Numa época em que o maior ônibus urbano tinha 18 metros de comprimento, o surgimento de uma versão maior, sete metros mais longa, causou espanto no cenário nacional do transporte. E quem desenvolveu tal conceito foi a Volvo, numa parceria entre ela e a cidade de Curitiba, no fim dos anos 80, para atender a alta demanda de seu sistema de corredores exclusivos, referência mundial em mobilidade coletiva sobre pneus.
O primeiro veículo possuía 25 metros de comprimento (encarroçado) e foi o primeiro a ser fabricado fora da Europa. No decorrer dos anos, novas versões foram apresentadas pela montadora, com 27, 28 e até 30 metros de comprimento, idealizadas para uma operação eficaz pelos corredores exclusivos de BRT (Trânsito Rápido de Ônibus). O Brasil e a Colômbia são os países que mais usam o modelo em sistemas de transporte coletivo urbano.
Recentemente, um veículo desse tipo foi restaurado seguindo as suas características originais, incluindo a cor externa prata igual como iniciou operação nas canaletas exclusivas do sistema de transporte de Curitiba em 1992. Ele fora fabricado pela extinta marca Ciferal e é o único remanescente de um lote de 33 veículos da Auto Viação Nossa Senhora do Carmo que foram entregues pelo então prefeito, Jaime Lerner, naquele ano para a inédita operação pelas ruas da capital paranaense. A estrutura dos corredores de então incorporava os benefícios do embarque em nível, sem degraus, sob a forma das famosas estações tubo, características que haviam sido testadas com louvor nos famosos “ligeirinhos” de 1991.
O trabalho de resgate desse biarticulado foi iniciado alguns anos atrás, quando foi salvo do desmanche e guardado pela operadora para futura recuperação, sendo apresentado na Exponi 10 deste ano.
Considerado o metrô de superfície, o modelo de ônibus biarticulado foi bem significado em tempos passados, porém, hoje, não tem recebido tanta valorização por parte dos poderes públicos quanto aos investimentos em redes racionalizadas de transporte, por meio de sistemas de BRT, identificados com a operação do mencionado veículo. Faltam projetos e os que foram concluídos, não têm apresentado demandas de passageiros suficientemente adequadas para a utilização de veículos de grande porte, como é o caso do veiculo.
Imagens – Ronaldo dos Santos
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