Nova percepção sobre Shibuya, Tóquio

Uma panorâmica editorial sobre a mobilidade japonesa em meio ao desenvolvimento urbano

Por André Dantas, engenheiro civil com doutorado em transportes

Volto ao Japão depois de quase cinco anos da última visita. Em fevereiro de 2020, um pouco antes da pandemia, vim com um grupo que estava focado em meios de pagamentos, então não prestei muita atenção nos ônibus, nos trens e tudo mais que se percebe de interessante por aqui.

Uma das cenas que me chama agora, mais atenção, é o sub-centro de Shibuya, Tóquio. Muitas reportagens e relatos de turistas focam na impressionante cena urbana de milhares de pessoas em cinco travessias simultâneas, na parte noroeste da estação de Shibuya. Realmente, passar por essa interseção é uma aventura em qualquer horário do dia. Dizem que é a interseção com a maior movimentação de pessoas no mundo. Há outras três interseções, mas em nenhuma delas se observa o mesmo fluxo de pessoas.

Todavia, o que mais me interessa é o desenvolvimento urbano e a combinação com os modos de transporte nessa região. Historicamente, essa é uma região de muita atividade comercial e que é servida por três meios de transporte: trens, ônibus e metrô. Além de bicicletas compartilhadas, táxis e, recentemente, por transporte por aplicativos.

A grande sacada das empresas de transporte (JR East, Keio, Tokyu e Toei) é desenvolver a área comercial onde operam. Neste caso específico, conforme ilustrado na fotografia do alto do Shibuya Scramble Square, há um processo de edificação de prédios comerciais, que vão se juntar a todo o conjunto existente. É assim que as empresas viabilizam o negócio como um todo. Não é sobre obter a tarifa do passageiro, apesar de ser importante. Essa combinação de desenvolvimento imobiliário/comercial com o transporte é que gera a riqueza de serviços aos clientes.

Visão aérea do pequeno terminal Toei em Shibuya, Tóquio

Em termos operacionais, atuar aqui não é para amadores. No lado nordeste da estação, há um pequeno terminal de ônibus onde cinco linhas têm o ponto final/inicial. São linhas alimentadoras, operadas pela empresa Toei. Essa empresa, que hoje é privada, também opera o metrô de Tóquio. Em função da construção no local, a operação parece bem sufocada pelo trânsito, mas impressiona a tranquilidade que tudo é realizado. A civilidade dos motoristas e dos passageiros, quase todos japoneses, ao contrário do metrô e dos trens onde há muitos estrangeiros, impressiona. Obviamente, o número de veículos e de passageiros não é nem um pouco parecido àqueles que observamos nas grandes cidades brasileiras.

Nas imagens a seguir, registro o típico ônibus da empresa Toei. É um modelo Mitsubishi com 12 metros, padrão japonês equivalente ao Diesel EURO VI. É um low-entry (ou do idioma local No Step Bus), que em conjunto com o tratamento da calçada facilita o embarque da população com idade bastante avançada. Há, também, outro modelo comum que é o com tração híbrida, também com 12 metros, praticamente com o mesmo design e configuração interna, mas com um motor elétrico e outro diesel. Não percebo uma frota sofisticada. Pelo contrário, são ônibus relativamente novos com boa aparência. Ainda não vi nenhum ônibus elétrico ou movido à hidrogênio.

Mitsubishi 12 metros diesel Euro VI

Lateral do Mitsubishi 12 metros non step bus

Embarque de passageiros no non step bus

Mitsubishi 12 metros (com tração híbrida) non step bus

Sigo por aqui observando e relatando alguns fatos interessantes sobre o Japão. Serão quase 50 dias de observação, em paralelo às atividades profissionais. Ganbarimasu, como dizem os japoneses: Eu farei o meu melhor.

Imagens – André Dantas

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