescendo em todos os segmentos de atuação, tanto organicamente, quanto por meio de aquisições, quando isso fizer sentido. Acreditamos em nossos negócios e na nossa competência e buscamos o crescimento – temos mantido uma taxa de crescimento de 15% a 20% ao ano.
Não diria que temos uma linha preferida de negócio, embora o DNA histórico da empresa seja a Logística Dedicada. Nos últimos anos, fizemos grandes investimentos no GTF, com a aquisição da Let’s (terceirização de frotas) e da EBEC. É um negócio que demanda muito capital, pois envolve a compra de carros.
Trabalhamos dentro de nossa capacidade para nos tornarmos cada vez mais relevantes e competitivos.
AutoBus – Num passeio pelo site da empresa, nota-se uma corporação grandiosa. Como foi esse crescimento nos últimos anos e como é pautada a gestão da empresa, frente a valores ambientais, sociais e econômicos?
Chieppe – Tudo o que temos em termos de valores e cultura é algo muito presente e profundamente enraizado no Grupo Águia Branca como um todo. Valorizamos o respeito pela sociedade, pela lei e, acima de tudo, pelas pessoas.
Temos experimentado um crescimento significativo nos últimos anos. Em 2017, nosso faturamento era de R$ 1.2 bilhão e, neste ano, ultrapassaremos os R$ 3 bilhões. Este crescimento substancial nos apresenta um desafio importante: como manter a mesma cultura. No entanto, temos conseguido fazer isso por meio das pessoas que lideram nossos negócios. Selecionamos colaboradores com experiência e tempo de casa para implementar essa cultura e transmiti-la às novas contratações que se adaptam ao nosso ambiente.
Outro desafio são as aquisições. Quando adquirimos uma nova empresa, estamos lidando com uma história completamente diferente e com anos de operações sob uma forma específica. Felizmente, até o momento, nossa experiência tem sido positiva. Temos conseguido encontrar pessoas e empresas com valores próximos aos nossos, e em todas as aquisições, conseguimos manter essa sinergia.
Valorizar as pessoas me parece ser um aspecto muito bem observado na VIX. Qual a importância dessa cultura interna para empresa?
Para nós, as pessoas têm um valor imenso. Se olharmos a pesquisa de clima e as interações com todas as pessoas que fazem parte da empresa, vemos um sentimento muito positivo. Existe o gosto pelo que fazem, o orgulho de fazerem parte e o compromisso em darem o seu melhor para contribuição ao sucesso da empresa. Isso é resultado de toda a herança do Grupo Águia Branca que é transmitida ao longo do tempo. Eu sempre percebi isso, mas tive um feedback muito direto este ano, quando lancei um Programa de Estágio na nossa Diretoria Financeira.
Contratamos 12 estagiários de uma vez só e estamos desenvolvendo esse pessoal dentro de um programa estruturado. O retorno tem sido bastante positivo, de que se sentiram muito bem acolhidos e impressionados com nossa cultura, superando todas as expectativas que tinham em relação ao ambiente de trabalho corporativo, se sentindo valorizadas e fortalecendo as relações interpessoais.
Somos uma empresa que busca constantemente o crescimento. Para isso, sempre precisamos de mais pessoas, pois somos uma empresa de prestação de serviços, cuja essência está nas pessoas que constroem e entregam diariamente estes serviços aos clientes. Por isso, é fundamental termos um processo contínuo de formação e cuidado constante.
Imagens – Divulgação
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