Recentemente, a Cia Coordenadas, operadora do transporte coletivo da cidade de Belo Horizonte, utilizou o mais novo modelo de ônibus elétrico desenvolvido pela Mercedes-Benz durante a operação regular com passageiros na Linha 5104 (Suzana / Cruzeiro), demonstrando sua viabilidade em uma operação urbana real.
De acordo com a fabricante, seu modelo de chassi eO500U tem a configuração Padron 4×2 com piso baixo, para carroçarias de até 13,2 metros e, dentre seus diferenciais está a autonomia de 250 km e maior capacidade de transporte de passageiros do segmento. O sistema de recarga de baterias é do tipo plug-in, mesmo utilizado pela Daimler Buses em seus ônibus elétricos, levando até três horas para a recarga completa. Em termos de baterias incorporadas no veículo, é a mais nova geração NMC3, a mesma utilizada nos ônibus da marca, modelo eCitaro na Europa.
A revista AutoBus conversou com Robson José Lessa Carvalho, presidente do Conselho de Administração do SetraBH e diretor-executivo da Coordenadas Transportes, sobre essa avaliação e os seus resultados.
Revista AutoBus – O que levou a empresa a testar o novo chassi com tração elétrica da Mercedes-Benz?
Robson Carvalho – A Cia Coordenadas Transportes está sempre em busca de inovações que possam melhorar a eficiência operacional, reduzir impactos ambientais e oferecer um serviço de maior qualidade aos passageiros. A decisão de testar o novo chassi com tração elétrica da Mercedes-Benz está alinhada com nossa estratégia de sustentabilidade e modernização da frota. Essa avaliação nos permite entender melhor os benefícios e desafios dessa tecnologia em nossa operação.
AutoBus – Quais os resultados e as impressões sobre essa avaliação?
Robson – Os resultados preliminares foram bastante positivos. O chassi elétrico demonstrou um desempenho satisfatório em termos de eficiência energética, redução de ruídos e conforto para os passageiros. A ausência de emissões poluentes durante a operação também reforça o potencial dessa tecnologia para contribuir com a descarbonização do transporte público. No entanto, ainda estamos avaliando aspectos como autonomia, tempo de recarga e adaptação às rotas com maior demanda e topografia irregular.
AutoBus – Onde ele foi testado, região com muita topografia irregular, maior volume de passageiros, por quantos quilômetros diários?
Robson – O veículo foi testado em uma região com características desafiadoras, incluindo áreas de topografia irregular e trechos com alto volume de passageiros. Isso nos permitiu avaliar o desempenho do chassi elétrico em condições reais de operação. O modelo foi submetido a uma média de 190 quilômetros por dia, o que nos forneceu dados relevantes sobre sua capacidade de adaptação às demandas do transporte urbano.
AutoBus – Pretendem adquirir o modelo ou ainda estão avaliando o mercado e querem testar outros veículos de outras marcas?
Robson – A aquisição depende de diversos fatores, especialmente considerando que o sistema de transporte de Belo Horizonte passou a ser subsidiado pelo poder público há pouco tempo. Por isso, decisões relacionadas à prestação de serviço envolvem a participação e aprovação do poder público.
Nosso objetivo, com testes como esse, é avaliar soluções que melhor se adaptem às nossas necessidades operacionais e que ofereçam o melhor custo-benefício, tanto em termos financeiros quanto ambientais, visando sempre o benefício da população.
AutoBus – Para a Coordenadas, a eletrificação dos sistemas de ônibus é a única solução em termos de descarbonização do transporte ou há espaço para outros modelos limpos de propulsão?
Robson – A eletrificação é, sem dúvida, uma das principais soluções para a descarbonização do transporte público, mas não a única. Acreditamos que há espaço para outras tecnologias limpas, como veículos movidos a hidrogênio, biocombustíveis, híbridos e até mesmo ônibus com motores Euro 6, que emitem até 92% menos poluentes em comparação com os modelos anteriores. Essas alternativas também podem contribuir significativamente para a redução das emissões de carbono e são parte de um cenário diversificado de soluções sustentáveis.
A escolha da tecnologia ideal deve considerar fatores como viabilidade operacional, custos, infraestrutura disponível e impacto ambiental. A Cia Coordenadas Transportes está aberta a explorar diferentes alternativas que possam alinhar sustentabilidade, eficiência e benefícios para a população.
Imagens – Divulgação
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