Por André Dantas, engenheiro civil com doutorado em transportes
Transporte intermunicipal de passageiros por ônibus é coisa séria no Japão. Em complemento ao transporte por trem, principalmente com serviços mais baratos, mais diretos (não paradores) e às vezes mais frequentes, os ônibus atendem uma grande parcela do território japonês. Segundo o site da Associação Japonesa de Ônibus (NBA https://www.bus.or.jp/) são mais de 5.000 linhas de atendimento.
Uma das características interessantes do sistema é a forma como os terminais de ônibus são estruturados. Diferentemente das rodoviárias brasileiras, que na maioria das vezes concentram todos os serviços em um só terminal, em Tóquio há vários terminais espalhados pela cidade. Quem passa pela área da estação de Tóquio fica impressionado com tudo ao redor, mas muitos não percebem a interessante operação de ônibus intermunicipais. Tanto no lado da estação de trem, como no complexo comercial do outro lado da avenida, há operação de ônibus rodoviários incorporados ao sistema de transporte.
Outro exemplo impressionante é o terminal rodoviário de Shinjuku, Tóquio. Então, o prédio de 5 andares da foto foi construído e abriga hoje, além da área de desembarque (2º andar) junto com a área de táxis, 12 portões de embarque de ônibus intermunicipais (4º andar). Há também um restaurante de luxo no último andar, junto com um local de eventos.
Além da organização, da funcionalidade e da limpeza, pode-se destacar que todos os equipamentos (portão de embarque, área de repouso, banheiros, guichês de venda de passagens, painéis de informação) funcionam de forma muito eficiente. Parece até que é um saguão de aeroporto. Aliás, parece até melhor do que muitos aeroportos que conheço.
Conheço pouco sobre os detalhes, que são tão complicados de obter na internet, mas sei que houve o financiamento do governo central do Japão para que esse terminal fosse construído adjacente à estação de Shinjuku. Interessava criar um hub multi-modos, combinado com as estações de metrô e de trem, que já operavam no nível máximo de capacidade.
Antes que se conclua que eu sou a favor da implantação, nos moldes e no padrão japonês, desses terminais, quero explicar que a intenção aqui é apenas compartilhar a perspectiva de um visitante. No Brasil, há muitos outros fatores que viabilizam ou não a concepção e desenvolvimento de terminais rodoviários. Então, conclui-se que cada caso necessita da análise específica.
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Imagens – André Dantas
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