Pelas estradas da evolução

O segmento do transporte rodoviário de passageiros tem se destacado nos últimos anos em virtude da modernidade operacional alcançada por alguns fatores relacionados com a tecnologia veicular e com o modelo de prestação de serviço

O boom do transporte rodoviário de passageiros realizado no Brasil não se deve, apenas, pelos preços das passagens aéreas, que literalmente, estão nas alturas. Claro, isso contribui positivamente para que a procura pelos serviços terrestres tenha aumentado nos últimos tempos. Contudo, o momento (aliás, um novo) do segmento se vale pelo investimento contínuo em frota, tecnologia e pela presença de novos jogadores nessa competição pelo cliente, além de novas determinações legais aplicadas pelo poder público federal, quando no caso das linhas interestaduais e internacionais.

Após a criação e aprovação do Novo Marco Regulatório do TRIP, Resolução ANTT nº 6.033, de 21 de dezembro de 2023, busca-se garantir a segurança jurídica, um mercado equilibrado e mais competitivo entre as empresas e assegurar benefícios e acessos aos consumidores, reconhecendo o carácter essencial do serviço público.

E, para efeitos operacionais, a habilitação da transportadora é condição indispensável para a solicitação do Termo de Autorização (TAR) e, consequentemente, para a prestação do serviço regular de transporte coletivo interestadual de passageiros, consistindo na comprovação pela mesma de sua regularidade jurídica e econômica, dentre outros requisitos dispostos.

Junto ao novo instrumento regularizador, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) criou o Sistema de Habilitação de Transporte de Passageiros (Sishab2) para ser utilizado na habilitação e cadastro das informações relativas à regularidade jurídica e econômica das empresas transportadoras e para o cadastro e ativação dos veículos e motoristas que serão utilizados na operação dos serviços de transporte rodoviário de passageiros.

Segundo informações da autarquia federal, o regramento visa promover a transparência e a responsabilidade no setor de transporte de passageiros, permitindo um acompanhamento detalhado das operações e facilitando a identificação e correção de possíveis irregularidades, contribuindo para a melhoria contínua dos serviços e para a proteção dos direitos dos usuários.

Referente aos outros aspectos da operação, há um panorama bem amplo no sentido da tecnologia, do conceito veicular e dos serviços realizados. O melhor atendimento ao cliente tem sido uma tônica ressaltada por parte das operadoras das linhas regulares visando a satisfação e o conforto. Por outro lado, a atual geração de ônibus rodoviário cumpre com uma contínua evolução no percorrer dos anos com ênfase à comodidade, a segurança e rentabilidade.

E, pela estrada por onde passa essa contínua evolução, o traçado das rotas é formado por uma geração, cada vez mais moderna, de ônibus, com produtos genuinamente brasileiros e que encantam os mais variados nichos de operação.

Dentre os variados tipos de veículos, com múltiplas configurações em design, acabamento, layout do salão de passageiros, tecnologia de segurança e conceitos mecânicos, os ônibus brasileiros não devem em nada aos seus concorrentes estrangeiros, principalmente, do primeiro mundo, sendo capazes, até, de surpreender o mercado externo mais exigente pela sua capacidade construtiva (exemplo disso foi visto na feira Busword de 2023 por meio de um modelo Marcopolo que chamou a atenção de muita gente que esteve no evento europeu).

Nesse mesmo contexto da tecnologia veicular, destacamos a indústria nacional com os seus mais modernos desenvolvimentos em carroçarias e chassis, orientados pelas concepções que proporcionam as melhores viagens, mais seguras e confortáveis. Nessa toada, este artigo destaca a base dos veículos, onde o que não é mostrado tem a sua responsabilidade de movimentar, sobre as rodas, clientes com olhos em uma difusão de cores e traços naturais.

Para que isso aconteça, as operadoras vêm investindo na renovação de suas respectivas frotas com ônibus de última geração, dotados de recursos que ampliam a segurança e o conforto. Por aqui, são três grandes nomes fabricantes de chassis que oferecem ao mercado os seus mais modernos desenvolvimentos e produtos. Mercedes-Benz, Scania e Volvo disponibilizam uma gama de modelos aptos a atender todos os nichos de operação e tipos de operadores, com veículos sofisticados, dotados de muita tecnologia embarcada.

