Reduzir as emissões poluentes oriundas dos sistemas de transportes motorizados, grandes contribuidores para o malefício à saúde humana, é uma meta pretendida por muitas cidades compromissadas com a sustentabilidade ambiental. Medidas e ações buscam uma transformação de conceitos, visando um modelo limpo de deslocamento (eletromobilidade) ou que ao menos tenha um menor impacto alcançado por alternativas viáveis que ainda se baseiam na motorização de combustão interna.
Veículos comerciais com motores de ciclo a diesel ainda terão uma vida longa pela frente até a predominância da tração elétrica, o que tudo indica, em áreas urbanas de grande concentração populacional. Porém, é possível imaginar que as duas tecnologias possam andar lado a lado no transporte? Por que não? Eletricidade e biocombustíveis podem se combinar, tanto em uma forma híbrida de tração, como em uso individual.
Dentre os combustíveis alternativos, o biometano é uma tendência que pode ganhar força neste momento de busca por soluções mais limpas, podendo abastecer a geração de propulsores de combustão interna usada em ônibus.
O biometano é a purificação do biogás, gerado a partir de dejetos. Leva esse nome devido à alta concentração de metano. No entanto, pelo fato de a matéria-prima ser de origem orgânica e não fóssil, tem mínima emissão de gases poluentes. A capacidade de produção desse biogás, seja de resíduos da agropecuária, juntamente com o lodo das plantas de tratamento de água e esgoto do Brasil, pode suprir a demanda de combustível das frotas de ônibus de todas as cidades brasileiras. O volume poderia chegar a mais de 50 bilhões de metros cúbicos por ano.
O vice-ministro da indústria e tecnologia da Suécia, Nicklas Johansson, comentou que no Brasil, o biogás é produzido atualmente a partir de resíduos do setor agrícola e utilizado na geração de energia elétrica. “Porém, existe um potencial ainda não explorado, que dará acesso a um recurso verde e inesgotável, que permite a produção deste biocombustível em larga escala. O biogás, além de oferecer um combustível limpo, pode ajudar a solucionar vários problemas enfrentados pelas cidades brasileiras”, observou Johansson, que participou do seminário Biogás: Uma Cadeia Sustentável para o Transporte Público, evento realizado na sede da Sabesp, em São Paulo.
O evento fez parte das ações das Semanas de Inovação Suécia-Brasil, organizado pela embaixada sueca. De acordo com a organização do seminário, o objetivo foi discutir o potencial de utilização do biometano como combustível sustentável para o transporte público.
A Suécia direciona a maior parte do biogás que ela produz para o transporte público. Por meio do conhecimento científico e os incentivos do governo, 90% da rede de gás veicular utiliza o biometano. Em terras brasileiras, quem aposta no maior uso desse combustível nos sistemas de transporte é a montadora Scania, que comprova a viabilidade, tanto econômica, como ambiental, de seu ônibus urbano (chassi K 280, 6×2, de 15 metros de comprimento e piso baixo) atualmente em avaliação por muitas cidades. “A Scania vem liderando a transformação para sistemas de transporte mais sustentáveis, em uma visão de longo prazo em que os biocombustíveis, aliados a tecnologia de ponta e eficiência energética, serão os grandes protagonistas dessa mudança que já está acontecendo”, comentou Gustavo Bonini, diretor de relações institucionais e governamentais da Scania Latin America.
Para a diretora-presidente da Sabesp, Karla Bertocco, as parcerias são a melhor forma de tecer novos projetos, mesmo diante da “pesada” agenda do saneamento básico no Brasil, com muitos desafios. “Temos de conseguir enxergar as oportunidades que estão atrás deste desafio. Conquistar e manter foco nos novos negócios é um item do planejamento estratégico da Sabesp, recentemente atualizado”, disse ela.
Imagem – Divulgação
0 comentários