As tarifas de ônibus urbanos poderão impactar negativamente o cenário econômico em 2022. É o que a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) vem a público para advertir que a falta de políticas de apoio ao setor, principalmente por parte do governo federal, e a manutenção das atuais regras dos contratos de concessão podem levar a um aumento de pelo menos 50% nos preços das tarifas de ônibus em todo o país a partir de janeiro do ano que vem, quando começam as revisões tarifárias previstas em contrato.
Como se vê, quem poderá pagar o pato, mais uma vez, é o cidadão comum, que necessita de transporte coletivo para se locomover em seu cotidiano.
De acordo com a entidade, as datas-base de reajustes de salários dos motoristas e cobradores ocorrem anualmente entre janeiro e maio e como os salários desses profissionais – que respondem por 48,8% em média, dos custos das empresas – estão pressionados pela inflação descontrolada, que já acumula 10,25% nos últimos 12 meses, o setor prevê forte pressão por reajustes salariais, num momento em que as empresas estão descapitalizadas e sem caixa para fazer frente às suas obrigações.
Assim sendo, a possibilidade de movimentos grevistas e demissões está no radar do setor, resultando em uma situação ainda mais complicada, tanto para empresários quanto por trabalhadores e, principalmente, para os passageiros.
Em nota, a NTU informou que empresas de transporte público não querem mais aumentos da tarifa pública definidos pelo poder público, porque afugentam o passageiro e são contraproducentes. O setor defende soluções estruturais e definitivas que reestabeleçam e assegurem o equilíbrio econômico-financeiro dos sistemas de transporte público, incluindo uma nova política tarifária, que remunere o custo do serviço prestado, independente da tarifa cobrada do passageiro; uma política de preços diferenciados para os insumos do setor; políticas de apoio e fortalecimento do transporte público por parte do governo federal, estados e municípios; e a adoção de um novo marco legal para o transporte público brasileiro, que modernize as regras atuais, garanta uma tarifa barata para o passageiro e um transporte de melhor qualidade em benefício de toda a sociedade.
Para a associação, se mantida a prática de transferir ao passageiro a responsabilidade de custear sozinho o transporte coletivo, adotada na maioria dos contratos em vigor no País, pode haver, no próximo ano, uma alta de R$ 2,00 na tarifa ou mais, com consequências imprevisíveis, e não de R$ 0,20, como a que deflagrou os protestos populares de 2013. Na média nacional, hoje, o valor da tarifa pública (cobrada do passageiro) é de R$ 4,04.
Se hoje, os serviços e os sistemas de transporte coletivo realizados pelo ônibus urbano se encontram em situação caótica e com qualidade bem indesejada, o futuro parece que reserva, se não houver ações concretas para mudar esse quadro negativo, uma condição bem degradada ao setor.
Imagem – Arquivo SPUrbanuss
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