Acompanhe a seguir um panorama sobre o que as principais marcas oferecem para conquistar e cativar seus clientes.

Alemã de nascimento e brasileira de coração, sendo que a marca se apresentou ao País com duas inovações que marcaram o setor do transporte – motor a diesel e veículo com construção integral -, a Mercedes-Benz se destaca no mercado por oferecer produtos adequados à demanda operacional pelo lado da mobilidade estradeira que exija os mais completos ônibus.

Chassi Mercedes-Benz com tecnologia embarcada

Sua linha O500, nas versões RS, RSD e RSDD já sai de fábrica com itens valiosos que favorecem a segurança e o conforto. Dessa maneira, o sistema eletrônico de estabilidade, o retarder e a transmissão automatizada são recursos presentes no portfólio rodoviário da marca. “Nosso pacote de segurança inclui vários sensores e funções que ampliam a nossa meta de reduzir, ao máximo, as ocorrências negativas que podem acontecer na condução de nossos ônibus. Com isso, o sistema de frenagem de emergência (ABA5), o piloto automático adaptativo (ACC), controle inteligente de farol alto (IHC), assistente de ponto cego e sistema de leitura de faixa (LDWS) já são itens de série nas versões do chassi O500 com motorização de 450 cv de potência”, destacou Edson Carlos Brandão, gerente de Marketing do Produto Ônibus da Mercedes-Benz.

Um detalhe é que a fabricante está se antecipando à uma normativa que passa a vigorar em 2025, quando será exigida a presença do sistema de controle de estabilidade do veículo, conhecido como ESP.

A Scania tem em sua gama de chassis para operações em rotas de médias e longas distâncias uma nova geração que contempla motores com sistema de injeção múltipla XPI e transmissão Optcruise lay shaft brake (troca de marchas 45% mais rápidas), evolução do sistema de segurança ADAS e novos sensores (alertas de ponto cego e de pedestres), chassi mais leve e área do motorista redesenhada e aprimorada (painel, volante e pedais). Já em serviços, ela atende seu cliente com planos flexíveis de manutenção (redução no custo de reparos em até 25%), o Control Tower (até 30% de diminuição no tempo de parada) e o Scania Zone (monitoramento mais personalizado da frota e que permite controlar a média de velocidade em trechos críticos).

Gustavo Januário de Almeida, engenheiro de Produto de Oferta de Soluções da Scania Brasil, chamou a atenção para a nova motorização Euro VI da marca, destacando que a atual geração de propulsores não foi uma simples atualização tecnológica, mas algo totalmente novo para os ônibus, junto com um novo conceito em chassi. “Diferentemente dos concorrentes, apresentamos uma nova linha de motores, já consolidada em caminhões, e que promove uma maior economia de combustível, sendo mais robusto e rentável”, observou.

Conforto e segurança são aspectos fundamentais nos chassis Scania

No item economia de combustível, o engenheiro ressaltou que o motor com sistema XPI, que possibilita melhor eficiência da combustão com pontos múltiplos de injeção, independentemente da rotação do motor, pode alcançar uma redução de até 11% no consumo, aliado ao Acelerador Inteligente, ou Controle de Aceleração, sistema que funciona ligado a uma análise do peso do veículo, da posição do pedal de aceleração e deslocamento do modelo, para evitar acelerações bruscas e desperdício de combustível. “Além disso, a Scania dispõe em sua transmissão Optcruise do lay shaft brake, com trocas de marchas mais suave e rápidas, contribuindo para a economia de combustível. Esse recurso é um freio pneumático que faz as trocas muito mais rápidas”, comentou Gustavo.

Com a introdução de um novo painel para os motoristas nos chassis 2025, está trazendo uma nova arquitetura eletrônica, fato que permitirá a incorporação de sensores de assistência à condução o que traz como principais melhorias um alerta de colisão com usuário lateral, AEB com detecção de pedestre e sensor de pressão dos pneus (TPM), este disponível também para os modelos de tração 8×2, a condução só irá melhorar. “Estamos otimizando a operação para aumentar a segurança. Outras novidades importantes, também, são a inclusão de um alerta de colisão com usuário frontal e uma câmera traseira com alerta de riscos durante o engate da marcha à ré”, afirmou o engenheiro.

