Ônibus japoneses para todos os lados e todos os gostos

Continuando minhas andanças por terras nipônicas, vi muitos ônibus servindo Tóquio, Quioto, Nagoya e Hiroshima. Apesar do papel do serviço alimentador, em todas essas cidades, a importância do ônibus é destacada

Por André Dantas, engenheiro civil com doutorado em transportes

No caso de Tóquio, além dos tipos de veículos mencionados na coluna anterior, um caso especial chama atenção. É o Hachi-ko bus, que é um serviço da comunidade de Shibuya, com pontos de embarque e desembarque especiais. São quatro rotas que utilizam miniônibus especialmente decorados com mascotes e quatro cores diferentes. Trata-se de um veículo piso baixo, motor diesel com capacidade para 20 passageiros. São pouco assentos, pois o serviço é focado na demanda de alta rotatividade. A escolha pelo miniônibus se deve no foco em um mercado restrito e de baixa demanda, que conecta diversos centros comerciais em um regime de tráfego intenso. O serviço custa 100 ienes (algo em torno de R$ 3,79). Outro detalhe é que a operadora desse serviço é a Fujikyu, que é uma empresa privada focada em transporte e turismo, mas que também opera em parques de diversão e tem negócios imobiliários.

Um ônibus muito especial para mim é o de Nagoya, cidade que me acolheu em 1998, quando vim fazer o curso de doutorado. Não tenho certeza, mas suspeito que os ônibus mudaram pouco desde então. São todos veículos de 12 metros e operam áreas não atendidas pelos outros operadores de serviços de transporte na região (Metrô Nagoya, JR Central, Meitetsu ônibus e trem).

Parada de ônibus caracterizada para o Hachi-ko bus

Em Quioto, pude experimentar um carregamento de passageiros digno de grandes cidades brasileiras. Peguei a linha 205, que é tipicamente turística e foi uma quantidade absurda de passageiros subindo e descendo ao longo do trajeto de 30 minutos. Mesmo com todo o movimento, é interessante perceber o motorista agradecendo todos os passageiros que desembarcam e o cuidado e a paciência com os idosos. Outro aspecto interessante registrado é o painel que anuncia visualmente e sonoramente, em japonês, inglês e chinês, todas as paradas ao longo da rota. Certamente, o sistema de ITS é muito bem configurado e tudo funciona com perfeição. Registrei ônibus de fretamento da empresa Teisan Kanko Bus Co, que é uma empresa focada no setor de turismo.

Ônibus de Nagoya

Em uma visita muito especial a Hiroshima, que possui atualmente mais de 1 milhão de habitantes, quero destacar o design interno relacionado à acessibilidade e ao sistema de pagamento da tarifa. Impressionou o tamanho das caixas de rodas e a configuração da rampa de acesso para cadeirantes. A porta abre longitudinalmente, dentro da carroceria, em um sistema bem diferente do que temos no Brasil. Já o sistema de pagamento, combina tanto o mais velho método com fichas destacadas para cada ponto de embarque e o pagamento com o SUICA, via cartão Smartcard e aplicativo no celular.

Ônibus de Quioto

No geral, os veículos impressionam pela simplicidade. Pode-se até dizer que as configurações são limitadas, mas elas servem muito bem ao contexto local. Incomoda muito o espaço do corredor de passageiros, que é muito limitado, mas os passageiros acabam se entendendo dentro da cultura local. Com o fluxo incrível de turistas de todos os cantos do mundo, acho que vão ter que repensar um pouco esse conceito.

No próximo artigo, vou mergulhar no universo interessante do SUICA. Até a próxima e obrigado.

Imagens – André Dantas

Acompanhe abaixo, mais imagens dos veículos

Passageira desembarcando do ônibus em Quioto

Ônibus de fretamento em Quioto

Painel interno de informações

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