Por Mario Albuquerque, administrador de Empresas e economista com pós-graduação em Engenharia Econômica e Mestrado em Transporte
Hoje, decidi compartilhar alguns comentários sobre um tema que sempre merece atenção especial: os Pneus.
Eles representam o terceiro maior custo de uma empresa de transporte de passageiros e, mais do que isso, estão diretamente ligados à segurança do veículo e dos passageiros.
Não farei aqui comentários técnicos aprofundados, mas trarei a experiência de 42 anos dedicados ao transporte, ressaltando cuidados essenciais para aumentar a vida útil dos pneus e evitar desgastes desnecessários.
PNEUS – CALIBRAGEM
– Respeitar sempre a pressão indicada pelo fabricante — nem mais, nem menos.
– Pneus murchos aumentam o consumo de combustível, desgastam os sulcos, podem aquaplanar e perdem eficiência na frenagem.
– Pneus excessivamente cheios desgastam mais rápido a banda de rodagem.
– Antes da primeira viagem, ainda com os pneus frios, deve-se “bater pneu” com um martelinho de madeira. Esse hábito, quando incorporado pelo motorista, ajuda a identificar irregularidades e evita desgastes prematuros.
ALINHAMENTO DE DIREÇÃO
– Pneus desalinhados comprometem a dirigibilidade e destroem a banda de rodagem em pouco tempo.
– Após qualquer movimentação de pneus (troca, rodízio, recapagem), é indispensável fazer alinhamento e balanceamento.
RODAS E SUSPENSÃO
– Rodas empenadas ou sem equilíbrio comprometem o desempenho do pneu.
– Revisões preventivas ou corretivas de rolamentos, pontas de eixo, amortecedores, bolsas de ar, barras estabilizadoras ou eixos devem sempre ser acompanhadas de alinhamento e balanceamento.
RODÍZIOS
– Trocar pneus dianteiros de lado (direito/esquerdo) aumenta a quilometragem útil.
– Virar a face do pneu (dentro/fora) também contribui para o desgaste uniforme.
– No final da vida útil, pneus novos podem ser usados na traseira até atingir o TWI (indicador de desgaste).
Atenção: ao trocar apenas um pneu dianteiro, os dois devem estar com medidas semelhantes do TWI. Caso contrário, haverá desgaste irregular. O mesmo vale para os quatro pneus traseiros, que também devem apresentar medidas próximas do TWI.
ACOMPANHAMENTO DO DESGASTE
– O desgaste deve ser verificado pelo TWI (saliências entre os sulcos).
– Para medições técnicas, usa-se o profundímetro.
– Como recurso prático, pode-se usar uma moeda de R$ 1,00: se a parte dourada não aparece, o pneu ainda tem sulco suficiente.
– Outra prática simples é “alisar” com a mão a banda de rodagem para sentir irregularidades no alinhamento.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
– Medidas mais comuns para o transporte de passageiros: 285/70 ou 295/70 – 22.5, dependendo do chassi.
– DOT (Department of Transportation): os quatro últimos dígitos indicam a data de fabricação (exemplo: 0824 = 8ª semana do ano de 2024).
– A compra deve ser feita considerando o custo por km rodado (preço dividido por quilometragem alcançada), e não apenas o valor de aquisição.
– Em algumas empresas, adotamos o hábito de marcar porcas e parafusos com tinta vermelha. Isso permite identificar movimentações não autorizadas, especialmente em veículos que pernoitam fora da garagem, como os de turismo.
CONCLUSÃO
– Com esses cuidados básicos — CALIBRAGEM, ALINHAMENTO, BALANCEAMENTO e RODÍZIOS —, além da verificação constante dos sulcos, conseguimos prolongar a vida útil dos pneus, reduzir custos operacionais e, principalmente, aumentar a segurança nas estradas.
– Cuidar bem dos pneus é cuidar da frota, da empresa e, sobretudo, das vidas que transportamos.
Colaborou neste artigo – Nilson S. Barbosa, controler de pneus.
Imagem – Mário Albuquerque
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