Outra sueca, a Volvo, como expertise em oferecer ao mercado os melhores produtos idealizados com a mais alta tecnologia, tendo uma linha de chassis que se destaca pela promoção da segurança e o conforto, num segmento competitivo. Gilcarlo Prosdócimo, gerente de Engenharia de Vendas da Volvo do Brasil, lembrou que modelos da marca se destacam por ser os mais leves do mercado, com vantagens no acabamento final do ônibus. “Os nossos chassis são entre 300 e 400 quilos mais leves que os produtos da concorrência. Isso se traduz em grandes vantagens para o operador, que conta com um ônibus com maior capacidade de carga”, observou.

Quanto a tecnologia embarcada, o engenheiro enfatizou que a linha 2025 traz muitas inovações que objetivam alcançar e meta do programa Acidente Zero promovido pela fabricante junto ao transporte. “Evoluímos alguns sistemas que são para aumentar a segurança, como o Sistema de Segurança Ativa (SSA), consagrado para evitar acidentes e temos outras novidades num pacote de tecnologias que fornece e gerencia informações vitais sobre o trânsito e o entorno do ônibus para evitar colisões”, disse Prosdócimo.

A Volvo não deixa por menos e investe, constantemente, na atualização de seus produtos rodoviários

O engenheiro afirmou que o mercado vem aceitando os chassis da Volvo, apenas, com o VEB, freio motor com 510 cv de potência total, o mais potente do mercado, segundo informou Prosdócimo, para determinadas aplicações, sem a necessidade do Retarder presente na estrutura. “A confiança é tanta que a maioria dos clientes optam por nosso sistema de freio, que tinha 390 cv e agora aumentamos para 510 cv, fato que proporciona uma frenagem eficiente e segura, sem ter o Retarder”, comentou.

Dentre os operadores clientes da Volvo, o segmento de linhas rodoviárias regulares e o de transporte turístico investem na tecnologia embarcada para promover serviços mais seguros. “Destaco que o setor de turismo aposta muito na incorporação da tecnologia para evitar acidentes. Posso afirmar que 100% de nossos clientes do turismo investem na segurança. Por outro lado, as grandes transportadoras, também, se atentam para esse fato, sempre visando a operação segura”, explicou Prosdócimo.

Além das inovações e aprimoramento tecnológico, outros itens, como a Transmissão Overdrive, caixa I-Shift de 7ª geração com uma nova opção – Overdrive -, proporciona, em determinadas aplicações, essa marcha mais longa pode reduzir o consumo de combustível em até 5%; a presença do novo Retarder, opcional que eleva a capacidade de frenagem total para até 900 cv, vem para garantir ainda mais segurança; o sensor crepuscular, que comanda o acendimento dos faróis automaticamente em condições de baixa luminosidade; e o sensor de chuva, recurso que aciona os limpadores de para-brisa de forma automática, dão o tom de modernidade nos chassis.

Outros detalhes falados pelo Gilcarlo mostram que os modelos Volvo se diferenciam dentre seus concorrentes, como suspensão pneumática eletrônica, freios a disco, desde 2007, e o cabeçote único desde 2003, com benefícios que vão desde o menor desgaste do bloco, da lubrificação e arrefecimento do mesmo e menor ruído promovido. “Oferecemos ao mercado o mesmo produto que disponibilizamos nos mercados de primeiro mundo. A Volvo é reconhecida por ter modelos premium, com alta tecnologia e segurança, além da qualidade e pelo reduzido consumo de combustível, um DNA da empresa que acompanha sua história. O mercado tem entendido isso, sendo que muitos operadores têm buscado nossos conceitos”, salientou.

Imagens – Divulgação e Ronaldo dos Santos

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Ônibus movido a biometano, por Juliana Sá, Relações Corporativas e Sustentabilidade na Scania

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