“Vou, agora, torcer para que os avanços continuem e que tudo seja alcançado com dignidade e respeito”

Hoje, tenho convicção que as perspectivas para a mobilidade de Belo Horizonte são ótimas, apesar de serem desafiadoras, como sempre serão

Por André Dantas, engenheiro civil com doutorado em transportes

Quando recebi a ligação do então Vice-Prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, não poderia imaginar, nem nos meus sonhos mais malucos, tudo o que aconteceria trabalhando na Prefeitura de Belo Horizonte. Era março de 2022, e a pandemia COVID-19 ainda estava afetando nossas vidas e a mobilidade de Belo Horizonte estava em situação crítica. Hoje, depois de 2 anos e 10 meses, percebo o quanto foi complexo, prazeroso, frustrante e estimulante tudo que passamos com a liderança do Prefeito Fuad Noman. São sentimentos contraditórios em relação a essa jornada, mas são os que encontro para expressar o desafio de um gestor público, que fui na BHTrans, por apenas 15 dias, e depois na Superintendência de Mobilidade (SUMOB). Acho que é importante contar um pouco sobre essa experiência, porque foram muitos os destaques positivos, mas também houve frustrações e há perspectivas interessantes.

Sem dúvida nenhuma, entendo que o principal destaque foi estruturar a SUMOB, no sentido de formar um time com profissionais altamente qualificados, motivados e com valores diferenciados para pensar diferente as relações com os parceiros da mobilidade. Felizmente, conseguimos selecionar uma equipe fantástica e que entendeu a situação e enfrentou todos os desafios sem esmorecer. Nossa equipe começou com o competente chefe de gabinete da SUMOB, Lucas Colen, e eu dividindo uma sala. Vieram os diretores e, depois de um ano, éramos mais de 200 profissionais ocupando um prédio inteiro.

Junto com a BHTrans, essa equipe foi responsável, entre muitas atividades, por implantar, controlar e fiscalizar o primeiro subsídio dos ônibus (emergencial) de Belo Horizonte, sem um sistema computacional dedicado e sem experiência anterior. Saímos de pouco mais de 15 mil viagens diárias de ônibus (março de 2022) para 21.708 viagens (julho de 2022), de acordo com a Lei Municipal 11.367/22. Depois, demos um salto ainda maior, que foi a Remuneração Complementar (Lei Municipal 11.458/23), que transformou completamente o planejamento, a fiscalização e a remuneração dos serviços de ônibus. Além do acréscimo de viagens, alcançando quase 25 mil por dia, um dos indicadores mais impactantes foi a adição de mais de 1.000 ônibus novos, em um sistema que tem hoje aproximadamente 2.700 veículos. Como dizia Dr. Otávio Cunha, ex-presidente da NTU, transporte de qualidade custa caro, e tudo isso ocorreu em função do aporte da Prefeitura de mais de R$ 1 bilhão, que foi fiscalizado, controlado e amplamente divulgado em relatórios, painéis de controle e toda a burocracia dos processos administrativos que registram o que aconteceu.

Entre as frustrações, lamento muito o desgaste decorrente do desrespeito ao ser humano, principalmente proveniente dos políticos mal-intencionados. Sofremos injustificáveis ataques de diversas formas, porque para se autopromover e desgastar o trabalho sério do Prefeito e de toda equipe da mobilidade valia tudo, inclusive ofender pessoalmente o Superintendente de Mobilidade. Entretanto, todas as vezes que fui convocado a prestar esclarecimentos, compareci por vários canais institucionais, imprensa, sempre disposto a esclarecer com respeito e toda paciência, além de evidências, nossa atuação ética e transparente. Infelizmente, tivemos que ouvir ofensas sem fundamentos. Felizmente, seguimos, eu apoiado por toda equipe e pelos pares da Prefeitura, em nome do nosso compromisso maior pela melhoria da mobilidade.

Hoje, tenho convicção que as perspectivas para a mobilidade de Belo Horizonte são ótimas, apesar de serem desafiadoras, como sempre serão. Há uma base muito forte e comprometida de profissionais que querem continuar na oferta do melhor para a sociedade. Há também o Prefeito Fuad e a dedicada estrutura administrativa da Prefeitura, que entendem mobilidade como uma prioridade. Há projetos fantásticos de implantação de priorização viária e até um BRT na Avenida Amazonas em andamento. E há uma visão de futuro, uma perspectiva de repensar todo o modelo de negócios para dar prioridade aos deslocamentos sustentáveis e avançar no cumprimento da Lei Federal 12.587/12, do Plano Diretor, do Plano de Mobilidade, do Plano Cicloviário e tudo mais.

Vou, agora, torcer para que os avanços continuem e que tudo seja alcançado com dignidade e respeito.

Imagens – Acervo pessoal

1 Comentário

  1. Que a energia da sua torcida seja do tamanho da sua competência ao conduzir a Mobilidade Urbana de Belo Horizonte!

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