Demorou, mas a Scania não poderia ficar de fora de uma disputa comercial que tem tudo para ser bem competitiva. Trata-se do mercado do ônibus urbano com tração elétrica, visto nos últimos anos como o grande chamariz para se alcançar uma mobilidade coletiva limpa. A fabricante, com sua expertise em produzir veículos com muita tecnologia embarcada, tem, agora, a oportunidade de mostrar que sabe fazer o melhor em termos de veículo com emissão zero de poluentes.
Em evento que reuniu a imprensa segmentada, a marca do grifo anunciou outras novidades do mercado de ônibus, como o seu crescimento de vendas no segmento de rodoviários e o uso da tecnologia em seu sistema de propulsão para reduzir o consumo de combustível e, consequentemente, o custo operacional, e, também, para a segurança na operação.
Dar valor ao cliente é o mote da fabricante, disponibilizando uma série de aspectos envolvidos com os produtos e suas finalidades perante os nichos de serviços. O novo gerente de Vendas de Soluções para Mobilidade da Scania Operações Comerciais Brasil, Gustavo Cecchetto, conversou, com exclusividade, com a revista AutoBus sobre seus novos desafios frente ao segmento, que aliás, tem muita importância nos negócios da empresa. “Estou há 12 anos na Scania, sendo que boa parte eu estive na área de concessionário. Agora, com atuação direta na fábrica, tenho a meta de reforçar o desenvolvimento do segmento de ônibus. Acredito que, como maior desafio que tenho, colocar o nome Scania junto ao mercado do transporte urbano é um ponto, destacando as tecnologias adotadas nos motores XPI da marca, bem como na transmissão automática. Estamos entendendo sobre o que o setor está precisando e trabalhando junto aos operadores para que eles optem por nossos veículos”, afirmou.
Quanto aos ônibus rodoviários, a fabricante registrou um volume de 235 chassis nos primeiros cinco meses deste ano, acréscimo de 137% sobre as 100 unidades do mesmo período do ano passado. “O mercado, num todo, de rodoviários com motor traseiro cresceu, em 2024, mais de 50%. A ANFAVEA estimava entre 15 e 20%. Somente a marca Scania, mais que dobramos nossas vendas neste primeiro semestre. Quanto a encerrarmos o ano, temos uma expectativa muito boa, entre 50 e 60% a mais do que vendemos no ano passado”, salientou Cecchetto.
Dentre os grandes negócios, ele sinalizou que a montadora tem uma carteira de clientes bem diversificada, atendendo a serviços de linhas regulares e, também, turísticas. “Fizemos importantes vendas para o Grupo Comporte, com 60 unidades entre K320 e K370, 20 chassis para a Viação Ouro e Prata, que serão utilizados numa operação bem interessante, cruzando o País inteiro, e, ainda, a empresa Reunidas Paulista, de Araçatuba, SP, com oito chassis, sendo quatro K370 e quatro K410”, observou Cecchetto. Ele, ainda, comentou que o segundo semestre promete ser muito aquecido nas compras, pois há boas encomendas tanto de 6×2 quanto de 8×2. “É uma faixa bastante competitiva e o nosso produto tem proporcionado aos clientes alta performance com baixo consumo de diesel unido a um completo pacote de serviços”, adiantou Cecchetto.
Aliás, quanto ao cliente Ouro e Prata, a marca irá disponibilizar o serviço Pro Personal (solução eficiente para a gestão das manutenções) e haverá uma estrutura de oficina, dentro dos padrões determinados pela Scania, na garagem da operadora gaúcha, objetivando garantir a máxima disponibilidade dos veículos e o menor custo de manutenção.
Outros detalhes incorporados na nova geração de chassis estradeiros Euro VI refere-se a harmonia entre o motor XPI, com injeção de alta pressão, a transmissão automatizada Opticruise e a chegada do Acelerador Inteligente, ou controle de aceleração, que funciona ligado a uma análise do peso do veículo, da posição do pedal de aceleração e deslocamento do modelo, para evitar acelerações bruscas e desperdício de combustível. Com isso, a linha 2024/2025 de chassis Scania estará 11% mais econômica.
Quanto a segurança, a fabricante reforça a presença do sistema antitombamento, com controle eletrônico (ESP), pacote de assistência ao motorista (por meio do sistema automático de frenagem, aviso de saída de faixa e o controle de cruzeiro adaptativo, além do aviso de ponto cego e sensor de pedestres. O conforto é outro item observado, com a suspensão eletropneumática, o assistente de partida em rampa e o posto do motorista com uma configuração mais ergonômica.
Na área da tração limpa, a Scania tem no gás natural/biometano os combustíveis alternativos ao diesel visando a redução das emissões poluentes nos centros urbanos. Cecchetto comentou que o investimento da montadora está direcionado para a inserção diversificada da matriz energética do transporte. “Compreendemos que o gás natural ou o biometano têm espaço garantido dentre as opções limpas que podem ser utilizadas nos sistemas de transporte. Para isso, estamos apostando em demonstrar nossa tecnologia que adota um motor capaz de ser movimentado pelos dois combustíveis que citei para comprovar ao mercado todos os benefícios que podem ser alcançados”, disse o gerente da Scania.
Sobre o chassi com tração elétrica, a marca promete causar uma bela impressão com o seu futuro modelo K 230E B4x2LB, o primeiro ônibus elétrico 100% da marca por aqui. Sua autonomia prevista é entre 250 e 300km (já dimensionado numa condição severa-extrema com ar-condicionado ligado e topografia irregular), e opções de quatro ou cinco pacotes de baterias. Ele poderá receber carroçarias entre 12 e 14 metros – capacidade média para 80 passageiros –, na configuração com piso baixo (LE) ou normal.
Marcelo Gallao, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Scania Operações Comerciais Brasil, ressaltou que o início da fabricação será pela versão urbana 4×2 e potência de 230kW. “Será um ciclo normal de aprendizagem de mercado, analisando as demandas dos clientes, como se desenvolverá a infraestrutura para atender aos veículos elétricos no Brasil. Ou seja, é uma jornada que não depende apenas da Scania. O K 230E B4x2LB tem motor elétrico Scania, câmbio Scania (duas marchas) e bateria Scania-Northvolt, importados”, explicou.
Gallao, também, comentou sobre as baterias, de NMC (lítio-níquel-manganês-cobalto), diferentes da maioria das usadas atualmente no mercado que são de LFP (lítio-ferro-fosfato), dispondo de uma maior densidade de carga, o que significa menos peso total do veículo e, consequentemente, mais capacidade para transportar passageiros. “Uma grande vantagem está no fato de que as baterias serão modulares, facilitando a distribuição de carga, com pacotes de 104 kW cada. Daremos a escolha ao cliente de equipar o produto com quatro ou cinco pacotes de baterias. Dessa forma, poderemos configurar as baterias em opções de três pacotes no teto e uma no fundo do ônibus, ou quatro baterias no teto e uma na posição traseira”, disse. O investimento total no chassi será de R$ 60 milhões.
O desenvolvimento desse novo chassi leva em consideração o conhecimento local da tecnologia vinda da Europa, ainda, em 2022, quando a Scania já testava, em sua planta brasileira, um modelo que deu a partida para esse novo conceito. A revista AutoBus conheceu, com exclusividade, o veículo, ressaltando, na época, que a fabricante já destacava os três fatores que moverão o transporte rumo à sociedade inteligente – eficiência energética, transporte inteligente e seguro, e combustíveis renováveis/eletrificação.
Imagens – Revista AutoBus e Divulgação
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