Uma das mais expressivas fabricantes mundiais de ônibus reforça seu compromisso com o conceito da eletromobillidade, visualizando novos negócios, principalmente, na capital paulista.
A gaúcha Marcopolo não dorme no ponto e quer ser um competidor de expressão no mercado brasileiro de ônibus elétricos. Para isso, conta com o seu mais novo produto que traz uma configuração capaz de suprir as necessidades operacionais urbanas.
Trata-se do modelo integral Attivi, criado sob o guarda-chuva de sua engenharia, atenta com os movimentos que embalam o conceito da sustentabilidade ambiental, ressaltado no âmbito das cidades preocupadas em oferecer qualidade de vida aos seus habitantes.
Seu veículo, com o projeto que engloba o chassi e a carroçaria, incorpora inúmeros recursos tecnológicos que favorecem o ideal do transporte limpo. A começar pela propulsão elétrica com um banco de baterias (12 packages) de lítio responsável por permitir uma autonomia de até 250 quilômetros. Para Ricardo Portolan, diretor de Operações Comerciais Mercado Interno e Marketing da Marcopolo, o novo veículo representa um capítulo a mais da história da empresa, por ter um desenvolvimento nacional, que significa uma solução de sustentabilidade para o setor de transportes. “Numa decisão estratégica da Marcopolo, iniciamos o projeto do Attivi há cinco anos, quando, então, a mobilização pela descarbonização do segmento ganhava força. O projeto desse produto se utilizou da expertise da encarroçadora, sendo um modelo adequado com a realidade brasileira, tendo durabilidade, desempenho e alta tecnologia embarcada e, ao mesmo, sendo reconhecido como um veículo de nível global”, comentou.
A encarroçadora salientou que inicia o cronograma de operações das primeiras unidades do Attivi, avançando para a fase de demonstrações em diferentes cidades do País, reforçando a sua alta capacidade produtiva. “Até o final deste ano, teremos 130 unidades disponíveis no mercado. Neste momento, os 10 primeiros veículos percorrerão as principais cidades brasileiras para uma demonstração em forma comercial”, adiantou Portolan. As cidades de Brasília, Curitiba, Manaus, Porto Alegre e São Paulo terão testes com o modelo. Em Angra dos Reis, Goiânia, Salvador e Suzano o veículo já passou por sua avaliação.
Para um atendimento mais rápido às demandas interessadas pelo Attivi, outras 20 unidades estarão disponíveis para entregas imediatas.
Mauricio Gazzi, head de Desenvolvimento e Validação de Carrocerias da Marcopolo, comentou que, o assunto sobre veículos elétrico, assim que começou a ser pautado na empresa, houve uma grande preocupação em promover diversos processos que envolveram toda as etapas técnicas a fim de conceber um modelo personalizado para o mercado brasileiro. “Precisamos reinventar toda a nossa forma de desenvolver produtos. Com isso, a engenharia teve que se debruçar no projeto, levando em consideração a concepção do chassi, do powertrain e da carroçaria, com vistas ao conforto e segurança dos passageiros. Tudo isso para se alcançar um veículo com desempenho nas operações”, disse.
Na etapa da simulação do veículo, foram gastas 7 mil horas, com 70 tipos de análises, buscando-se o melhor resultado em termos de segurança, performance e condução. A fabricante investiu na construção de seis protótipos de testes, sendo três de validação e outros três que serão destruídos, após um severo processo de avaliação. “Levaremos esses três veículos à uma situação extrema de testes para obtermos o melhor produto ao mercado”, observou Gazzi.
Até este momento, foram gastos duas mil horas de testes de performance, oito mil horas de durabilidade e a rodagem ultrapassou os 42 mil quilômetros. São diversos sensores instalados nos veículos resultando em importantes dados que comprovam ou não a eficiência operacional. Com isso, toda a atenção esteve voltada para a verificação das diversas funções, dos muitos componentes e do completo projeto do Attivi. Para se ter uma ideia, somente nos testes do sistema de freio, chegou-se ao resultado de uma frenagem que alcança até 650 graus no disco.
O modelo passou por provas em diversos tipos de pavimentos, para que a engenharia pudesse entender como a carroçaria se comportaria frente os desafios e os perfis diferenciados de rodagem. No campo de testes localizado em Caxias do Sul, RS, a durabilidade do veículo foi ressaltada rigorosamente para que sua estrutura tenha as melhores condições de uso. Ao longo desses testes, foram encontradas 540 oportunidades para o aperfeiçoamento do projeto, visando uma operação otimizada.
Para a Marcopolo, a integração entre chassi e carroçaria foi pensada para proporcionar um maior volume de passageiros transportados, com uma configuração capaz de atender até 80 passageiros. “Pensamos na concepção otimizada do produto, sem perder qualquer espaço interno. Por exemplo, o banco de baterias foi instalado em duas posições, acima da carroçaria e atrás da mesma. Nos atentamos para o fato, tendo um veículo com tamanho otimizado”, lembrou Gazzi. O índice de nacionalização chega a quase 60% no chassi e 98% na carroçaria.
Nesse contexto, a empresa patenteou 10 componentes somente no projeto da carroçaria, dentre eles o módulo de fixação e manutenção das baterias, como também o layout do chassi para melhor aproveitamento do salão de passageiros, redução de peso e durabilidade do mesmo.
Além do veículo integral, a Marcopolo poderá produzir a carroçaria Attivi, como também o seu outro urbano, Torino, para receber os chassis com tração elétrica produzidos por outras montadoras. No que se refere ao mercado e a comercialização, a encarroçadora disse que possui uma solução completa de mobilidade urbana sustentável, com planos de serviços, atendimento pós-vendas e peças de reposição, incluindo sistema de recarga e manutenção das baterias. “Como principal fabricante brasileira de ônibus, reforçamos que estamos prontos para suprir às necessidades de transporte coletivo eletrificado de conglomerados urbanos. O Attivi Integral é uma solução que prioriza o uso de componentes nacionais e que conta com a tradição e confiança de uma marca que está no mercado há mais de 70 anos”, ressaltou Portolan.
Sem dizer números de investimentos ou mesmo do valor de aquisição do produto, a Marcopolo salienta que, apesar do preço ser entre três e quatro vezes maior que a versão a diesel, o ônibus Attivi traz benefícios ambientais e de saúde pública que favorecem o seu investimento. “Além disso, o menor custo de operação e o maior tempo de vida útil (16 anos) são fatores positivos. Claro que o suporte governamental também é um aspecto que deve ser levado em consideração nessa transição energética do transporte”, finalizou Portolan.
Além de Brasil, a Marcopolo também foca o mercado latino-americano, com expectativas bem positivas quanto a negócios futuros.
Imagens – Revista AutoBus e divulgação
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