Até quando esperar…

Durante o 35° Seminário Nacional da NTU (2022), novamente foi exposta a trinca que pode levar o segmento do transporte a se despedaçar pela pura falta de interesse e planejamento

Editorial

Antes mesmo da pandemia de Covid-19, que tanto afetou a vida das pessoas e dos negócios, o transporte coletivo urbano já caminhava a passos desconcertantes que confirmavam a necessidade por mudanças e reajustes estruturais quanto a promover mobilidade aos habitantes das cidades. Crise é a palavra que acompanha o setor há bons anos.

O tempo foi severo com quem não seguiu e entendeu a evolução e as mudanças nos modelos de deslocamentos das pessoas. Não se olha mais para um único modal como agente transportador, nos dias de hoje. Ônibus ainda é o protagonista no transporte coletivo, mas deixou de reinar absoluto, ganhando companhia em sua operação nos últimos anos de novos modelos de mobilidade, como o transporte por aplicativo, e de outros velhos conhecidos concorrentes como o automóvel, as motos, as bicicletas e a caminhada.

É fato que a pandemia serviu para escancarar aquilo que já vinha mal das pernas ou das rodas. O papel do ônibus sempre foi fundamental no desenvolvimento urbano, contudo, pela falta de uma visão que provocasse seu avanço, se perdeu no tempo. O poder público (administrações municipais) não estimulou sua modernização e qualificação, colocando-o de lado em suas prioridades governamentais.

Durante o 35° Seminário Nacional da NTU (2022), novamente foi exposta a trinca que pode levar o segmento a se despedaçar pela pura falta de interesse e planejamento, fatores que devem ser associados para o bem do transporte. Os desafios, outra vez destacado, são muitos para a recuperação do setor. Os recursos tecnológicos estão disponíveis para isso, porém, é preciso investimentos financeiros e na capacidade de gestão.

Recuperar a confiança pelo setor tornou-se imperativo. Para isso, a eficiência e a competitividade precisam ter presença garantida na estrutura do transporte. E como alcançar isso? Algumas respostas: prioridade operacional, planejamento, informação e comunicação, novos modelos de financiamentos, incentivo aos apelos tecnológicos, olhar e entender o que a demanda de clientes/público quer e a promoção de transformações do conceito que atualmente é utilizado.

Os debates ocorridos no Seminário foram importantíssimos para se buscar o resgate da imagem extraviada do segmento. As ideias e as propostas são fundamentais e bem-vindas, contudo, sem a aplicação e a concretização delas, por parte das gestões públicas e da união de esforços entre operadores, sociedade e formadores de opinião, novamente as palavras se perdem ao vento e o que está ruim, ficará pior.

Agora, chega de crise e lamentação e vamos para as coisas boas. A feira Lat.Bus 2022, evento paralelo ao Seminário da NTU, retomou uma confiança não vista nos últimos três anos em função da pandemia. O setor produtivo de ônibus e componentes voltou com força, ávido por apresentar seus novos desenvolvimentos e criações que objetivam a promoção dos melhores serviços. Grandes novidades estiveram presente na exposição, que ressaltou o potencial produtivo brasileiro, situando-o em um patamar de evolução muito expressivo.

O País não perde para o primeiro mundo quando o tema é produzir ônibus. Claro que devemos entender que nossas peculiaridades são bem diferentes dos países mais avançados, entretanto, sabemos fazer, e bem, o que nos é proposto e solicitado. Conseguimos unir a simplicidade ao moderno, a tradição com o futuro. E é essa visão de mercado que nos faz ter a fé que tudo pode mudar para vivermos novos dias que promoverão a eficiente mobilidade coletiva sobre pneus.

Imagem – Revista AutoBus

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