Conforto a “lá” Brasil
O primeiro ônibus com suspensão a ar e sistema de climatização do salão de passageiros, o famoso ar-condicionado, apareceu por aqui, em terras brasileiras, na década de 1950, quando fora importado dos Estados Unidos, pela Viação Cometa, para ser usado no trajeto entre as duas principais capitais estaduais. O modelo em questão era o PD 4104, produzido pela General Motors. A novidade agradou quem viajou nesse veículo de São Paulo ao Rio de Janeiro e vice-versa por muitos anos. Afinal, conforto e sofisticação ainda era algo não visto no transporte rodoviário de passageiros.
Contudo, somente, quase 20 anos depois, que essa combinação de comodidade ganhou vida nos produtos aqui fabricados. A suspensão pneumática ou ar, apareceu um pouco antes, no final da década de 1960, quando a montadora Scania a introduziu em seu chassi B110 (equipado com motor turbo alimentado de 285 cv). Esse modelo de ônibus ainda utilizava a motorização dianteira e o componente estava instalado no eixo traseiro. No caso do eixo dianteiro, ele ainda tinha molas metálicas.
Com atributos positivos, a suspensão a ar proporcionou ao passageiro uma viagem mais macia e confortável, permitindo, também, a estabilidade no rodar do veículo, com o menor ruído e vibração interna. Atualmente, sua tecnologia possibilita a regulagem eletrônica de altura, facilitando os embarques e desembarques dos passageiros.
Já o ar-condicionado, foi apresentado no começo do decênio de 1970, pela fabricante Thermo-King (empresa norte-americana fundada em 1938, apresentando o seu sistema para refrigeração de carga em caminhão), quando se instala no Brasil e traz o seu equipamento para colocá-lo em ônibus.
Os equipamentos da marca naquela época eram os modelos D1 e D3 que, em razão aos motores a diesel com baixas potências presentes em alguns chassis, contavam com um sistema auxiliar de motor independente a diesel de quatro cilindros para acionar o compressor do sistema, denominado na época de Power Pack. Ver um ônibus com uma caixa instalada no chapéu traseiro, podia-se, sem dúvida, concluir que o veículo oferecia refrigeração do ar aos seus passageiros.
Dessa maneira, o salão tinha um ambiente mais agradável, mesmo que o calor, lá fora, estivesse escaldante. Outro detalhe e que é interessante observar, foi que o sistema de refrigeração começou a ser usado, primeiramente, em veículos rodoviários, mas que realizavam serviços seletivos do transporte urbano no Rio de Janeiro.
Veja o exemplo das duas fotos que constam neste artigo histórico. Referem-se ao modelo Marcopolo II, sobre o chassi B110 da Scania, ainda no começo dos anos de 1970, um veículo idealizado para linhas regulares de médias e longas distâncias. Internamente, podia receber diversas inovações para aumentar o conforto aos passageiros, como poltronas com maior reclinação e WC. Pouco tempos depois, a própria Scania apresentou ao mercado o seu chassi com motor traseiro, trazendo a suspensão a ar integral. Já a Marcopolo, continuou com o seu processo de evolução de suas carroçarias estradeiras, lançando, alguns anos depois, o modelo Marcopolo III.
Quanto ao ar-condicionado, alguns anos depois de seu surgimento, precisamente em 1976, mais de 200 ônibus Marcopolo circulavam pelo País equipado com o componente, escolha de importantes operadoras regulares e de turismo.
Outros tempos em que o talento das fabricantes brasileiras de ônibus dava uma importante contribuição para a evolução do modal. Se hoje, tal dobradinha de componentes é comum nos veículos nacionais, antes, foi preciso muito trabalho de convencimento para ressaltar a importância dos melhores serviços rodoviários em vista a conquistar os passageiros.
E, no referido período, o estágio de evolução da Marcopolo e da Scania dava mostra sob a nascente tecnologia que confirmou suas posições de consolidação no mercado nacional ao disporem de produtos cada vez mais modernos, trilhados pela inovação e qualidade. A engenharia nacional, mais uma vez, deu provas de capacidade e de que estava acompanhando o avanço do transporte, ao aplicar os conceitos que enfatizavam o design e a mecânica na construção dos ônibus.
Hoje, ambas as marcas são sinônimos mundiais de ônibus, com os mais variados produtos (carroçarias e chassis) desenvolvidos dentro do contexto da melhor operação, rentabilidade e segurança.
Imagens cedidas gentilmente pela Memória Marcopolo
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