Representatividade e Liderança Feminina no Transporte Brasileiro

"Para chegar a essa igualdade, em especial no setor de transportes no Brasil, precisamos implementar políticas sociais, novas diretrizes e investimentos"

A partir desta semana, Luana Fleck, diretora da operadora gaúcha Viação Ouro e Prata, uma das mais tradicionais do segmento brasileiro de transporte rodoviário de passageiros, passa a escrever sua coluna no Informativo AutoBus sobre os mais variados assuntos relacionados com o cotidiano da gestão e governança.

Ela, que é graduada em Administração de Empresas e Mestre em Estratégia Empresarial pela PUC do Rio Grande do Sul, com pós-graduação em Gestão de Empresas de Transporte pela UFRGS, Gestão de Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e Gestão de Empresas Familiares pela HSM, busca mostrar, com sabedoria e de maneira leve e perspicaz, todos os desafios encontrados no dia a dia de uma empresa de ônibus, com seus 83 anos de atuação e que está sob administração da segunda geração da Família Fleck, e do transporte em si, sempre ressaltando o poder do papel feminino em variadas áreas, bem como, questões voltadas à administração familiar.

Além disso, a dinâmica, o conhecimento e a boa comunicação estão associadas ao modelo de interagir de Luana, que sempre traz informações relevantes ao contexto da gestão. Acompanhe, abaixo, o primeiro artigo:

Em um país onde o sexo feminino tem a maioria da população em 25 dos 27 estados brasileiros, a participação das mulheres em cargos de liderança em pequenas, médias e grandes empresas está muito aquém do ideal. Identificamos este comportamento, de forma muito clara, no setor de transportes.  Com cerca de 2,3 milhões de pessoas no setor, o Brasil possui apenas 13,4% representando o sexo feminino, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 2021, e destes 17%, estima-se que menos da metade ocupam cargos de liderança.

Estamos caminhando para as mudanças nesse segmento, até então essencialmente masculino. Hoje, cresce, a cada dia, o Movimento Rota Feminina, movimento que gera conexão entre mulheres profissionais da área de logística e transporte e empresas do setor. O objetivo maior é a igualdade na defesa de um espaço mais inclusivo da figura da mulher contribuindo de forma efetiva com suas percepções.

O modelo de gestão inclusivo, com a diversidade de gênero, possui uma vantagem competitiva adicional no mercado pela capacidade no equilíbrio emocional no comando do ambiente organizacional e visão ampla nas tomadas das decisões. O pluralismo de ferramentas e conhecimentos dos processos envoltos no universo feminino, resulta em um maior alinhamento dos propósitos, trazendo uma visão moderna e mais ampla de gestão nas empresas onde apenas os homens estão na liderança.

Para chegar a essa igualdade, em especial no setor de transportes no Brasil, precisamos implementar políticas sociais, novas diretrizes e investimentos. O percurso deve oferecer ao contingente feminino maiores benefícios à família, entre outros modelos facilitadores. Não podemos esquecer que o mercado de trabalho não se resume apenas a cargos de liderança, é essencial a ampliação e o fomento da presença de mulheres ingressando em vagas de trabalho como, por exemplo, de motoristas de passageiros e de cargas, além de outras áreas afins, como na mecânica. Para acelerar esse crescimento, o projeto Rota Feminina, que conta com mais de 50 voluntários oferecendo serviços gratuitos como mentorias, auxílio para achar o primeiro emprego e outros, atuando em quase todos os estados do brasil. (https://www.rotafemininamove.com.br)

As 18 maiores empresas brasileiras no setor de transportes têm mais de 50 anos e são familiares. Separar as ‘dores’, os conflitos pessoais, profissionais e alinhar isso à ampliação de experiências humanizadas é um grande desafio para o crescimento das empresas. Essas premissas devem estar conectadas, igualmente, ao desenvolvimento de lideranças femininas, pois já é tempo de as empresas avançarem para fazer a mudança estrutural tão necessária e premente.

Imagem – Divulgação

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