1950 – 1959, a consolidação do rodoviarismo brasileiro
Dando prosseguimento ao histórico da implantação do sistema brasileiro de rodovias e estradas de rodagem, chegamos à década considerada como transformadora no desenvolvimento do Brasil. Os anos de 1950 marcaram o cenário nacional por diversos aspectos relacionados com a cultura, a economia e o desenvolvimento.
O início do decênio não foi lá tão profícuo para o brasileiro, pois, em 1950, a Seleção de Futebol nacional perdera a chance de ser campeã mundial, em pleno estádio do Maracanã, sendo derrotada pelo Uruguai.
A vida urbana, a mobilidade motorizada e a necessidade pela integração regional foram aspectos determinantes no Brasil daquela época, que passou a viver uma arrancada em seu desenvolvimento por intermédio de políticas públicas que incentivaram a criação de diversos trechos viários em várias direções no País.
Um audacioso plano governamental foi iniciado, conforme já vimos, ainda, na segunda metade da década de 1940, continuado nos anos seguintes, já em 1950, para a implantação de estradas de rodagem. Além disso, houve a inclusão de grandes projetos de eletrificação, comunicação, saneamento e da indústria pesada.
Dentre os principais eixos rodoviários, a construção da rodovia Presidente Dutra, foi, sem dúvidas, a grande obra federal que impactou a economia brasileira ao promover uma nova ligação entre os dois principais polos urbanos, com um novo e moderno traçado, facilitando a comunicação entre São Paulo e Rio de Janeiro e, ao mesmo tempo, promovendo o desenvolvimento nas regiões fincadas entras as duas metrópoles.
O corpo de engenharia do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) usou de seu conhecimento técnico para realizar aquilo que evidenciou a capacidade nacional em tornar realidade um traçado repleto de obras de arte, acessos e curvas, em via pavimentada, diferentemente do que ocorria com outros exemplos de estradas, também de grande importância, mas que ainda eram de terra.
São Paulo era o estado referência naquele começo de década ao ter seu plano inserido em uma política que estimulou a construção de estradas de rodagem em virtude da exploração de seu espaço, da integração entre os municípios e do seu desenvolvimento econômico. A rodovia Anchieta foi o maior exemplo em como promover uma engenharia moderna e ousada. Nela foram usadas técnicas avançadas de construção, com destaque para os grandiosos viadutos que “pairavam” sobre os recortes da Serra do Mar. Com certeza, essa obra serviu de inspiração para outros projetos Brasil a fora.
No Governo Federal, a meta foi proporcionar diversas ligações entre as regiões costeiras (maior presença urbana) e o interior, desbravando por terra os longínquos campos brasileiros. Dessa maneira, outros eixos, como Rio – Bahia (Sudeste/Nordeste), São Paulo – Belo Horizonte, São Paulo – Curitiba e Curitiba – Lages, também se transformaram nas principais obras do decênio. Dessa maneira, antigos traçados, ainda da época do transporte feito por animais, são substituídos por trajetos mais curtos e com conceitos inovadores de construção.
Nisso, milhares de homens e um grande volume de máquinas movimentaram extensas quantidades de terra, produziram toneladas de concreto armado e pavimentaram muitos quilômetros de vias. Aliás, nesse item é preciso dizer que, em muitos exemplos de estradas, o concreto serviu de pavimento, enquanto o asfalto foi adotado, em larga escala, após o descobrimento do petróleo em território brasileiro durante a década de 1950. O resultado disso foram as rodovias com boas condições de tráfego, que atraiam, dia pós dia, uma crescente quantidade de veículos automotores, provocando uma transformação de costumes.
Em paralelo ao plano rodoviário, a industrialização ganha força, pois a produção dos diversos bens de consumo passa a abastecer, cada vez mais, a população brasileira, incentivando o crescimento econômico em diversas regiões pelo País. Também se observa o crescimento do uso dos veículos automotores, que ainda eram importados, mas que passariam a ser produzidos aqui por intermédio de políticas instituídas, no decorrer do período, a favor do incentivo à mobilidade, da unidade nacional e da chegada da indústria fabricante de automóveis, caminhões e ônibus.
Com a eleição de Juscelino Kubitscheck para a presidência do Brasil, em outubro de 1955, novos rumos no desenvolvimento do País são observados. Assim, a infraestrutura passa a contar com um pacote significativo de incentivos à projetos e obras (saneamento, rede elétrica e geração de energia), sendo que as estradas de rodagem receberam especial atenção por parte do novo governo, além de políticas públicas de fomento à industrialização, com ênfase à automobilística.
Dessa maneira, a década se encerra com um especial sabor de evolução, provando que o rodoviarismo havia chegado para ficar e que se transformaria no principal condutor econômico brasileiro.
Imagens – Reprodução da extinta revista Shell
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