Pelo fortalecimento da agenda climática

A 10ª edição do Fórum CNT de Debates reuniu lideranças públicas, empresariais e especialistas para debater os caminhos da descarbonização do transporte

O setor brasileiro de transportes de passageiros e cargas vive momentos decisivos em todas as suas esferas de atuação. Nisso, aspectos como a falta de motoristas, os custos crescentes, a infraestrutura viária com vários pontos negativos e o processo de descarbonização se fazem presentes cada vez mais no cotidiano das operações, proporcionando uma crescente preocupação em como manter a cadeia da logística sem comprometer os serviços.

Dentre essas questões, o tema da redução da poluição emitida pelo segmento vem movimentando os debates, fomentando o desenvolvimento de tecnologias e combustíveis limpos, suscitando o surgimento de estratégias ambientais em torno de políticas de sustentabilidade e a adoção de medidas de governança inseridas ao assunto.

Durante o 10º Fórum CNT de Debates, iniciativa da Confederação Nacional do Transporte, a descarbonização e a infraestrutura sustentável foram pautadas para que o segmento viva essa nova realidade. No painel Soluções Tecnológicas e Inovação para a Descarbonização, foi abordado as alternativas existentes que podem ajudar o setor a alcançar sua sustentabilidade, como biocombustíveis avançados, diesel verde, eletrificação e hidrogênio, destacando caminhos viáveis para uma mobilidade mais limpa e eficiente.

Dentre os participantes, Francisco Mazon, diretor-presidente da Viação Santa Cruz, de Mogi Mirim, SP, destacou a liderança de um projeto piloto que adota um ônibus rodoviário equipado com o motor a gás natural (que pode, também, ser movido pelo biometano) em uma linha regular entre a capital paulista e a cidade de Campinas, distantes 100 km. “O biometano pode transformar um problema social em uma solução social. Explico. Eu visitei uma usina que transforma o lixo em combustível limpo. O biodigestor pode ser alimentado pelos dejetos orgânicos, gerando energia sustentável. Quanto ao ônibus, temos uma parceria com a Scania para uma avaliação de sua performance. Neste momento, ele tem apresentado resultados operacionais equivalentes ao diesel tradicional. Contudo, ainda estamos no início das provas. Dentro de mais algum tempo poderemos conhecer melhor os resultados”, ressaltou.

Para o executivo, alguns pontos negativos relacionados com a estrutura e o preço do veículo precisam ser resolvidos. “Ainda temos desafios pela frente, como o custo de aquisição do ônibus, que ainda é 30% maior que um modelo a diesel. A redução do preço depende de uma escala de comercialização. Há, também, a questão de implantação e investimentos na infraestrutura de abastecimento e o sistema de armazenamento do gás no veículo. Essa última dúvida recai sobre como reduzir o peso com a colocação de mais cilindros para aumentar a autonomia e como não comprometer o espaço dos bagageiros. São aspectos que precisam de uma resposta viável”, disse Mazon.

O diretor da Santa Cruz parabenizou a CNT pela iniciativa de promover o Fórum num momento importante e oportuno em relação às questões ambientais.

O presidente da Anfavea, entidade que reúne as fabricantes nacionais de veículos automotores, Igor Calvet, lembrou que o Brasil tem um potencial enorme para a descarbonização, principalmente, do setor do transporte pesado, com novas formas e inovações que buscam alcançar veículos e propulsões limpas e sustentáveis. “O setor automotivo vem fazendo investimentos para que a sustentabilidade esteja presente por meio de tecnologias inovadoras e diferenciadas. Temos condições de viabilizar o uso de combustíveis renováveis e de ter uma frota de veículos comerciais e pesados com uma pegada limpa. Porém, faltam políticas públicas que incentivem a descarbonização e a renovação da frota, algo importante para termos essa redução das emissões poluentes”, observou Calvet.

Imagem – Divulgação

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