A paixão pelo ônibus e a mobilidade de pessoas

O sonho de criança que se concretizou

Por Eliel Bento, curitibano, atuando há oito anos na profissão de motorista

Já na infância, nos idos dos anos de 1990, as viagens de ônibus em família e nos bairros da capital paranaense, Curitiba, me despertou a curiosidade pelo transporte de passageiros, no qual ficava admirado pelo conjunto da operação, em especial à do motorista de ônibus, em que acabou despertando o sonho e o desejo pela profissão.

Fui motivado por profissionais de grandes companhias em uma época repleta de exclusividades que me cativaram com seus uniformes alinhados e o prazer em conduzir veículos que eram produzidos por uma tradicional empresa, dotados de motores de acústicas incríveis. Acabei alimentando, por anos, estas memórias dos tempos áureos até chegar ao ano de 2009, iniciando a carreira como menor aprendiz em uma tradicional empresa do interior paulista, nos bastidores da importante e histórica ligação entre Paraná e São Paulo pelo eixo via Itararé.

Participei de diversos setores, desempenhando funções entre garagens, rodoviárias, cidades e estradas representando marcas importantes do Transporte Rodoviário de Passageiros, até que em 2017, devidamente habilitado, sai da atividade comercial de passagens para realizar o grande sonho de me tornar motorista.

Na época, sem a desejada oportunidade de formação interna, busquei então por alternativas, trabalhando, inicialmente e de forma liberal, no transporte rodoviário de cargas conduzindo caminhões e seus reboques. Tempos depois, passo a integrar a mobilidade de pessoas no fretamento eventual e transporte escolar. Com o grande desafio de ser conhecido no mercado e garantir a confiança de um trabalho formal, fui abençoado com novas conquistas e experiências em uma empresa de turismo, na época com a responsabilidade de ser condutor do primeiro ônibus leito total da frota, que até então era composta por vans.

Ali foi o principal marco da minha carreira e, também, o momento de somar toda a minha trajetória nas atividades. Atendi diversas agências de viagens turísticas, clubes desportivos e bandas. Conheci roteiros de polos atacadistas da moda e vestuário pelo Sul, Sudeste e Centro-Oeste brasileiros, entre outras viagens eventuais pelo País, além de uma pequena parte do Mercosul operando veículos de diversos portes até o gigante Double Decker, com sua dificuldade de acessar cidades e locais muitas vezes não preparadas para receber veículos de tal porte, e passando a conhecer na prática cada detalhe e a grande responsabilidade de estar comandando um ônibus, muitas vezes com atenção especial em excursões da “melhor idade”, por exemplo.

Entre os ciclos da vida, eis que houve o retorno ao setor de linhas regulares em uma grande frotista mineiro, na capital Belo Horizonte. E então, veio um filme na cabeça oriundo lá da infância, mas desta vez eu não estava na plateia e nem nos bastidores, mas sim à frente do show conduzindo viagens entre Paraná e Minas Gerais em uma frota repleta de exclusividades, como presenciava naqueles tempos de admirador.

E, posteriormente, migrando para o atual emprego em outra companhia familiar, desta vez do Rio Grande do Sul, que, também, tem extensa malha operacional, encarando desafios em estradas de diversas condições, muitas delas sem conservação ou até asfalto. E assim, nos dias atuais, atendo linhas que eu viajava com meus pais na infância e adolescência. Mundo pequeno, não?

Como quem é do ramo sempre diz, nossa atividade exige muito amor e dedicação. Hoje, temos uma oferta muito grande de opções para se viajar e, ao mesmo tempo, linhas que abrangiam localidades interioranas extintas pela falta de passageiros ou opções de transporte, além de rotas enxutas por operação simultânea.

A evolução está muito constante e a exigência do usuário também. Trabalhamos com muito mais aparelhos e recursos de tecnologias na bilhetagem, na avaliação de condução. Temos serviços otimizados de forma mista. Porém sofremos com a escassez destes profissionais apaixonados dispostos a encarar grandes desafios ao conduzir vidas frente ao alto índice de perigos e acidentes cotidianos. Mas sigo aqui, orgulhoso, desta virtude de atender a mobilidade conectando pessoas e destinos sempre buscando evolução e boas novas para o futuro.

Imagem – Acervo pessoal

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