O papel do ônibus não é ser o vilão ambiental

Em recente estudo divulgado pela entidade que representa as empresas de ônibus urbanos do Brasil, o modal tem impacto negativo mínimo em meio as emissões poluentes que causam o efeito estufa

Como muitos pensam e querem, o ônibus não pode ser considerado o vilão na cena em que a poluição se faz presente, oriunda dos sistemas de transporte. Para isso, há dados concretos que comprovam o mínimo impacto causado pelo modal, resultado de um estudo promovido pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) intitulado “Modernização tecnológica da frota do transporte coletivo urbano”, que aborda o processo de renovação da frota de ônibus do transporte coletivo urbano no Brasil e discute os caminhos possíveis para a descarbonização do transporte público.

Neste levantamento, as emissões dos ônibus (urbanos, rodoviários e de fretamento) representam, apenas, 0,8% do total das emissões do País, segundo cálculo baseado em informações do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases (SEEG, 2023), do Observatório do Clima. Hoje, como sabemos, a indústria nacional é capaz de produzir modelos de ônibus com tração limpa para a inserção no processo de descarbonização, seja com motores Euro VI (diesel ou biometano) ou mesmo com propulsores alternativos – elétricos.

O setor que envolve os operadores, também, ressalta os investimentos necessários na mobilidade coletiva para a redução das emissões, a começar pela migração modal, com a transferência de viagens feitas em transporte individual motorizado para o coletivo. Além disso, a infraestrutura operacional é essencial para se alcançar os objetivos ambientais, devendo contemplar a ampliação e melhoria de sistemas BRTs, corredores de ônibus e faixas exclusivas para a maior qualidade e eficiência na prestação do serviço. “O documento reúne importantes ferramentas para que o setor possa usar para se posicionar e melhorar suas ações e estratégias nos próximos anos. Utilizamos dados de mercado, do nosso setor e de nossos próprios estudos para fazer uma análise ampla sobre o segmento, que tem um impacto direto no dia a dia do cidadão. Desta forma, sugerimos uma atuação em conjunto entre os setores público, privado e de toda a sociedade para que o segmento do transporte público urbano possa avançar, ao mesmo tempo, com modernidade e sustentabilidade”, afirmou o diretor-executivo da NTU, Francisco Christovam.

O executivo, ainda, comentou a respeito da entidade ser totalmente a favor da sustentabilidade dos veículos elétricos, mas que deve haver um plano que garanta uma transição gradual da matriz energética, considerando a capacidade do setor e a utilização de outros tipos de combustíveis. “Esses 420 ônibus elétricos citados estão dentro de um universo de 107 mil veículos em todo o País, o que demonstra o tamanho do desafio que teremos pela frente no que diz respeito à eletrificação da frota”.

Segundo a NTU, atualmente, a frota de ônibus urbanos dos principais sistemas de transporte do Brasil é composta, na sua maior parte, por veículos que estão na fase 7 do Proconve, sendo que muitas capitais já utilizam veículos da fase 8, restringindo ainda mais a emissão de gases poluentes, consolidando o modal como uma alternativa de transporte não poluente, ficando bem à frente dos carros e motos.

Imagem – Marcelo Camargo/Agência Brasil

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